• Capítulo 06 •

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• Falcão •

Falcão: WJ é o pai né? - pergunto e ela me olha com um ódio tão grande, que fico até com medo.

Luana: Qual a parte de "nem termina" que você não entendeu?

Falcão: Não tô te julgando, só perguntei por curiosidade, maluca. - nego com a cabeça - Desculpa, pô.

Ela estreita os olhos, me olhando desconfiada, aposto que querendo me xingar pra caralho. Mas decide só revirar os olhos.

Luana: Tá tudo bem. - bufa, comendo o açaí - Eu só... sei lá, ainda não sei lidar com tudo isso direito.

Luana se esforça para não deixar transparecer o quanto esse assunto mexe com ela, mas logo seus ombros murcham de vez e eu fico com maior aperto, pô.

Nem sei a história dos dois, mas na moral, da pra ver que não acabou nada bem. Claramente o WJ não quis assumir a cria, já que ele nunca mencionou que tinha filho ou mulher.

Falcão: Posso fazer mais uma pergunta? - ela me olha sem paciência, mas assente - WJ pelo menos paga pensão ou ele nem isso faz?

Luana: WJ manda um bom dinheiro por mês, mas não tolera que eu se quer saia na rua com o meu filho. - ri sem achar graça - Tudo aquele homem acha que eu tô perseguindo ele.

Falcão: Não querendo me meter... - começo já me metendo - Mas cê tava olhando estranho pra ele e para aquela mina.

Percebi que a Luana ficou, e ainda tá, incomodada com o WJ e a loira no colo dele foi que nem somar 1+1, pô. Farejei o ciúmes de longe.

Mas acho que seria melhor eu guardar a minha observação só pra mim, porque ela me olha com maior ódio, o rosto fica todo vermelhinho.

Luana: Eu olhei pra eles porque é um absurdo o WJ preferir ficar em uma praça com uma vagabunda qualquer do que assumir a porra do filho. - diz com raiva, mexendo o açaí com a colher - E eu não devia chamar ela de vagabunda porque os dois estão solteiros e ninguém ali me deve satisfação. Mas foda-se a sororidade agora, ela é uma vagabunda!

Fico quieto. Na moral, ela explodiu então melhor fica na minha pra não sobrar pra mim. É capaz dela mandar eu me foder e me bloquear ainda por cima.

Luana: O dinheiro da pensão é bom, mas nada paga o Miguel crescer sem pai. - nega com a cabeça, bufando - Nada paga o trauma que isso vai acabar causando nele, porque mesmo eu fazendo de tudo, nunca vou conseguir fazer o papel que um pai faria para ele e...

Falcão: Tá, da uma segurada, garota. - interrompo e ela faz careta me olhando de cima a baixo - Na moral, acho que com uma mãe foda igual você, nem acho que ele vai dar falta de um pai vacilão igual o WJ. Da pra ver que cê vai fazer de tudo por esse moleque, pô.

Digo isso de coração mermo, mas não é 100% verdade. É óbvio que a falta de um pai vai fazer falta pra caralho, mas não vai ser culpa dela, pô.

Minha mãe também engravidou de mim na adolescência e se ela não tivesse meu pai do lado, aposto que eu não seria a mesma pessoa de hoje, truta. Criação dentro de casa pode transformar alguém.

Luana parece tá em um momento complicado demais, pô. E mesmo eu ela me intrigando, só de olhar pra ela já penso que eu tô sendo egoísta demais em não pensar no resto.

Nunca dei moral pra fofoca, mas depois que pedi o número dela, fui atrás de mais sobre aquela garota agora que eu tinha um nome. Papo reto, o tanto de parada que eu ouvi ruim dela... porra, o povo não tem dó não!

A maioria entrou em um consenso de que ela é uma puta que deu o golpe da barriga no WJ pra virar fiel ou ficar recebendo dinheiro.

Não sei se é verdade ou não, porque nunca fui do tipo que coloca a mão no fogo por alguém que não conheço... mas não quero acreditar que ela seja tudo isso que dizem, pô.

Não consigo ver tanto maldade assim olhando só olhando pra Luana.

Talvez ela esteja certa também, eu vou ser um atraso e vou complicar ainda mais a vida dela, ou talvez me meta em um triângulo amoroso do caralho que vai me render maior caô.

Falcão: Papo reto, mina. Não leva pro coração, mas eu não sei se é uma boa ideia a gente se trombar mais. - falo de uma vez, sem olhar na cara dela.

Fica um silêncio desconfortável pra caralho entre nós e eu sem coragem nenhum de olhar pra cara dela e acabar mudando de ideia. Porra, nego não que fiquei encantado pela beleza dessa mina.

Quando eu já estou quase começando a falar de novo, ouço uma risada descrente. Ela claramente não tá achando engraçado.

Eu olho pro seu rosto, ela está me olhando sem nenhuma expressão, como se perguntasse o que eu ainda tô fazendo aqui então.

Falcão: Desculpa, eu não... - começo, sem terminar. Não sei nem o que falar mais, que merda!

Acho que eu nunca me senti tão confuso, truta.

Luana: Tudo bem, no seu lugar acho que eu faria o mesmo. - da de ombros - Mas obrigado por me avisar, em vez de só não olhar mais na minha cara como a maioria faz.

Ficamos em mais um silêncio constrangedor, sem eu saber o que fazer. No fim, levanto do banco coçando a nuca e encaro ela que nem olha na minha cara.

Sussurro uma despedida e saio andando com a mão no bolso, lutando contra a vontade de virar pra trás pra encarar ela.

Na moral, que eu tenha feito a coisa certa, porque aquela garota parece nunca mais querer olhar na minha cara!

Crime PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora