Framboesa também combina com blue ice

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Hello, galerinha linda do coração! Mais uma one para o Projetomiraculous 

Espero que gostem! Estava com saudade de escrever sobre os lukanette <3

E essa capinha lindinha foi feita pela  VcutCherry da Spirit. 

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O casaco de lã branco abraça meu corpo de uma forma singela, fazendo com que o frio não atrapalhe meu último sorvete com Luka. Paris está terrivelmente fria para uma sobremesa gelada e eu sei disso, mas não posso recusar o último pedido do meu amigo. A felicidade em vê-lo finalmente conseguir uma chance na área musical faz meu corpo se arrepiar em um misto de tristeza e medo, que eu gosto de classificar como saudade; não estou pronta para presenciar sua partida.

Luka está sentado ao meu lado, tocando seu violão enquanto encaramos a imensidão congelada do rio Sena. As notas calmas e a sua presença fazem com que meu corpo se esquente mais, como em um abraço apertado. Não dizemos nada há alguns minutos e então eu resolvo quebrar o silêncio, afinal, é a nossa última conversa em Paris.

— Ansioso? — pergunto algo óbvio e percebo a tensão em seu corpo ao ouvir uma nota errada sair do instrumento.

— Um pouco — ele ri e me olha de soslaio. — Vou sentir falta de poder ficar à toa no Liberdade.

— Também vou sentir falta — digo sem ânimo.

— Mas você vai me visitar em Londres, não vai? — sua pergunta é receosa e eu apenas sorrio como um sinal positivo.

— Sempre que der. — Escoro minha cabeça em seu ombro esquerdo e ouço um suspiro sair de seus lábios. — Quer mais um sorvete? — Aponto a barraquinha e aceno para Juleka e os outros, que estão escorados nas barras de ferro da ponte. Luka me encara ainda de soslaio e parece pensar.

— Não, eu estou bem assim — ele responde como se tentasse ler alguma mensagem subliminar em meus olhos.

— Quem é você e o que fez com o Luka? — Arqueio a sobrancelha e o ouço rir de forma tensa, a ansiedade está consumindo ele de forma lenta. — Você nunca recusa o sorvete do André, por que hoje sim? — pergunto curiosa.

— Frio na barriga. — A boca dele repuxa e o vinco entre suas sobrancelhas aparece.

— Você é um ótimo músico, Luka! — Um pouco desastrada, envolvo seu corpo com os braços e permaneço com a cabeça em seu ombro. — Sei que vai conseguir! — afirmo convicta e me levanto em seguida para poder pegar mais um sorvete para mim.

Paro ao lado da barraquinha do André e espero minha vez. Os olhos de Luka estão me encarando e eu não deixo de fazer o mesmo, pois sei que a ansiedade e o frio na barriga dele não são pela viagem. São por nós.

Ter que partir essa noite significa que vou vê-lo uma última vez, presenciar todas as suas manias e jeitos uma última vez — sentir sua pele e ouvir suas notas uma última vez — e eu não quero isso. Não tenho estrutura psicológica para tal e ele sabe, mas também sei que Luka não tem. Estamos nos esforçando para ter uma tarde minimamente agradável antes dele finalmente viajar para Londres.

Não tenho ideia de quando poderei vê-lo de novo aqui em Paris, assim como não sei quando poderei ir até a Inglaterra para visitá-lo. Essa incerteza me deixa ansiosa, principalmente porque somos dois idiotas que não têm a mínima coragem de perguntar sobre nosso futuro como um possível par romântico.

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