Capítulo 3 - Extraña Sensación

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Já eram quase nove horas da noite quando May e Annie começaram a se arrumar para a festa de recepção dos calouros que aconteceria mais tarde no campus da própria universidade. Elas estavam experimentando algumas peças de roupas no quarto de May, que ficava ao final do corredor, junto ao banheiro. Depois das aulas daquele dia, as duas haviam passado a tarde inteira arrumando o novo quarto de Annie e colocando a conversa em dia, especialmente sobre os assuntos da família. Elas mataram as saudades, contaram histórias e se lembraram dos velhos tempos. Agora, já de noite, eram outros assuntos que entravam na pauta das duas.


May: Vou te confessar que eu nem queria estar indo pra essa festa hoje, sabe? -Desabafou, enquanto ajeitava o vestido no corpo -Estou indo mais pra te fazer companhia e, também, porque sei que se eu não for, Ucker não vai me deixar em paz o resto do semestre todo...

Annie: Poxa, prima, não tá nem um pouco a fim de se divertir?

May: Ah, é que... sei lá. Em festa rola muito flerte, muita pegação, e eu sinto que ainda não estou preparada para lidar com a minha vida de solteira. -Falou cabisbaixa. -Ainda penso muito no Derrick...

Annie: Ai, prima, vem cá. -Ela envolveu May em um abraço carinhoso. -Tá tudo bem, isso é normal. Vocês ficaram juntos durante muito tempo mesmo. Não precisa cair de cabeça em outra relação agora, mas vai te fazer bem se jogar um pouco no mundo e ver as outras pessoas que tem aí fora. Tem muita gente legal por aí, sabia?

May: Eu sei... -Ela desviou o olhar, triste. -O problema é que eu não consigo evitar ficar gastando meu tempo remoendo esse término. Já faz mais de dois meses, mas continua parecendo como se tivesse acabado de acontecer. Tá bem difícil.

Annie: Isso vai passar, cariño. Uma hora esse sentimento vai esvaziar e eu tenho certeza de que conhecer pessoas novas vai te ajudar nisso. -Deu um sorriso. -Confia: quando a gente vive o presente, coisas novas ganham valor.

May: É. Acredito que sim. -Ela fez uma pausa e depois deu uma risada nasal. -Quem diria, a minha priminha, quem antes eu aconselhava, está agora me dando conselhos. Parece que o jogo virou, não é mesmo?

Annie: Você não sabe o quanto eu esperei por isso. -Ela riu, feliz de ver que sua prima já recuperava o bom-humor.

May: Mas não se anima demais, porque eu ainda acho que tenho mais juízo que você. No fim das contas, você continua sendo a caçula...

Annie: ...e você, a mais velha sensata e protetora, já sei. -As duas deram um riso uníssono e Annie prosseguiu em uma mistura de leveza e seriedade. -Mas tá tudo bem se a gente precisar inverter os papéis de vez em quando, May. Você não precisa sempre andar na linha e segurar a barra pra todo mundo, tá? Tá tudo certo em também precisar ser cuidada de vez em quando.

May: Obrigada, priminha. -May deu um abraço apertado em Annie, muito grata de tê-la ali consigo.

Annie: Vem, deixa eu fazer uma maquiagem bem legal em você.


Annie tinha uma natureza muito doce e sensível. Era justo dizer que ela se parecia com uma dessas pessoas que sempre estão leves e de bem com a vida, apesar das dificuldades que enfrentam. Isso era algo que May admirava muito na caçula.

Elas estavam aplicando a maquiagem em frente ao espelho comprido que May tinha na parte de dentro da porta de seu guarda-roupas, quando o toque do celular de Annie anunciou a chegada de uma mensagem. Ela pegou o telefone e sorriu com o nome que aparecera no visor.


May: Quem é?

Annie: Seu amigo, o Ucker. Tá perguntando se a gente quer carona para a festa. -May revirou os olhos.

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