Capítulo 12.

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— Uau, isso foi tipo, muito rápido! Achei que ela não fosse ser tão pontual. — falei, enquanto estava de braços cruzados do lado de fora da sala de parto, ansiosa e tentando espiar pela pequena janela.

— Sim, ela foi bem pontual, diferente da tia-madrinha. — debochou Will, me olhando com um sorriso sarcástico no rosto. Ele tem toda razão, eu esperava ser mais presente, até que fiz o que pude, mas é como Artur disse, são vidas distintas agora, e afinal, estou aqui, não é mesmo?

Era estranho ver como a minha família esperava ansiosa pela chegada de Aurora, o jeito que lotamos o corredor meio estreito da maternidade e a ansiedade em ver o pequeno bebê, Hermione com certeza vai ficar feliz em saber quanta gente já ama a sua pequenina. Todos empolgados até demais, exceto Artur, que não parava de olhar o relógio e bufar quinhentas vezes por minuto, os seu revirado de olhos já estava me deixando incomodada.

— Você pode ir embora e esperar no carro. — retruquei, sua insatisfação era mais que perceptível e eu não quero ele passando essa energia para a bebê.

— Isso está demorando muito, tem certeza que há médicos lá dentro? Não parece. O bebê não desce assim que a bolsa estoura? — perguntou, me olhando e se encostando na parede. — Achei que quando chegássemos ela já estaria com a cara de joelho nos braços.

Cara de joelho, Artur? Sério? — arqueei as sobrancelhas e encarei ele.

— Não é assim que chamam os bebês? Eu sei que eles nascem meio estranhos, mas depois ficam admiráveis. — deixou um sorriso branco escapar enquanto me olhava.

— Vocês estão ouvindo?! — meu irmão perguntou, saltando da cadeira. — É o monstrinho chorando, nasceu!

Eu não sei qual dos dois é o mais sensível e jeitoso com bebês. Meu futuro filho que lute com o pai e com o tio. Me aproximei da janela e Artur me puxou pelo braço me tirando do meio do corredor, fiquei sem entender, mas logo vi uma gestante vindo empurrada numa cadeira de rodas e com uma cara nada legal. O jeito que o mundo parava e nos fazia ficar apenas no parto de Hermione era diferente, esquecíamos que haviam pessoas ali além de nós, outras mulheres esperando os seus bebês, algumas indo para a última consulta pré-natal, a agonia com a vinda de pequenos prematuros e bebês saudáveis transitando para o berçário em berço hospitalar de acrílico. Eu estava em um universo paralelo observando tudo aquilo que daqui uns meses eu poderia estar vivendo, mas o destino não quis assim.

— Ih, não gosto quando você fica assim tão pensativa. — Artur falou, me alertando ao mundo e me fazendo perceber os dois minutos que perdi observando a movimentação do hospital. A sua mão apoiada em meu ombro deixava reluzir a aliança prateada e delicada, que propositalmente combinava muito bem com a minha.

— Só estou percebendo como a vida é feita de ciclos. Uma hora a morte e a tempestade, outrora a vida e o arco-íris. — falei, vi a senhora Hermínia vindo até a porta, fez sinal com a mão e eu apontei para mim mesma perguntando se era a mim que ela fumava, assentiu com a cabeça.

Mal entrei na sala gelada e já tremi, pude ver por uma pequena porta a minha amiga ensangüentada e a equipe médica ao seu redor, passando por um pequeno corredor lá estava a bebê. Ela era tão linda, enorme, seus cabelos pretos era o que mais chamava atenção, ainda estava sujinha e a senhora Hermínia passou um algodão pela sua testa.

— Ela não pode tomar banho agora. Não é linda, Chloe?! — perguntou, com um largo sorriso no rosto e me entregando um pequeno macacão florido. Não sabia o que fazer com a peça de roupa, por onde vestir ou como segurar aquele corpinho mole de um jeito que não machucasse, mas me apressei, já que a avô já havia terminado de limpá-la e colocado a fralda.

Meu Amado VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora