Santuário dos Pesadelos

Pesadelos e Pesadelos

Mais uma noite se passou, mais uma vez meus pesadelos me acordavam, eu me pergunto todos os dias se algum dia isso vai passar, honestamente eu não me lembro quando começou, eu só sei que começou.

Me deixe me apresentar, me chamo Genevieve Lavander, e atualmente tenho dezesseis anos, e se você parasse para saber mais sobre mim veria que sou muito nova para passar que eu passei, para começar fui adotada pouco depois do meu nascimento, minha mãe faleceu no parto, e o meu pai... Bom, eu não sei quem ele é, mas honestamente isso não me afeta, fico feliz pelo pai que eu tenho.

Eu também tinha uma mãe adotiva, mas ela nos abandonou quando eu tinha cinco anos, e meu irmão mais novo (também adotivo) tinha dois aninhos, eu sempre fui a figura materna dele, mesmo sendo pouco mais velha e tenho muito orgulho disso.

A minha infância teria sido normal se não fosse pelo "acidente" que ocorreu quando eu e meus amigos tínhamos oito anos, desde então nunca nos recuperamos.

Meus amigos não tiveram uma vida normal, acho que isso é graças as nossas mães serem relacionadas, nós sempre zoamos dizendo que há uma "maldição das quatro cavaleiras", mas depois desses sonhos eu creio que isso realmente existe.

Meus amigos são: Alisson White, cujo pai foi morto no exército, deixando-a e a mãe sozinhas numa família que não gostam delas. Rodric Artic, filho do governador e da modelo Alexandra Mint, tem quatro irmãos e é o mais velho de todos, graças a isso é cobrado até pela forma que anda. E por último, mas não menos importante, Otto Miller, filho do dono da OCM (Ordem de Controle de Mestiços) da nossa cidade, tem três irmãos e é o segundo filho, deixando seu sonho de ser o herdeiro da Ordem completamente destruído, já que sua irmã Vanessa chegou primeiro.

Além, é claro, dos conflitos internos que as famílias tem, a mãe de Alisson, minha madrinha, Pamela White, sempre diz que o seu grupinho nunca mais foi o mesmo desde que a minha mãe faleceu.

Como eu já disse antes, não conheci minha mãe, mas meu pai costuma me mostrar fotos dela, ao que tudo indica eles eram melhores amigos, graças a ele descobri que sou igual minha mãe, cabelos ruivos do tom "cobre dourado" longos e pele clara, mas tenho os olhos azuis do meu pai, assim como meu pai adotivo também, o que me confundia na infância.

Meu pai cuida muito bem de mim, mas ele me protege demais, acredito que seja por conta da minha mãe, mas fica cansativo quando você acorda todos os dias com pesadelos terríveis e tudo que seu pai fala é sobre dormir cedo e ir a um terapeuta, não preciso ir num terapeuta, preciso de respostas.

Todos sempre falam "Sua mãe, Penelope era uma mulher incrível" "Ela sempre tinha as respostas" "Ela era graciosa", mas nunca falam "Sinto muito por não ter conhecido ela" ou "Você é igual a ela, tenho orgulho de você", isso era tudo que eu queria ouvir, mas pelo visto a maioria dos adultos não entende, ninguém entende, a não ser a família White, elas me entendem e me escutam, e eu as amo mais do que qualquer coisa.

Mas as vezes eu gosto de esquecer tudo de ruim, gosto de fingir que nada aconteceu nesses anos, gosto de agir como uma adolescente normal, numa vida normal, por mais que seja uma grande mentira.

E o ser vivo que mais me ajuda nisso é o meu gato, Cypher, que foi resgatado ainda filhote, o único sobrevivente da ninhada, sempre tivemos uma conexão forte, ele sempre sabe quando eu estou mal, é por isso que nessa manhã, como em todas as outras, ele sobe na minha cama e pede por carinho.

- Sempre tentando melhorar meu humor não é Cypher? - Passo a ponta dos meus dedos em seu pelo amarelado e tigrado, ele ronrona em resposta. - Eu tenho que levantar agora, mas quando eu voltar, vamos passear com a sua nova coleira. - Digo enquanto levanto da cama com ele nos braços, o deixo em cima do meu travesseiro, seu lugar favorito.