Coletânea Nico di Angelo

Meu anjo

Pov. Nico Di Ângelo

Dois meses haviam se passado desde o fim da guerra contra Gaia, desde o dia em que eu revelei meus sentimentos a Percy Jackson.

Durante esses sessenta dias muitas coisas mudaram, eu paguei os três dias que estava devendo a Will Solace, na enfermaria, e desde lá ele tem me seguido por todo lado alegando que somos amigos. Eu não tinha descartado essa possibilidade, afinal eu decidira permanecer no acampamento e tentar viver normalmente entre os demais semideuses, sem me esconder mais e Will tava sendo bem importante nessa mudança. Ele e Jason eram o mais próximo de amigos que eu tinha, além de Reyna, Hazel e da tripulação do Argos II.

Percy e Annabeth cursariam o último aqui, em Manhattan, e depois fariam faculdade em Nova Roma assim como Will, que estava tentando me convencer a voltar a estudar, conseguir uma profissão e ir morar em Nova Roma também. Não era de todo uma má ideia, mas eu não queria estudar, meu desejo era me aprimorar ainda mais na esgrima e quem sabe me tornar um mentor espadachim. O mais intrigante disso tudo é que uma semana após o fim da guerra Annabeth saiu do Acampamento alegando que ia visitar o pai, mas isso não me convenceu afinal o pai dela continua morando em São Francisco e eu não entendi como que depois de tudo que ela passou longe de Percy fosse tão fácil pra ela agora simplesmente deixá-lo outra vez.

Estávamos no início do verão o que quer dizer: acampamento cheio! Ainda era bem difícil para mim, mas com meus amigos por perto ficava mais fácil essa socialização. A mesa de Percy agora era dos três grandes o que era bom e ruim ao mesmo tempo. Eu não posso negar que o filho de Poseidon ainda mexia com minhas imaginações, mas eu estava bem focado em considerar o que senti por ele como passado. "Eu era criança e impressionável, agora eu cresci e esqueci Percy", eu repetia isso para mim como um mantra todos os dias, mas, às vezes, era difícil encará-lo. Principalmente numa manhã como a de hoje, o desgraçado estava com uma cara fofa de sono, quase caindo em cima da panqueca extremamente banhada de mel, os cabelos bagunçados dando a ele o ar rebelde e encrenqueiro de sempre e os olhos verdes-mar que brilhavam como rubis no fundo do oceano. Ele sempre seria a minha ruína.

Balancei a cabeça, como que para afastar os pensamentos e sorri para Jason quando este sentou-se conosco.

– Bom dia pra vocês! – O loiro disse animado.

– Bom dia Jason. – Respondi e voltei a mastigar meu sanduíche.

– Bom dia super-man. – Percy falou em seu velho tom de ironia.

– Então, preparado para mais um verão cheio de atividades? Eu quero treinar muito hoje! – Era impressionante a animação de Jason logo de manhã. Eu ainda me sentia sonolento e preguiçoso.

– Calma criança, temos o verão todo para nos divertirmos, hoje ainda é o primeiro dia de atividades. Faça com eu e o Fantasminha aí, curta o tempo livre antes dos jogos de guerra. – Encaro Percy como se perguntasse: "Quem você está chamando de Fantasminha?" e o idiota me dá um sorriso debochado.

– Já disse para não me chamar assim filhote de tubarão. – Resmungo torcendo o lábio e Jason sorri.

– Nico, você é tão fofo! – Ele aperta minha bochecha e eu sinto meu rosto corar. Logo dou um tapa na mão do loiro e o olho de cara feia. – Veja Percy, ele corou!

O de olhos verdes me encarou como se analisasse minha relação com Jason e depois sorri desconfiado.

– Não toque nele assim Jason, não vê que ele fica bravinho? – Ele provocou, mas havia um tom de raiva na voz dele que eu me recusei a pensar que fosse ciumes afinal, ele deixou bem claro que ama Annabeth e que só me vê como um irmão mais novo.