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Mas, querida, eu tenho. Eu tenho rezado muito. Eu disse: Chega de contar dólares. Nós vamos contar estrelas 

(Counting Stars – One Republic)


Estou praticamente enfiando o rosto na tela do notebook quando escuto um barulho de algo caindo do outro lado. Não é algo estranho é claro, pessoas viviam derrubando objetos, eu mesma tinha derrubado meu celular duas vezes...Só hoje e nem eram cinco da tarde

Mas o que era estranho é que não era para ter mais ninguém na clínica, eu era sempre a última a sair, não por questões de trabalho é claro (mentira, era sim). Levanto a cabeça e praticamente solto um gemido quando sinto meu osso do pescoço estalar

O caso de John Finney estava me levando a delírios e isso não era nada bom, até porque o caso não era meu, eu só era a auxiliar. Me levanto da cadeira empurrando-a para trás e inclino a cabeça tentando ver pela pequena brecha da porta

Não ouvindo mais nada volto a me sentar lentamente e pego a caneta com ponta fina antes de parar de olhar para a porta. Volto a tela do computador e salto dois centímetros quando escuto o mesmo barulho vindo de fora

Oh inferno

Me levantando e andando na ponta dos pés eu vou até a porta e a abro colocando a ponta da caneta em posição de ataque. Franzo a testa não vendo nada e saio de vez da sala indo em direção ao corredor

Paro quando vejo um pequeno vaso com um tipo de suculenta espedaçado no chão. Cato ela tentando entender e sigo a outra fonte de barulho quando vejo a pessoa que está causando isso

- Finney! – falo em voz alta e seu movimento de chutar para fazendo ele oscilar um pouco antes de se estabilizar – O que está fazendo?

- Não te interessa – ele resmunga e passa a manga do casaco em seu rosto. Olho para trás tentando ver a sala do Lewis, mas não consigo definir se ele ainda está lá

Juntando os pedaços do vasinho de cerâmica branco eu as coloco em cima da mesinha com algumas revistas e me levanto observando Finney. Seus cabelos estão bagunçados, seus olhos estão vermelhos e sua mochila estava....

- Você vai viajar? – pergunto e ele ri, uma risada amarga

- Então eles não te contaram ainda?

Deixo que o silêncio seja sua resposta e ele joga a mochila tão cheia que cai de lado no chão com um barulho oco

- Eu fugi de casa – ele responde fungando de novo – Só que de novo, eles me encontraram

Seus pés param de bater no chão e ele se senta em uma das cadeiras, se abaixando ele apoia a testa nos joelhos e fica assim, em silencio, com a respiração pesada

- Foi para o teatro? – pergunto e ele hesita, seu corpo ficando tenso

- Sim – ele diz e eu aceno entendendo

- Sua mãe biológica não está lá Finney – comento baixinho e ouço seu choro enquanto ele tenta abafa-lo

- Ela mora lá, eu sei que sim

Me aproximo e me ajoelhando fico a sua frente, sem ousar toca-lo diminuo meu tom de voz

- Ela não está mais lá, e ouso dizer que você sabe disso

- Se eu soubesse de verdade eu não voltaria – ele responde levantando a cabeça bruscamente, seus olhos furiosos em cima de mim

Balanço a cabeça negando e suspiro

LYRIC: O Caos do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora