✰ P R Ó L O G O ✰

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Para Suzy, a verdadeira, no caso; você me ensinou a respeitar minhas fases, as boas e ruins e esteve sempre ali por mim, uma completa desconhecida que virou uma extensão da minha alma.

Esse livro é de coração para coração, para que você aprenda a amar o seu dia e seus novos começos. 


...

LIAN



GOCHEOK SKY DOME, SEUL, 2016.

Abri os olhos quando ouvi meu nome ser entoado pela multidão que ansiava pela apresentação.

Lian. Lian.

Gritos desesperados escapando por entre as paredes de metal do ônibus que estava sentado sobre um sofá de couro desgastado, fingindo que não tinha me machucado na passagem do show e que meu pé não latejava mais que meu próprio coração, já tinha desistido de tentar mexer nele com medo que piorasse.

Torcia o pé nas coreografias do grupo com a mesma facilidade que alguém descobria algum podre meu e jogava ao ventilador. E a esse ponto, o pior tinha sido revelado, estava com aquela pessoa na cabeça quando aconteceu; sabia que era questão de dias até que a minha empresa se esforçasse para sumir com a notícia.

Às vezes minha mente me levava de volta para aquela noite, mas não conseguia ver como tinha acontecido com clareza, escutava as sirenes e tudo que eu enxergava era a cor vermelha dos sinalizadores e de todo o sangue.

Meu passado nublava meu presente e poderia destruir meu futuro. Uma vida feita de papel, um contrato que determinava cada passo meu, e manchetes que poderiam cortar minhas asas antes mesmo de conseguir voar para longe.

Minhas mãos estavam tremendo, observei com atenção o movimento frenético que fugia do meu controle.

Era quase hora do show, e em toda minha carreira eu nunca me senti tão vulnerável para cantar, não pela minha dor física, isso era comum. Poderia ficar sentado numa poltrona atrás dos meus colegas, se tivesse sorte, provavelmente não seria o caso, minha vulnerabilidade ganhava forças me fazendo perder a voz, não queria ser julgado por isso, não queria que meus fãs me vissem assim.

Levei uma mão tremula para o meu coração, ali também doía, talvez mais do que meu pé. Não sei como seguiria com minha vida, fingindo que não aconteceu, fingindo que não tinha culpa de nada, mesmo repetindo para mim que era inocente, meus olhos contavam a verdade.

Aconteceu. Por mais que acobertem isso da mídia, não vão tirar essa cicatriz de mim com tanta facilidade.

— O que você vai fazer? — Baek perguntou, estava segurando uma lata azul de cerveja extremamente gelada sobre meu tornozelo direito fazendo minha pele queimar, seus cabelos caramelos desgrenhados caiam sobre seu rosto que estava levemente abaixado examinando meu tornozelo com a preocupação de um irmão mais velho, mas quando ele ergueu o rosto na minha direção um calafrio percorreu toda minha espinha quando constatei algo mudado na sua aparência, algo novo...

Key e Mark estavam deitados em beliches metalizados dispostos dentro do ônibus, com as cortinas azuis abertas e mexendo nos seus celulares sob a luz fraca, mas tinha alguma coisa estranha com todos eles. Minha respiração tinha deixado de ser um reflexo natural do meu corpo, estava me forçando a isso, e meu ar parecia arenoso.

Voltei a olhar para Baek com certa hesitação.

Precisei encarar seu rosto por um tempo perigoso, estava todo desfocado, seu olhar acolhedor era distorcido e me assustava. Senti o pânico crescer dentro de mim.

Estava ansioso. Era só minha ansiedade dando as caras de um jeito novo, era normal me sentir assim em apresentações, ainda mais depois de me machucar.

Pisquei os olhos lentamente e o encarei outra vez.

Nada além daquela distorção estranha, passei minhas mãos molhadas na lateral da roupa preta, sentindo cada partícula do meu corpo se esticar e retesar ao limite, aquilo talvez não fosse um sintoma de ansiedade.

Espremi meus olhos até que doessem.

— Lian? — Baek me chamou um pouco preocupado, afastando a lata da minha pele. — Te machuquei mais?

Hyung... — Respondi para meu amigo, tendo plena consciência que minha voz mal passava de um sussurro, tirei meu fone de retorno roxo do ouvido e o soltei no pescoço para que os outros não ouvissem, queria tentar equilibrar ao máximo o tom da minha voz, com medo do que eu dissesse gerasse uma reação em cadeia antes da apresentação.

—Uh — assomou em resposta e sentou-se ao meu lado no sofá bege, provavelmente minha expressão denunciava que não queria que outra pessoa escutasse. Mesmo perto de Baek, sentindo seu cheiro familiar de hortelã e buscando o ponto de conforto que era seu olhar...

Mesmo de perto...

— Eu não consigo mais enxergar seus rostos.

Anunciei minha punição. 



Oi, estou mega nervosa com essa história pois eu quero saber as reações de vocês hihi
Recebam o Lian com carinho, tá? É só um neném.
Votem, tá? Ajuda bastante

Se cuidem do lado daí ★ 


A Vida Secreta DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora