•Início•

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☮︎ 𝐓𝐡𝐞𝐫𝐞𝐬𝐚 𝐘𝐨𝐮𝐧𝐠 ☮︎

-Sabe... -Olho em seus olhos claros e angelicais. -Você quase consegue me convencer!

-Cala a boca! -Retruquei, desviando o olhar. - Eu vou te fazer mudar de ideia, não importa o que você diga.

-E eu não desconfio do seu potencial, Tessa. Eu só não quero que você vá, porque eu sei que isso não é bom pra você. -Seu tom de voz era calmo, mas frio.

-Noah, é só uma festa! O que poderia dar errado? - Bebi metade do meu milkshake enquanto esperava a sua reação.

O que poderia dar errado? Eu sempre digo isso, e toda vez algo ruim acontece.

-Sei lá, mas eu não vou mentir pra sua mãe.

A verdade é que o Noah é um medroso que nem a minha mãe. Falta um mês pra eu completar 18 anos, e ela não me deixa sair de casa sozinha, somente com a companhia dela, ou a de Noah.

-Noah, olha pra mim. -Coloquei as minhas mãos em seu rosto e o fiz me encarar. - Quantos anos você acha que eu tenho?

Ele me olhou sem reação, como se eu fosse uma idiota - e estava sendo mesmo.

-Com esse rosto de velha? Ah, acho que uns setenta. - Ele riu e eu também. Retirei as mãos do seu macio rosto.

-Por favor, Noah. Me deixa ser feliz!- Fiz biquinho e ele abriu um sorriso.

-Claro - ele fez uma pausa dramática -mas, só se eu for.

-Nem morta! -Falei tão rápido que pareceu um reflexo.

-Então se decide, garota. Você sabe que a Carol só vai te liberar de casa à noite, se você estiver muito bem acompanhada. E nem a Angel te ajuda nessa.

-Claro, aquela otária fez a cagada de ir bêbada pra minha casa no meio da madrugada.

-A Carol surtou, não foi? - Ele riu alto.

-Surtar foi pouco! Além do sermão de 3 horas que eu tive que ouvir sobre más companhias, ela ligou pra mãe da Angel e fez o maior escândalo. Até os vizinhos saíram de casa pra ver o que tava acontecendo.

-De anja ela não tem nada. -Ele fez um sinal para o garçom, que trouxe a conta poucos minutos depois.

Quando vi o valor da conta, peguei o pouco de dinheiro que eu tinha na minha carteira, e paguei. O Noah tentou brigar, mas eu o ignorei.

Quando chegamos à minha casa, eu o avisei.

- Noah, tudo bem, você me convenceu. -Revirei os olhos ao ver seu olhar presunçoso. -Amanhã você vem me buscar às 20h, tá bem?

- Ótimo. -Ele olhou para o seu relógio, e depois para mim.

- Você tem que falar com a minha mãe agora, senão ela vai estranhar você me convidando tarde da noite para fazer algo em cima da hora.

Entramos juntos na minha casa, e, como minha mãe não estava na sala de estar, conclui que ela estivesse fazendo o jantar, até porque já eram 18h.

- Mãe??

Ouvi um sussurro vindo da cozinha. Fiz um sinal para Noah esperar na sala, por mais que ele soubesse que deveria ficar ali. A Carol não gosta de ser surpreendida com visitas.

Fui em direção a cozinha e a vi cortando uma cenoura.

- Mãe! - Ela largou a faca e me abraçou, me sujando com o suco dos vegetais que estava impregnado no seu avental. -Noah está aqui, ele quer falar com você!

Ela tirou rapidamente o avental, e lavou as mãos.

-Ele é um ótimo menino, Theresa. - Seu sorriso insinuava que eu devia namorar com ele.

Ah, se a minha mãe conhecesse realmente o Noah!

Quando cheguei novamente na sala, ela estava o abraçando. Eles se separaram e ela ajeitou os cabelos.

-Sra. Carol... - Começou Noah

-Pare com isso, Noah! Só Carol está bom. - Ela o repreendeu, mas no fundo gostava quando era chamada de Senhora. Acho que isso a fazia lembrar da época em que era casada com o meu pai.

- Tudo bem, Carol. Eu gostaria de saber se amanhã à noite, em torno das 17h, eu posso levar a Tessa pra sair.

Quando eu ouvi aquelas palavras senti vontade de vomitar. O Noah realmente nunca foi muito criativo, mas me chamar para sair? Não, isso realmente estava fora de cogitação.

Minha mãe olhou para ele maravilhada, como se tivesse acabado de realizar o seu sonho - e realizou, em parte, pelo menos.

- Se a Tessa quiser. - Ela olhou pra mim, me pegando de surpresa. Nunca vi Carol desperdiçando uma chance de me aproximar do Noah, e se ela me conhecesse bem, saberia que eu iria recusar.

-Quero. - Disse de forma rápida.

-Ótimo. - Noah sorriu, quebrando o momento constrangedor para nós dois. - Bom, agora eu tenho que ir. Meus pais devem estar preocupados.

- Diga a eles que nós mandamos beijos! - Carol exclamou.

Como sempre, uma puxa-saco.

- Claro! -Ele olhou pra mim pela última vez e bateu a porta, indo embora.

Minha mãe ficou em silêncio e foi para a cozinha. Eu a segui.

-Quer ajuda?

-Tessa, eu não acho que seja bom você se relacionar com o Noah agora. - Ela ignorou completamente a minha pergunta.

Quê?

- O quê?

-Você me ouviu, Theresa! - Ela repôs o avental e pediu para mim dar um nó, o quê fiz com prazer.

Eu estava em choque. Passei 17 anos da minha vida com a minha mãe tentando me empurrar pra ficar com o Noah, e agora ela joga a toalha? O que está acontecendo com esse mundo?

-Porquê?

-Você já está indo pra faculdade e não vai poder dar a devida atenção ao Noah. - Ela voltou a cortar as cenouras. -Mas é claro, quando você terminar a faculdade e voltar para cá, vocês podem até casar!

É claro, tinha que ser!

Revirei os olhos.

-Eu não gosto do Noah, mãe.

-Então porque aceitou sair com ele? - Ela virou o seu rosto e mergulhou nos meus olhos.

Tentei pensar em uma desculpa rápida, mas nada original me veio a mente.

- Eu... Está bem, talvez eu esteja desenvolvendo sentimentos por ele. - Menti.

Eu odeio mentir, mais que tudo no mundo, porém às vezes é necessário. Não me preocupei em usar a desculpa de gostar de Noah, porque daqui a alguns meses não vou mais estar na cidade, e quando eu voltar, se eu voltar, posso dizer que não sinto mais nada pelo novo Noah. Posso dizer que ele mudou muito, e eu também, e não temos mais nada a ver.

É bobagem me preocupar com isso agora, com certeza. Mas eu sei que a minha mãe não vai mudar de ideia facilmente, e quando ela põe uma coisa na cabeça... Ah, ninguém consegue tirar.

Ela sorriu orgulhosa, mas não disse mais nada. Eu a ajudei com o jantar e algum tempo depois, já estávamos comendo.

-Boa noite, Tessa. - Ela me deu um beijo no rosto

-Boa noite mãe. - Eu devolvi o beijo.

Calmamente, nós fomos para os nossos quartos. Assim que fechei a porta pulei na minha cama e apaguei de cansaço.

AFTER YOUOnde histórias criam vida. Descubra agora