Todo final de ano minha família se reunia na casa da minha vó, lá era grande, casa dupla com terraço e piscina para a molecada, mas quem ordenava mesmo era minha irmã mais velha Aline, de chopp eram 3 recipientes com 10 litros.
Natal e Ano-Novo, muita fartura e bebida, isso desde minha época de criança, todas festividades finais eram assim.
Virada de 2022, estava sentado na sala, camisa branca e bermuda jeans escura, cabelos cortados e penteados ao gel, minha vó já tinha bebido sozinha uma garrafa de vinho, dormia como uma pluma no quarto ao lado, minha irmã estava com seu namorado na varanda enaltecendo romanticamente um futuro noivado, enquanto eu com meu celular jogava Among Us no duro sofá já rasgado pelas laterais da sala emadeirada.
Yuri era meu primo, mas nunca fomos próximos, garoto do olhar frio, perdeu a mãe de covid ano passado, não tinha mais ânimo e elaborações comemorativas, mas estava lá, vegetando pela casa com uma camisa marrom já suja de uma bebida vermelha.
Havia morrido pela terceita vez, o calculista impostor era impiedoso, olhei discretamente Yuri que sentou-se com seu celular na poltrona ao lado usando fones embolados, vaidade pouco importava.
Respirei fundo desligando a tela já quente do meu aparelho, Yuri percebeu tirando o fone os deixando de lado próximo a sua coxa, mas em cima da poltrona em que se sentava.
-Quanto tempo né?
Sorri forçando uma gentileza, uma intimidade na qual era inexistente entre nós dois.
-Pois é...
Acrescentou Yuri de forma fria, cruzando as penas em tom de domínio, seus fios escuros voavam levemente pela brisa que se passava na janela, ele era exótico.
Parei de encara-lo, levantei da poltrona indo rumo ao quarto de solteiro, estava sonolento, já havia bebido alguns copos de drinks, precisava recompor até às 00:00, mas o inesperado foi Yuri me seguir largando seu celular e fone totalmente jogados, ele parecia querer conversar.
Liguei a luz, o quarto era escuro, cama forrada com lençol branco e travesseiro rendado, simples, mas belo, um pequeno tapete preto com o desenho de flores brancas e folhas escuras brilhantes.
-Aconteceu algo?
Perguntei a Yuri que olhava calmamente cada parte do local me sentando na cama macia.
O moreno acordou do transe, balançando levemente a cabeça e encarando meus olhos meio fechados pelo efeito sonolento da bebida ingerida.
Yuri sentou ao meu lado, repousando seus braços sobre as pernas e encarando o chão, provavelmente se distraiu ao perceber o brilho do tapete negro deixado.
-Apenas queria ser mais próximo.
Virei a cabeça olhando a Yuri que permanecia com a cabeça abaixada.
Por termos a mesma idade queria amizade, afinal minha família era antiga, já idosos, uma amizade da mesma mentalidade cairia super bem em horas assim.
Sorri à Yuri, dessa vez um sorriso em reflexo, realmente me senti feliz em saber que ele também queria se aproximar.
Percebendo minha reação alegre Yuri levantou sua cabeça olhando em meus olhos sorrindo de volta, reparei pela primeira vez que o tal usava um aparelho azul e tinha os dentes da frente um pouco tortos.
-Sempre quis me aproximar...
Disse já envergonhado, mas sincero, amizades familiares são úteis e necessárias.
Yuri novamente desviou seu olhar, dessa vez concentrado em um quadro a nossa frente de um anjo com espada dourada, provavelmente da religião cristã, afinal minha vó era devota ao catolicismo.
-Eu...
Yuri não disse mais nada, mas foi o suficiente pra me arrepiar quando senti sua mão fria encostar na minha bochecha, ele usava um anel preto de coco no dedo anelar, não parei de olhar em seus olhos conforme se aproximava, fui hipnotizado pelos seus lábios grossos avermelhados.
Cabelo bagunçado pelo vento anterior, Yuri sabia exatamente o que fazer pra ser único em seu estilo exótico e manipulador.
Nos beijamos naquele quarto, preferi apagar a luz, afinal, a janela de vista a rua denunciava nossa transa platônica ali exposta.
Yuri cheirava a cigarro de palha, vindo dele não duvidava do "dane-se" a saúde, mas seu gosto era único e delicioso, cigarro com aroma de morango da bebida vermelha que havia derramado em sua camisa.
Apertei seu pau recebendo um gemido abafado por nossas línguas se chupando, ele respirava ofegante, imaginei que fosse gozar ali mesmo.
Queria chupa-lo, sentir o gosto de seu gozo na minha boca, ouvi-lo gemer pra mim como uma putinha sedenta, mas ali não era o momento, era uma virada de ano, minha família estava reunida, não seria o certo.
-Depois que as festas passarem eu te como bem gostoso seu cachorro!
Sussurrei em seu ouvido batendo em sua bunda, Yuri gemeu jogando sua cabeça no meu ombro, eu estava duro, confessando o meu tesão pelo moreno fumante passivo.
Ele mordeu o lábio, não disse nada, mas foi o suficiente pra saber que estava totalmente entregue a mim.