Capítulo Único

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Tava pensando aqui, Takemitchy, os rapazes não querem comer peyoung yakisoba no jantar, nem mesmo o Baji, então você quer alguma coisa em específico? — Matsuno perguntou enquanto observava o mais velho organizar desajeitadamente alguns DVDs numa prateleira. — Porque eu também não quero, e já tô ficando enjoado de comer quase toda noite. E, como hoje sou eu quem vou fazer o jantar, você pode pedir o que quiser.

— O quê? — Hanagaki se virou para o moreno, levemente confuso.

— Tá viajando? Perguntei se você quer alguma coisa pro jantar — Resumiu a pergunta anterior, irritado demais para repetir palavra por palavra. Às vezes Takemichi o tirava do sério, principalmente quando se distraía em meio a uma conversa, o que vinha acontecendo com frequência ultimamente.

— Ah, não. Qualquer coisa pra mim tá bom — respondeu sem de fato se importar com a pergunta.

— O que você tem, hein? — indagou começando a ficar irritado, sua paciência a cada dia diminuía com Hanagaki. As respostas evasivas e distração diária o estavam deixando com raiva do outro rapaz.

— Como assim? Eu não tenho nada, ué — Finalmente se comprometeu em dar uma resposta ao mais novo, só que o tom usado deixou Chifuyu mais irritado do que já estava.

— Você não tem nada? Tem certeza? Você tá parecendo maluco, nunca tá no mesmo lugar quando alguém fala com você, vive no mundo da lua, e agora começou a me ignorar. Pelo amor de Deus, desde que começamos a dividir o apartamento você virou outra pessoa, parece até que não me quer por perto! — Desatou a falar, a raiva nem mesmo o deixava respirar.

Chifuyu era sempre tão paciente que vê-lo irritado daquela forma deixou Hanagaki surpreso, seus lábios abertos formavam um verdadeiro o maiúsculo, e todo o seu rosto, assim como suas orelhas, ficaram vermelhos.

— Ah... — Foi tudo o que conseguiu dizer.

— Merda! Desculpa, Takemitchy... Eu não quis soar tão agressivo... Eu... — Tentou formular algo para dizer, mas desistiu. — Desculpa... — falou baixinho, por fim.

— Não, tá tudo bem... Você tem razão.

Takemichi desistiu de organizar os DVDs na prateleira — até porque não estava arrumando nada mesmo. Ele, definitivamente, era o pior gerente que a loja poderia ter — e seguiu até o balcão em que Chifuyu estava sentado próximo, deixando os discos numa pequena pilha, que certamente a outra funcionária da loja reclamaria por ele os ter deixado ali.

— Desculpa, eu fui muito grosso, não queria aumentar o tom com você... — Não houve resposta por parte de Hanagaki, e Matsuno imaginou que tivesse magoado o mais velho. — Tá acontecendo alguma coisa? Se quiser falar, você sabe, eu não sou a melhor pessoa, mas farei o melhor pra te ajudar.

— Na verdade... tem sim, uma coisa...

Chifuyu estreitou os olhos, ver Takemichi daquele jeito era raro, tão raro quanto ver Hakkai longe de Mitsuya e sem falar "Taka-Chan" a cada dez segundos. A última vez que Hanagaki falou tão sério e cabisbaixo daquela forma foi quando disse para seus amigos que tinha terminado com Hina.

— Pode dizer — Incitou o mais velho a falar e pegou a cadeira que estava próxima a si para que ele sentasse ao seu lado. — Sou todos ouvidos.

— É complicado, eu não sei como dizer isso... — começou, o rosto que tinha voltado a cor normal estava ficando novamente avermelhado, e ele parecia não ter coragem de olhar nos olhos do outro.

"É só abrir a boca e dizer, Takemitchy", pensou, mas não verbalizou, preferiu não interferir.

— Eu preciso saber como... — Matsuno se assustou com o vigor das palavras e com os olhos de Takemichi arregalados lhe encarando. Sua expressão parecia confusa, dolorosa... Talvez ele não tivesse superado o término com Hina, e deduziu que ele queria dizer isto.

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