Sim, eu tenho um amigo imaginário. Às vezes, até me esqueço da palavra "imaginário" e ele se torna tão real que é difícil acreditar que seja apenas uma criação da minha mente. Às vezes, ele é mais real do que eu mesma.Ele surgiu na minha vida quando eu era apenas uma criança inocente, com 11 anos de idade. Eu sofria bullying e era constantemente excluída, então a minha imaginação sempre foi a minha aliada. No dia do meu aniversário, antes de soprar as velas, fiz um desejo para que as outras crianças parassem de me fazer bullying e que eu encontrasse um melhor amigo. Na manhã seguinte, acordei e vi um garoto dormindo na minha cama. Fiquei fascinada com aquela criaturinha humana fofa que dormia tão tranquilamente.
Ele era adorável, com a pele branca como porcelana, bochechas levemente rosadas e praticamente imperceptíveis sardas. Seus cabelos negros como carvão eram lisos, mas tinham algumas ondulações e estavam bagunçados. Sua respiração tranquila e leve mostrava que ele estava em um sono profundo.
Eu me ajoelhei ao lado da cama, observando-o de perto quando, de repente, ele abriu os olhos bruscamente. Nenhum de nós se mexeu, apenas nos encaramos. Seus olhos eram azuis, mas em uma tonalidade incomum, lindos...
Quebrei o silêncio entre nós dois, perguntando:
- Você é real?
Ele respondeu com convicção.
- Claro que sou. Por que não seria?
Sentamos frente a frente na cama, eu não respondi à sua pergunta, apenas levantei a mão e cutuquei sua bochecha.
- Qual é o seu nome?
- Lucas. E o seu?
- Kauane - respondi timidamente.
- Bonito nome - ele elogiou, fazendo-me corar.
Curiosa, perguntei:
- Como você entrou aqui?
Ele pareceu triste e perdido ao responder:
- Eu... eu não me lembro.
Nesse momento, ouvimos passos se aproximando do meu quarto. Eu sabia que era a minha mãe. A porta se abriu e a vi parada ali.
- Bom dia, filha. Hora de se arrumar para a escola - ela disse.
Forcei um sorriso e assenti com a cabeça, mesmo odiando a ideia de ter que ir para a escola. Olhei para onde Lucas deveria estar, mas ele havia desaparecido. Comecei a procurá-lo pelo quarto.
- Filha, o que você está procurando? - minha mãe perguntou.
- O... o... gar... - antes de terminar a frase, ouvi um sussurro em meu ouvido. "Não fale de mim para ela".
Procurei-o com os olhos, mas ele não estava mais lá. Virei-me para a minha mãe e respondi:
- Nada, não.
Saí do quarto e fui tomar meu café da manhã. Depois daquele dia, nunca mais nos separamos e nos tornamos melhores amigos (apesar de que, sinceramente, acho que ele não teve muita escolha nessa amizade).
Incrivelmente, o bullying parou na escola e eu voltei a ser uma criança invisível e comum. Meus dias eram normais, exceto pelo fato de ser constantemente acompanhada por Lucas. Ele ensinou uma lição aos valentões que costumavam me intimidar, mesmo após um mês do bullying ter parado.
Lucas era diferente. Ele podia interagir com objetos, mas atravessava paredes e pessoas. Só eu podia vê-lo e ouvi-lo. Às vezes, até conseguia tocá-lo sem que minha mão o atravessasse. No entanto, no dia seguinte, ele voltava a ser um "fantasma". Nenhum de nós conseguia encontrar uma explicação para isso.
Minha mãe logo percebeu a existência dele, já que eu vivia falando "sozinha" no meu quarto. Ela disse que era normal ter amigos imaginários e pediu para eu parar de falar com Lucas em público (confesso que ela foi chamada algumas vezes para ir até a escola por eu estar falando sozinha). Acabei ganhando o apelido de "louca" pelas outras crianças, então parei de conversar com Lucas quando tinha pessoas por perto.
Minha mãe constantemente me dizia que Lucas era passageiro; no entanto, aqui estou eu, com 16 anos de idade, deitada no peito de Lucas, escutando o seu coração enquanto conversamos sobre coisas aleatórias e rimos juntos.
Eu realmente achei que Lucas era apenas um amigo imaginário meu, mas com o tempo, ele desenvolveu sua própria personalidade. Ele era quase real. Às vezes, eu desejava que ele fosse, pois sentia falta do calor humano que ele não possuía.
Eram 1 da manhã e eu estava deitada ao lado de Lucas, virada de costas para ele, olhando a pequena abertura na minha janela. Mesmo sem vê-lo, conseguia sentir o seu olhar sobre mim. Estava tentando encontrar significado nos meus estranhos sonhos, perdida em pensamentos e teorias, quando de repente sinto uma mão em minha cintura. Lucas me puxa para perto dele e nós nos aconchegamos perfeitamente.
Ele era perfeito em muitos aspectos, fazendo-me questionar se ele foi feito sob medida para mim. Fechei os olhos, respirando fundo e reconhecendo o seu perfume agradável, com um toque doce e amadeirado. Minhas células relaxaram e uma sensação de sonolência me envolveu. Antes de adormecer, sussurrei:
- Boa noite, Lucas.
Senti um movimento ao meu redor e, em resposta ao meu boa noite, Lucas me deu um selinho na bochecha. Depois disso, acabei adormecendo.
A luz do sol invadiu o meu quarto, e eu, tateando a cama, percebi que Lucas havia sumido. Procurei pela peste, para onde ele foi?
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Meu Melhor Amigo Imaginário
Storie d'amore"Mamãe vivia me dizendo que lucas era passageiro.... aqui estou eu com meus 16 anos nas costas deitada no peito de lucas escutando seu coração enquanto conversamos sobre coisas aleatórias...." [ História Concluída] Contém conteúdo +18 História tota...