O Mago

📜 4- Aprendizado

Hiruzen acordou com dores no corpo devido às atividades do dia anterior. O banho de ofurô tinha relaxado bastante os músculos cansados, tanto que temia que, se não fosse a presença de Orochimaru dentro do Ofurô com suas brincadeiras, certamente teria adormecido ali.

Mas a idade e os excessos da juventude começaram a cobrar seu preço. Seria bom sossegar por um tempo. A enorme biblioteca demoraria para ser lida, agora que teria outras obrigações por cuidar do pequeno Orochimaru.

Espreguiçou e sentiu os olhos do menor em si.

- Bom dia, Hiru! - falou o menino com entusiasmo

- Bom dia! - disse o mais velho. Dobrou o seu futon e logo em seguida saiu do quarto, indo para o banheiro para fazer sua higiene pessoal.

Orochimaru ainda tinha um pouco de dificuldade para dobrar seu futon, por isso demorou mais. Depois foi fazer sua higiene. Quando chegou na cozinha, Hiruzen havia acendido o fogo e colocara água pra fazer um chá. Estava pegando os dois onigiri e as duas peras que Gantetsu havia preparado para o desjejum deles.

- Arrume a mesa para comermos, por favor, Orochimaru - pediu para o garoto - Quando acabarmos o desjejum vamos conversar com Akai Yoru-sama e depois, vamos ao mercado encher nossa dispensa.

Comeram em silêncio e após organizarem as coisas foram para os fundos.

- Bom dia, Akai Yoru sama - falou Hiruzen curvando-se respeitosamente assim que chegou diante do dragão

- Bom dia, Yoru! - disse o menino

- Vamos começar, sua formação pela história da magia aqui no Japão - virou-se pro Hiruzen e falou - Enquanto Orochimaru não aprende a escrever, gostaria que você anotasse o que eu disser, pra que ele possa estudar depois.

- Sim, Akai Yoru-sama. Vou buscar papel, pincel e tinta - e saiu.

Quando o mais velho voltou e se acomodou para ter condições de anotar, O dragão começou:

- A raiz da magia japonesa vem da filosofia chinesa do Yin/Yang, que se baseia na dualidade do Universo. É um conceito complexo, que você talvez não compreenda bem agora, será capaz de compreender melhor quando for mais velho. Podemos dizer que tudo tem o seu oposto. Vou dar alguns exemplos: luz e sombra, calor e frio, bem e mal... De acordo com essa filosofia, esses opostos se complementam, quer dizer que um não pode existir sem o outro, ou seja, Yin/yang são um todo indivisível. Yin é princípio feminino/passivo/negativo na natureza; Yang é o princípio masculino/ativo/positivo na natureza¹ - fez uma pausa - E tem também o wu ching, que é a teoria dos cinco elementos: madeira, fogo, terra, metal e água.

Baseado nesses estudos surgiu o Onmyodo, no final do século VIII, traduzido como Caminho do Yin Yang, que é uma mistura de ciência natural e ocultismo, práticas que foram influenciadas pelo Taoísmo, Budismo e Xintoísmo, incluindo elementos mágicos como Katatagae², monoimi³, henbai⁴ e cerimônias aos deuses taoístas, feng shui, e a arte médica do jukondō. Também foi influenciado pelo Budismo esotérico e pela astrologia de origem indiana (surukuyodo). Era principalmente aceito como um prático sistema de adivinhação. E assim surgiram os Onmyōji, que na língua japonesa significa literalmente: Mestre Yin e Yang, praticantes do Onmyodo, que por terem apresentado métodos capazes de evitar desastres com suas habilidades e magia, tiveram influência sobre a vida pessoal do imperador e da nobreza da corte, num periodo da historia do Japão E foram admitidos como funcionários públicos. Mas depois, no começo do século XIX, o Onmyodo foi tido como superstição e foi proibido. Sei que é muita informação, Orochimaru, - disse para o menino - mas, depois, peça ao Hiruzen que leia pra você o que foi dito e juntos, vão trazendo as dúvidas pra mim. Eu responderei às perguntas e vou esclarecer o que precisarem - virou-se para o mais velho e acrescentou - Agora, no início, precisarei da sua ajuda com as anotações, mas assim que nosso pequeno amadurecer, estiver lendo e escrevendo sem dificuldades, você poderá abandonar esses estudos se os considerar enfadonhos.