Coletânea Nico di Angelo

Fofo

 Will estava novamente encarando as bochechas rosadas de Nico. O filho de Hades ficava corado com facilidade o que provocava uma sensação de felicidade absurda em Will. Os dois estavam muito próximos desde que Nico decidiu ficar. Apesar das provocações do "Raio de sol", a amizade fluía, o que deixava Nico assustado e geralmente corado.

– Você não pode...

– O que? Dizer que você está fofo com esse cabelo todo bagunçado? Mas você está e eu não gosto de mentir! – Will ergueu os braços enfatizando o final.

– Não sou fofo! Não poder dizer essas coisas para mim! – Nico cobriu o rosto e desviou o olhar.

Os dois já tinham conversado sobre o tópico "sexualidade" e lentamente Nico contou suas preferências e zero experiência para Will. O garoto mais velho o ouviu atentamente e soube acalmá-lo. Garantiu que não havia nada de errado e o deixou tranquilo sobre suas escolhas e gostos.

Will foi gentil com Nico, sendo mais velho e mais experiente (dada a zero experiência de Nico, Will tinha vantagem, mesmo que pouca) decidiu que era seu dever protegê-lo e ajudá-lo. A amizade cresceu em confiança e respeito. Mas não era só amizade, os sentimentos estavam aflorados e os dois sabiam.

Nico tinha medo. Apesar de ter se dado uma nova chance e estar olhando a vida com mais esperança, ele ainda tinha medo de amar novamente. Não queria ser rejeitado outra vez. Will, por sua vez, teve uma experiência e ela não foi boa. Desde então ele fechou o coração e deixou o amor um pouco de lado.

As experiências ruins, as expectativas frustradas e a mágoa do coração partido sempre deixam um rastro de medo.

– Vem logo, temos treino de esgrima.

– Oh meus deuses é mesmo? – Fingiu surpresa – Eu sei, eu sou o instrutor. Anda, raio de sol.

Nico segurou a mão de Will e o guiou. Eles caminharam entre os campistas apressados até chegarem a arena de batalha. A arena já estava cheia de semideuses novatos, muitas crianças e adolescentes. Nico e Will se separam e o filho de Hades tomou a frente.

De tímido e isolado Nico tinha ascendido a professor de esgrima. Os campistas o idolatravam, o que deixavam o garoto desconfortável.

– O melhor guerreiro chegou! – Harley, o filho mais novo de Hefesto gritou ao ver Nico sacar sua espada de ferro estígio.

Nico coçou a nuca e o encarou de cara de feia.

– Se Percy escutar isso, deuses! – Nico riu e fez uma careta para Harley que riu junto.

Will observava a cena com carinho, amava ver a interação de Nico com as crianças e como ele era paciente e dedicação no ofício. Perderia o dia inteiro ali observando Nico e seria como se estivesse ganhando.

– Vamos lá, pessoal. Façam duplas, teremos combate!

Impressionantemente todos os campistas gritaram em alvoroço e animação. Will ficou com um garoto mais velho e Nico passavam entre as duplas orientando. O filho de Apolo estava na turma de Nico por exigência do mais novo, desde a última guerra ele enfatizava diariamente que Will precisava saber se defender.

No fim do treino Harley abraçou Will e subiu em suas costas gritando, cheio de energia.

– Não vá ficar em chamas nas minhas costas, Harley! – Berrou Will com medo.

– Você é muito chorão – disse o garoto descendo de Will e pulando em Nico. – Nico nunca reclama e nem tem medo.

– Nico é um guerreiro, não tem medo de nada. – Will disse. – Eu sou apenas um curandeiro, se eu ficar doente quem vai cuidar de vocês?

– Sabe Harley, Will é muito poderoso, ele irradia luz dourada, ele literalmente brilha de tanto poder! Ele cura com a sua áurea. Will deve ser respeitado como um guerreiro. – Nico disse encarnado Will e o viu corar pela primeira vez.

– Uau! – Harley gritou. – Você é tão poderoso que brilha! Ai meus deuses, eu amo vocês! – Disse sorrindo abraçando os dois juntos.

Nico e o Will o abraçaram de volta.

Naquela noite Nico não apareceu para o jantar, o que deixou Will preocupado. Depois de comer ele correu até o chalé 13 e bateu a porta.

– Nico, aconteceu alguma coisa?

A porta do chalé foi aberta e um Nico descabelado de sonolento apareceu. Ele não vestia nada além de uma calça moletom cinza.

– De-deuses do olimpo! – Will ofegou.

– O quê...? Acabei dormindo.... Perdi o jantar?

Will ainda estava boquiaberto e sem esboçar reação.

– Will, você está bem?

O filho de Apolo tentou se recompor, mas toda vez que piscava Nico parecia mais irreal e lindo.

– Deuses do Olimpo, você é lindo! – Will tentou dar um passo e tropeçou em Nico.

O filho de Hades o segurou, sentindo o rosto arder. O corpo quente de Will esbarrou no seu e Nico sentiu as borboletas bagunçarem seu estômago. Estava perdido.

– Desculpe, Nico... E-eu... Nico, eu não consigo mais fingir que não estou louco por você. Eu juro que não quero te assustar ou te afastar de mim, pelo contrário, eu...

– Estou apaixonado por você! – Nico completou. – Will, estou apaixonado por você.

Nico abraçou Will afundando o rosto em seu pescoço, o filho de Apolo sentiu-se esquentar totalmente com Nico o beijando naquele ponto. Abraçou Nico de volta afagando seus cabelos e o mantendo seguro em seus braços.

Se encararam por meio segundo até seus lábios se uniram num beijo doce. Nico esticou os braços nos ombros de Will e segurou seus cachinhos. Will manteve seus dedos apertando a cintura de Nico.

Se afastaram apenas o suficiente para respirar, os lábios ainda roçavam.

– Isso foi... UAU!

Nico sorriu puxando Will para sua cama.

– Deita. – Disse fazendo Will ficar nervoso.

– Nico, você não precisa...

– Só deita, Will.

O curandeiro obedeceu. Nico deitou ao seu lado e o abraçou, fazendo–o de travesseiro. Will relaxou e o abraçou de volta, beijando entre seus cabelos crescidos e negros como a noite.

– Nico, você precisa comer.

– Só um minuto, doutor! Me deixe fazer isso... Sempre quis saber como era deitar em seu peito e ficar sentindo seu cheiro.