Golden Eyes ☀️ OBX 2

21 | Epílogo

❝ Eu me lembro de todas as coisas que eu pensei que queria ser. Tão desesperada para encontrar uma maneira de sair do meu mundo e, finalmente, respirar. Bem diante dos meus olhos eu vi, meu coração veio à vida. Isto não é fácil, não é pra ser. Toda história tem suas cicatrizes ❞

Remedy - Adele

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Georgina pegou o violão deixado em cima do banco, seguindo com o instrumento para a parte de dentro da casa. Um suspiro escapou de sua boca quando abriu a porta branca, sentindo o cheiro do perfume de Sophia impregnado no quarto o qual era totalmente iluminado pela luz do dia que invadia as janelas abertas.

A mulher caminhou até a cama perfeitamente arrumada, deixando o violão ali em cima antes de sentar. O quarto estava do mesmo jeito que Sophia deixou quando saiu, e ao percorrer o cômodo com seu olhar, Georgina tinha a estranha sensação de que sua filha voltaria a qualquer minuto para organizar os cadernos e livros da escola espalhados na mesa de estudos; para ler o livro, o qual estava marcado por diversos post-its coloridos, deixado sob a mesa de cabeceira; para pegar o casaco jogado no encosto da cadeira ou mesmo para preencher o silêncio da casa tocando uma canção no violão. Não importava, apenas queria ver a sua filha adentrar a porta outra vez.

Georgina fechou os olhos com força, sentindo eles queimarem com a vontade de chorar. O sentimento de culpa havia se apossado de seu peito, e não tinha a pretensão de ir embora tão cedo.

Sabia que não havia sido a melhor mãe, na verdade, estava bem longe disso. Mas só agora, depois de sua filha ter desaparecido, havia se dado conta da tremenda idiotice que havia feito ao deixar a garota se distanciar. Não que tivesse sido uma decisão consciente.

Quando descobriu que estava grávida, tinha apenas dezenove anos e um coração partido, nem ao menos sabia por onde começar a arrumar sua vida. No entanto, quando segurou aquele pequeno ser humano em seus braços, uma vida tão frágil, sentiu seu coração ser inundado por um amor tão grande que pensou ser capaz de fazer seu peito explodir. Foi naquele instante, quando conseguiu segurar tudo de mais importante no mundo em seus braços, que decidiu fazer de tudo por aquela garotinha.

Decidiu começar seu próprio negócio para orgulhar sua filha e para sair das regras do pai, afinal, Georgina queria ser diferente dele para sua filha — queria ser alguém com quem ela pudesse conversar e confiar; queria ter um vínculo com ela. Mas no final, criar um negócio milionário e ser uma mãe presente não eram tarefas fáceis de se conciliarem, ainda mais quando se é apenas uma adolescnte confusa.

Foi assim que Georgina acabou dando mais importância ao trabalho, na ânsia de tentar dar o melhor a sua filha, e acabou deixando sua relação com ela de lado. Enquanto estava ocupada desenhando vestidos e aprendendo sobre negócios, sua filha estava aos poucos achando outro lugar para chamar de lar.

Georgina se tornou como seu pai e odiava aquilo.

Odiava nunca ter dado ouvidos aos conselhos de sua mãe. "Não deixe o tempo passar ", ela falava, " o tempo não volta atrás, e uma hora, já terá perdido sua filha de vista ". Como sempre, ela estava certa.

No entanto, nunca era tarde de mais para mudar, e daquele dia em diante Georgina estava pronta para fazer as coisas diferentes. Estava pronta para encontrar sua filha e, ao menos tentar, encontrar uma forma de remediar todo o estrago que havia feito entre as duas. Mesmo que para isso tivesse de ir até os confins do inferno e enfrentar o próprio advogado do diabo, não desistiria.

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Sentado na cadeira de couro preto de seu escritório, Heitor massageou sua têmpora, bufando ao ouvir as palavras ditas do outro lado da linha telefônica.

— Apenas faça o que eu mandei — a voz do homem era baixa, mas ameaçadora. — Ou sabe que as coisas não vão acabar bem para você.

Heitor desligou, deixando seu celular de lado e focando seu olhar nos papéis sobre sua mesa: um deles era o desenho antigo; o outro, um cartaz de desaparecimento; e o último, uma pequena lista de nomes. Teria trabalho para resolver aquilo, foi o que pensou enquanto tomava um gole de whisky.

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