Um aliado ressurge, com mais problemas... -Lirius, 27 de outubro de 1998.

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Cristine dormia deitada no colo de Liam, ambos na muralha da cidade alta. Era confortável, mesmo no meio daquela matança encontrar um lugar de paz por alguns momentos.

Os outros permaneciam em constante vigília, embora com turnos sendo revezados entre eles, para que os outros descansassem. Jacob estava na taverna, a única da cidade, que ficava na cidade alta. Ele estava se reunindo com seu grupo de soldados, quais foram apelidados carinhosamente por Clint e Liam durante uma vigília: Adamastor, Pablito, Lulu e o Coveiro. Eles não se importaram em decorar os nomes de verdade, afinal os soldados só se reportavam ao Jack e pareciam estar coordenando uma rede de espionagem que daria inveja ao Atlas.

O Adamastor era sorridente, com cabelo de galã de romance que parecia sempre estar penteado, adorava falar, mesmo que ninguém desse a mínima sobre o que ele dizia. Pablito era mais reservado, falava bem pouco e parecia tão rude quanto realmente era. Lulu era um anão, sim anões por algum motivo estão na lista de pagamentos do conturbado governo prusso, mesmo que com seu um metro e trinta de altura ele conseguia se virar muito bem em uma luta com seu machado de guerra. O Coveiro andava todo de preto, carregando uma pá enferrujada sinistra para bater nos ocidentais, parte de seu rosto estava deformado por causa de uma grave queimadura e provavelmente ele foi o único que não havia dito uma palavra desde que havia chego.

–Isso não é brincadeira. –Disse Jack, prestes a começar um discurso. –Não temos recursos, nem efetivo, nem munição, muito menos suporte tático, ou qualquer informação fora dos muros. Mas nós vamos lutar, até o último de nós estar morto, e se os deuses quiserem não morreremos hoje.

A neve já havia derretido nas ruas principais, o que tornava muito menos trabalhoso para se mover entre os lados da cidade, evitando o transtorno que Clint e Liam haviam passado no dia anterior.

Clint ficou no lugar de Trinity para que a atiradora pudesse descansar um pouco, podendo assim finalmente conversar com sua irmã:

–Está feliz que o pai está vivo? –Perguntou encarando o horizonte.

–Sim, nem pude falar com ele. Como estão os efeitos pós-maldição?

–Acredite em mim, ele estava simplesmente fascinado por um anel, então está ótimo de saúde... –Ele colocou os pés sob a muralha.

–Que anel?

–Algo da nossa mãe, sei lá, eu sei que ele saiu voando. –Ele não pretendia explicar mais, ou abrir a boca sobre aquele pássaro da Gália.

–Você não tem curiosidade? De como ela era? De como ela agiria com a gente?

–Honestamente... –Ele suspirou. –Não, não tenho. Já perdemos nossa infância, a juventude foi destruída pelos magiks e provavelmente vamos morrer por causa dessa organização. Não quero complicar mais nossa vida, que já não é a coisa mais simples do mundo. –Detestava ser negativo com Alex, embora as vezes fosse preciso. –Só sei que ela tinha um péssimo gosto para nomes, não é mesmo, Alexandra?

–Cala a boca, seu nome é Clintax! Onde que isso é nome de ser humano? –Ela entrou na brincadeira.

–Pode ser o nome de um deus e você não sabe!

–Não tem argumento para você me provar que esse nome faz algum sentido... –disse em meio a risadas.

Aquela tarde estava calma... calma demais. Todo mundo suspeitava de um novo ataque ocidental, embora discordassem de qual metodologia as legiões usariam. A equipe de Jack não saia com ele, talvez ele não confiasse o suficiente até nos próprios subordinados.

Crônicas Von Graad: O Início Do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora