Introdução: Cheiro de primavera.

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Dedicado a -Cirloty_ Gracias por esta oportunidad🥰
               

Necessita de sentimentos 


Assim haviam descrito seu trabalho. Honestamente ele não ficou feliz com isso. 

"Necessita de sentimentos" ? Uma fotografia era somente uma fotografia no fim das contas, devia ser algo bonito esteticamente, ele não entendia como uma simples fotografia podia expressar algo a mais do que foi capturado pela câmera.

A iluminação, a graduação, a sombra, a compressão dos movimentos em comparação com a imagem a ser capturada. Tudo ele tinha levado em consideração. Seja uma paisagem, um animal, uma pessoa ou simplesmente uma extensão do corpo. Qualquer que seja a imagem, ele se encarregava de mostrar aquele potencial que captura sua beleza e as detinha em um momento. Em uma fotografia. Em uma linda lembrança.

Mas aí estava o erro, ele capturava essas imagens, destacando sua beleza. Mas era só beleza estética, não havia nenhum significado por trás. Não estava o amor metafórico, faltava o encorpamento sentimental. Necessitava dos complicados sentimentos que devia transmitir a arte.

Pois a fotografia é uma arte, ou isso ele tinha ouvido. Não podia simplesmente focar e apertar um botão. Não, tinha que verificar o momento, o melhor momento em que sua lente capturasse a beleza natural do lugar e/ou pessoa. A arte da precisão, talvez seja assim que ela foi definida. A arte da exatidão. 

Não o entendia realmente. Ele gostava de seu trabalho, suas fotografias eram boas, mas não tinham isso que chamava a atenção das pessoas. 

As coisas saem melhor quando você ama fazê-las, talvez seja por isso que o moreno não conseguia seu objetivo. Porque sim, ele gostava do seu trabalho. Mas não o amava, simplesmente era sua fonte de renda.

Nunca havia amado algo o suficiente para selar a sua beleza em um simples click.

Por isso ele se encontrava ali nessa época do ano. Em Okinawa na primavera. Havia escutado de seus colegas a infinidade de opções que fornecia sua profissão. Tinha ouvido da boca de muitos como aquele lugar era inspirador, sobretudo nesta época do ano.

Assim ele estava decidido. Não é que precisamente buscava inspiração, mas bem, buscava lucrar. E a única forma de fazer isso era conseguindo que seu trabalho chamasse atenção.

Osamu Dazai, um aspirante a fotógrafo de somente 22 anos, cujas fotos careciam de beleza, segundo muitos profissionais. Se bem que as imagens eram lindas, gravadas em toda sua glória. Mas careciam desse sentimentalismo típico que caracterizava a profissão.

Okinawa era sua última oportunidade se queria vender alguns de seus trabalhos. Queria se destacar na arte que na realidade não compreendia, mas havia a escolhido para viver.

Estava decidido. Por isso nesse momento se encontrava no ônibus a caminho de seu hotel. Graças ao seu bom amigo Odasaku que tinha uma acomodação, assim como uma larga lista de zonas urbanas e turísticas para ir.

Suspirou olhando pela janela.

Odiava viajar, era irônico para alguém que vivia dessa profissão. Mas na verdade sempre preferiu trabalhar em zonas próximas a sua casa. Não considerava um eremita, mas passava 90% do tempo em seu apartamento que nesse exato momento já estava sentindo falta.

– Fotografia? – Perguntou uma voz ao seu lado, pelo que o homem enfocou sua vista no assento à sua esquerda, descobrindo a anciã que lhe sorria com doçura.

– Sim – Respondeu secamente, olhando para a câmera que descansava perto do seu peito, pendurada em seu pescoço.

– Já vejo, é muito normal nessa época do ano. – Comentou voltando a olhar para frente.

Parfum de Printemps/ Soukoku (Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora