Jonathan me entregou um capacete e fez um sinal com a cabeça para que eu fosse atrás dele. Ele usava um capacete preto, enquanto o meu estava cheio de figuras e adesivos. Ele ligou Suzi e o ronco do motor ecoou por todo o estacionamento.
Um frio percorreu minha espinha e meu corpo todo. Suzi possuía LEDs roxas embaixo dela, o que dava um charme a mais.
- Se segura firme - disse Jonathan sem olhar para trás. Passei meus braços em volta de sua cintura e colei nossos corpos. Ele deu um arranque e saiu cantando pneu.
Entramos em uma estrada deserta e afastada da cidade. Ele estava em alta velocidade, mas com o tempo fui me acostumando com a adrenalina. Eu me sentia livre e estiquei a mão, sentindo o vento veloz passar entre meus dedos.
De repente, senti Jonathan reduzir a velocidade e me dei conta de que estávamos no meio do nada. Ele parou e eu desci da moto.
Confesso que estava com medo de ser abandonada por ele ali, naquela estrada afastada de tudo.
Ele se sentou no passeio e eu o segui, sentando ao seu lado. Ele olhava para o nada e decidi quebrar o silêncio entre nós.
-Não sei como você ainda está vivo ou como não foi pego pela polícia- comentei.
- Mágica... um mágico nunca revela seus segredos- respondeu Jonathan, sorrindo. Nunca tinha visto alguém sorrir tanto quanto ele.
- Pensei que sua magia fosse ter um pai influente - provoquei.
Ele deu um sorriso triste - Merda... está quase na hora da gente voltar a ser inimigos mortais - disse ele.
Achei graça do seu dramatismo e continuamos olhando para o céu. Sem querer, as palavras escaparam da minha boca.
- Com quantas pessoas você fez esse truque? A moto, esse passeio...- perguntei.
Jonathan continuou olhando para Suzi antes de responder - Nenhuma, você é a primeira
Me senti estúpida e corada, mas logo me acabei de rir e ele apenas sorriu para mim.
Continuamos conversando por um tempo, mas logo percebi que era hora de encarar o sermão de Lucas. Depois do surto dele no estacionamento, não o vi mais, mas sabia que ele estava me esperando em casa.
Pedi para Jonathan me deixar a um quarteirão da minha casa, me despedi dele e segui em direção a minha casa.
O dia estava lindo e, ao chegar em casa, me deparei com minha mãe usando o avental que Lucas estava usando mais cedo.
- Bom dia, filha - disse ela. Era estranho vê-la em casa àquela hora, mas não pude conter minha alegria ao vê-la.
Conversei com minha mãe enquanto ela cozinhava, contando como foi "meu dia na escola" - obviamente mentindo, não contei sobre o passeio de moto e nem sobre Jonathan.
Fui para o meu quarto tomar banho, apreensiva. Lucas não estava lá e isso me preocupou um pouco. Joguei minha mochila na cama e entrei no banheiro para tomar um banho quente.
Enquanto estava lá, só conseguia pensar nas conversas com Jonathan. Coloquei uma roupa larga e confortável e, quando voltei para o quarto, Lucas entrou. Ele não me olhava nos olhos e isso me irritou um pouco. Me sentei na cama e fiquei observando-o.
- Hoje tive um dia difícil...- começou ele, mas logo parou.
As vezes, Lucas desabafava como se tivesse uma vida paralela à minha, mas nunca falava claramente. Às vezes, parecia falar em enigmas e eu nunca o compreendi completamente.
- Fui idiota de te deixar sozinha. Não confio nele... confio em você, mas ver vocês...- continuou ele, andando de um lado para o outro. Seus cabelos começaram a perder a cor gradativamente, como se fosse mágica.
Seus olhos estavam mais escuros, como no começo do dia. Ele não gritava, mas seu tom de voz era áspero e seco. Eu estava imóvel, sentada na beira da cama, em silêncio. Ele se ajoelhou perto de mim e parecia nervoso, mordendo seu lábio inferior, era como se uma parte vulnerável dele estivesse aparecendo.
Sem conseguir falar, apenas passei a mão em seus cabelos que agora estavam brancos.
- Se olha no espelho, Lucas - sugeri.
Ele me olhou sem entender e saiu resmungando e reclamando por eu não ter dado ouvidos ao sermão dele e ter ficado hipnotizada com sua beleza. Ele foi até o espelho do banheiro e pareceu surpreso ao ver seus cabelos brancos.
- Puta que pariu! A idade chegou mais cedo para mim!?- exclamou ele - É agora? Viu, culpa sua! Você me fez passar tanta raiva que olha o que aconteceu com meu cabelo.
Fiz uma careta e me joguei na cama, enquanto ele deitava de barriga para cima e fitava o teto.
- Estou me sentindo um idoso. Olha que só tenho 16 - disse Lucas, fazendo um biquinho. Eu ri da sua dramatização e me deitei ao seu lado.
- Vish, crise da meia-idade tá foda, hein, coroa?- brinquei.
Ele me tapou com um travesseiro e eu o puxei para mais perto. Agora eu era a conchinha maior e ele fechou os olhos, enquanto eu fazia carinho em seu cabelo.
Ele parecia vulnerável dormindo. Era como se visse o garotinho que um dia acordou sem saber onde estava, atrás de todas as suas muralhas. Havia um garotinho perdido, e eu via isso.
Nessas horas, ele parecia tão real quanto eu. Doía saber que a realidade era diferente.
Dei um beijo em sua bochecha e me deitei ao seu lado, imaginando um mundo onde ele existia e onde eu podia abraçá-lo e sentir seu calor.
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Meu Melhor Amigo Imaginário
Romance"Mamãe vivia me dizendo que lucas era passageiro.... aqui estou eu com meus 16 anos nas costas deitada no peito de lucas escutando seu coração enquanto conversamos sobre coisas aleatórias...." [ História Concluída] Contém conteúdo +18 História tota...