Prólogo - parte 1

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Saya POV


"Prefiro a música. Porque ela ouve o meu silêncio e ainda o traduz, sem que eu precise me explicar."

Ainda estava escuro quando acordei e era exatamente 4:30 da manhã quando me obriguei a dar um salto da cama e vestir o traje de correr. Isso fazia mais parte de mim do que qualquer outra coisa. Era o meu Hobbie.

Rápida como o flash, me arrumei, peguei meus fones de ouvido e meu celular e antes de sair escondida pelas portas do fundo, lembrei de passar na cozinha para buscar uma garrafinha de água. Fugitiva sim, mas desidratada nunca.

Quando alcancei a grama na parte de fora, me pus a correr enquanto escutava música no último volume, deixado cada partezinha terrível da minha vida para trás.

Só por algumas horas já era o suficiente para esquecer uma parte das minhas frustrações e conseguir suportar o resto. Por isso correr era bom. Aliviava meu estresse e amenizava qualquer dor que exalava por cada parte do meu corpo.

Ultimamente as coisas estavam difíceis. Minha vida estava em uma completa desordem e eu já não estava aguentando mais o jeito como as coisas continuavam sem um controle ou uma direção. Era como se eu não fosse capaz de controlar a minha própria vida ou arcar com as consequências dos meus atos. Era como se aos poucos deixasse de existir um Norte ou um Sul para seguir. Era como um labirinto de muralhas grandes, mas sem mapa.

Junto com a corrida, a música também me deixava em outro mundo. Ela funcionava como combustível e conseguia fazer cada pensamento ruim sumir e consequentemente o meu humor melhorar. Eu amava cada sensação que ela me proporcionava.

A música me deixava nas nuvens e era através dela que eu conseguia me expressar. Era tudo tão simples quando o papel e o violão estavam nas minhas mãos, que não havia burocracia. Era só eu e a música, a música e eu. Ela era e sempre seria minha companheira fiel. Com ela aqui eu nunca seria sozinha.

Depois de voltas e mais voltas dentre os quarteirões, o sol finalmente nasceu por completo. O alarme do meu celular tocou e me vi obrigada a ter que voltar para casa.

Quando cheguei e abri a enorme porta da grande mansão, encontrei-a exatamente como deixei, em completo silêncio e solidão. Era tão normal que já tinha virado costume, então nem fiquei pensando muito e apenas subi, pois já estava atrasada para começar a me arrumar para ir enfrentar o meu tão alegre primeiro dia de aula. Sintam a ironia.

Subi as escadas tão rápido que magicamente eu estava no meu quarto. Espero que Nana nem sonhe com uma coisa dessas.

Eu precisava me arrumar e ainda nem tinha tomado banho. Me enfiei debaixo do chuveiro, tomei o banho mais rápido que consegui e depois ainda tive que perder tempo revirando cada parte do meu closet procurando o bendito uniforme, que por sinal não achava de jeito nenhum. Então não houve outra opção, tive que chamar pela única pessoa que sabia onde estavam as coisas nessa casa.

— NANA, VOCÊ VIU O MEU UNIFORME? - Como a porta estava aberta, ela ouviu e logo apareceu.

A Nana é uma "faz tudo" por aqui. Trabalha conosco como governanta desde que eu nasci e consegue me colocar na linha com apenas um olhar. Ela é tipo uma mãezona pra mim, e é muito importante.

— Ô menina Saya, sua mãe não lhe avisou? - Me perguntou. Olhei confusa e a vi suspirar. — Pela sua cara não, não é? – Pôs as mãos na cintura. — Ela esqueceu de comprar seu uniforme. Você sabe a correria que é na vida dos seus pais, mas não se preocupe querida. É só o primeiro dia, não tem problema.

Minha cara a essa altura dizia o óbvio. Eu estava brava, irritada e indignada.

— Claro que esqueceu. Óbvio! Ela sempre esquece. Deveria ter esquecido que também pariu no dia do meu nascimento, mas o que se pode esperar dessa família, não é? - A indignação exalava por meus poros, mas Nana logo tratou de me advertir.

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