Antes que tudo acabe.

Amor!

Boa noite queridos leitores, espero que gostem!
Ps. O watt não tá me deixando colocar a imagem do capítulo.

Com carinho.
-Kau Salazario

31 De Maio de 2014, Sábado
Eu não sei exatamente o que estou fazendo aqui, nunca fui de ser fraca ou de baixar a guarda. Escrever esse diário pode ser uma válvula de escape para as minhas angustias e dores, ou pode ser somente o início de toda a confusão na minha mente, o olhar para à beira do precipício, o início do fim.
Procurei ajuda há um mês ou dois, não sei ao certo. Meus braços e pernas doem, minha cabeça parece ser mais pesada que meu corpo, não consigo sustentar. O colorido que tinha em minha vida acabou, hoje vejo somente preto com alguns nuances brancos de luz.
Minha psicóloga fica com pena, eu vejo nos olhos dela um sentimento que eu nunca gostei, que nunca quis que demonstrassem por mim, Pena. A pena, é um sentimento que corroem o ser de dentro para fora, no início você consegue esconder e fingir que está tudo bem, mas quando você chega em casa e se vê sozinha em um lugar cheio de gente, você começa a desconfiar que tem algo errado.  Quando você entra no quarto que antes era o seu lugar de paz e sente um vazio imenso, ou quando você se olha no espelho e tira a maquiagem e não vê nada além de um corpo sem vida, você acredita que realmente tem algo de errado, sua mente começa escurecer, a felicidade vai embora e só fica a tristeza, o vazio.
Não consigo me lembrar de quando os sintomas passaram a ser mais intensos, eu só lembro que depois de um determinado tempo eu não me arrumava mais, comia a força pois não tinha apetite, evitava ao máximo a aparecer na empresa, ficava dias e dias na cama, sempre dopada de remédios para dormir, porquê isso... Isso é o que me fazia esquecer de toda aquela dor, dor qual eu nunca achei que fosse sentir, ser traída por alguém que você ama, dói!
Eu tive de dedicar a vida a amores de quinta, casei-me cedo, por pressão de meus pais, meu ex marido era péssimo, me dava presentes e uma vida luxuosa, mas também me usava como uma escrava sexual, jogava na minha cara todo santo dia o quão dependente dele eu era. E eu podia fazer o que? Nada. Pois ele realmente me sustentava. Eu chorava diversas vezes no silêncio da noite, logo após ele tocar em mim com aquelas mãos nojentas, o único sentimento que eu tinha de Renato Silviano era nojo! Depois de quase dois anos em um casamento infeliz eu decidi mudar, aquilo acabaria com o status da minha família, meus pais caíram em cima de mim como leões, nunca que uma Mendonça e Albuquerque pediria o divórcio.
Criei coragem e me divorciei daquele traste, foi muito difícil. Fui eleita a vergonha da família, meus pais tiraram os meus bens, e Renato me deu um golpe no divórcio e ficou com todo o dinheiro, eu estava falida. Entrei em contato pela última vez com ele, e me disse que tinha deixado uma quantia de dinheiro em um banco em Geneve, eu fui até lá e não tinha absolutamente nada. Quando entrei no banco comigo entrou um homem, ele me parecia ser simples, estava com roupas batidas sem nenhum pingo de luxo ou glamour, mas a sua aparência em si me encantou. Conversamos uma meia dúzia de palavras, ele era tão bonito! Mas também era pouco grosso. Mas mesmo sendo grosso, ele me salvou.
Sabe quando falam que o amor da sua vida pode estar do outro lado da rua? Pois então, o meu realmente estava. Saí apressada daquele banco pouco furiosa com o golpe de Renato, como eu pude acreditar naquele homem mais uma vez? Eu era muito ingênua. Ao pisar o pé no asfalto e dar início a travessia, sinto uma mão puxar-me pela cintura, o que havia acontecido? Quando me dei conta estava nos braços daquele brasileiro arretado. Devido à falta de atenção acabei atravessando a rua na hora em que um ônibus estava passando, se não fosse por aquele homem, eu teria morrido atropelada. Me disse meia dúzia de palavras bonitas, me acolheu como se me conhecesse há anos, devido a todas as coisas que estava sentindo eu o abracei.
Ele me cedeu o seu quarto de hotel em troca de eu ser a sua intérprete eu aceitei de bom grado, não tinha o que perder. Ajudei a melhorar o visual, desde então ele só passou a usar preto, ele ficava tão bonito, tão poderoso! Na volta para o Brasil descobri que ele era na verdade um contrabandista de diamantes, achei um tanto perigoso, mas me instigava. O mesmo me "pagou" com diamantes e logo depois me despedi, mas o incentivando a me ligar. E não é que ele me ligou mesmo? Me chamou para ir com ele novamente para Geneve.
Ambos tentavam, mas a tensão, o desejo tomou conta e acabamos dormindo juntos, tendo um caso, nós éramos amantes um do outro mesmo sem nenhum dos dois ter algum tipo de relacionamento    . Até o momento em que estávamos deitados rindo, eu revelei para ele minha gravidez, achei que ele iria renegar, mas para a minha surpresa ele abraçou a ideia. Me pediu em casamento, e pela primeira vez ouvi ele dizer que me amava. Tivemos nosso primeiro filho, José Pedro, ele se orgulhava em dizer que era seu primogênito, dois anos se passaram e tivemos nossa princesinha, Maria Clara, e depois de alguns anos fechamos a fábrica com o João Lucas. Eu o amo, e amo a família que o Zé me deu, mas ele mudou completamente e me machucou na mesma intensidade.
Hoje estou aqui, tentando desabafar a minha angústia de uma vida inteira em folhas de caderno, eu tive anos de ouro ao lado de Zé, eu o amei de mais, e ainda amo. Mas ele por outo lado não sente o mesmo, ou pelo menos, não demonstra.
Todos devem estar perguntando o que ele fez, é simples! Ele me traiu, não só uma vez com uma avulsa qualquer, mas foram diversas vezes, durante esses vinte e nove anos juntos ele foi meu somente por doze anos. Eu relevava porquê as crianças eram pequenas e eu não queria que elas passassem pelos mesmo inferno que eu vivi na infância. Relevei as traições até onde deu, mas tem uma hora que cansa, que você sente que ele não está cumprindo com seu papel de marido, que não está presente, que mesmo que estejamos na mesma cama não somos amantes. Somos só duas pessoas convivendo juntos por bens maiores, mas o amor? O amor acabou.
Bom, deu a hora de eu tomar meus remédios. Até daqui a pouco, espero que você me ajude diário.