Enseñame

15. ¿Qué quedaría de esta libra?

O restante do dia passou rapidamente e elas acabaram não tendo tempo de fazer os bolos, deixando uma Larissa bastante decepcionada. Mas Emília prometeu a filha que viriam no outro final de semana apenas com aquele propósito e, apesar de ainda ficar triste, a menina acabou aceitando.

Quando o domingo veio, Andi recusou o convite de MJ para conhecer a cidade e decidiu que focaria em montar a papelada do divórcio de Emília. A advogada queria dar o tempo da mulher pensar nas coisas, porém também queria ter tudo pronto para caso ela decidisse que já era a hora. Emília merecia ser feliz e reconstruir a sua vida ao lado da filha como ela tanto queria.

Depois de ter tomado café com MJ na cozinha, Andi se isolou no quarto que estava ocupando e passou o dia inteiro trabalhando. Saindo apenas para fazer refeições e reabastecer sua xícara de café. Maria José observava a amiga com cuidado toda vez que a via ir na cozinha. Às vezes a cantora oferecia alguma coisa, outras perguntava como estava indo o trabalho e outras apenas observava a amiga em silêncio. Andi tinha se tornado uma espécie de viciada em trabalho e aquilo estava sugando a vitalidade sua amiga, MJ concluiu.

Já era noite quando Andi saiu do quarto com o cabelo molhado, shorts de moletom e uma blusa branca folgada e desgastada onde se lia "ordem dos novos advogados". A mexicana ofereceu um sorriso cansado para amiga que ocupava o sofá da sala e foi até a pia para lavar sua xícara.

"Quer comer alguma coisa?" ofereceu Maria José, se levantando e indo em direção a cozinha também.

"Não, estou sem fome. Me enchi de café e é isso que dá," falou Andi rindo.

"Você sem fome? Essa é nova!" MJ disse rindo.

"Acho que é porque eu estou cansada e com uma leve dor de cabeça, aí prefiro ir direto para cama," respondeu deixando a xícara no escorredor e se virando para amiga.

"A gente ainda não teve tempo de falar de você, mas não pense que eu esqueci," MJ falou séria e Andi sorriu para a mais baixa, dando passos na direção da mesma.

"Eu sei, pequena," a advogada respondeu puxando a cantora em um abraço. "Eu não vou fugir da conversa, mas hoje estou exausta."

"Tá bom, vai descansar que amanhã é um novo dia!"

Andi desejou boa noite e seguiu de volta para o quarto.

POV Andi

MJ havia providenciado um pequena mesa em uma das paredes do quarto e eu havia passado o dia ali. A minha coluna estava reclamando, assim como minha cabeça, quando decidi encerrar "o expediente". Eu tinha feito grande parte do trabalho aquele dia, mas ainda tinha algumas coisas para finalizar no próximo. A verdade era que eu tinha que relembrar muitas coisas da área familiar, já que não costumava trabalhar nesse ramo, mas as coisas estavam saindo bem. Com mais dois dias, eu já teria a papelada pronta para quando Emília se decidisse no que fazer.

Depois de tomar banho e conversar brevemente com MJ, eu voltei para o quarto e me deitei na cama macia, me cobrindo por completo. Faziam semanas que eu não dormia muito bem, então meu corpo estava exausto e eu sabia que essa noite eu conseguiria dormir, só não sabia se seria um sono tranquilo. Pedi para que fosse.

Como sempre, antes de meu corpo se render ao cansaço, me vi pensando em Carlinhos e sua família. Fiz uma breve oração pedindo proteção para ele e me prometi que no outro dia ligaria para Laura, - a amiga que eu havia deixado responsável por observar o andamento do meu recurso no caso de Carlos -, e também para dona Marcele para saber como estavam indo as coisas. Depois disso, acabei caindo no sono.

Acordei me sentindo um pouco tonta e com o corpo pesado, a típica sensação de quem dorme demais por conta da exaustão. Abri meus olhos devagar para me acostumar com a claridade e busquei meu celular para descobrir as horas. O relógio no aparelho indicava 9h23. Eu havia dormido mais que o planejado. Me levantei lentamente na cama, me sentando e me dando alguns segundos para despertar completamente. Quando me senti mais eu mesma, peguei meu celular novamente e enviei uma mensagem para Laura, pedindo atualizações. Depois chequei o restante das minhas mensagens, respondendo as mais urgentes relacionadas a trabalho, a minha mãe e finalmente abri a mais recente que era de MJ.

Amiga, vim encontrar com meu editor e não sei que horas volto. Se precisar de alguma coisa me liga.

Respondi que sem problemas e a desejei um bom dia. Iniciei o meu com um banho enquanto deixava o café preparando. Passaria o restante da manhã trabalhando na papelada de Emília.

Fui interrompida de meu trabalho com a vibração do meu celular sobre a mesa. Retirando meus óculos para dar um descanso aos meus olhos, busquei o aparelho e vi que era um número desconhecido, apenas por eu não tê-lo salvo ainda em meu aparelho, porque pelo DDD, só podia ser uma pessoa.

"Bom dia, Emília," falei atendendo a ligação.

"Bom dia? Você sabe que já são 14h, não é?" falou a mulher rindo do outro lado da linha.

"Sério?" falei afastando o aparelho do meu rosto tempo o suficiente para ver que Emília tinha razão, o relógio indicava 14h17.

"Você ainda não almoçou?" perguntou em um tom de preocupação.

"Perdi completamente o tempo em meio ao trabalho," respondi.

"Pois eu estou aqui no centro e eu posso levar algo para você comer," ela falou e eu prontamente comecei a negar, dizendo que ela não precisava se dar ao trabalho. "Não é trabalho nenhum e eu sei bem que não tem nada na geladeira da MJ a não ser as besteiras que eu levei sábado, vocês precisam urgentemente de compras."

"É verdade," respondi rindo. Não tinha como negar, afinal ela esteve aqui dois dias atrás.

"Chego em 30 minutos. O que você quer comer?"

"O que for mais rápido, você já sabe que como qualquer coisa e não quero incomodar..." ela me interrompeu.

"Você se preocupa demais, Andi. Estou perto de um restaurante japonês, você gosta?" ela perguntou.

"Yakissoba!" falei animada até demais e ela riu de mim.

"Ok, yakissoba saindo. Já chego."

"Até mais e obrigada!" falei rapidamente.

"Sem problemas. Até mais!" desligou e eu me vi olhando para o aparelho.

Emília era linda, simpática, uma ótima amiga, pelo o que Maria José dizia, uma ótima mãe, pelo o que eu observara, e super atenciosa. O que restaria dessa libriana até o final dessa viagem?