Maiara POV
Quando cheguei ao escritório nesse dia, depois de deixar Mara no piso onde era a sua entrevista, segui para o último andar do edifício. Era assistente de um dos vice diretores da empresa, Dr César Menotti, um homem duro, competente e exigente, mas sempre simpático e respeitador com toda a gente. Não se comparando a Senhorita Marília Mendonça, diretora e dona da empresa. Uma mulher que nunca vi sorrir, sem fria e grossa com toda a gente, com certeza tinha uma vida muito solitária e amargurada. Era sempre das primeiras pessoas a entrar na empresa, e a última a sair. Dizia-se pelos corredores que passava imensas noites a trabalhar. Enfim, agradecia a Deus por trabalhar com o Dr César e não com ela.
Nessa manhã, surgiram problemas com a filial de Londres, e Marília estava irritada e em ponto de ebulição. Passei a manhã entre chamadas e papéis, auxiliando Menotti em tudo o que era necessários, trabalhávamos juntos há algum tempo e já nos conhecíamos bem.
Mandei mensagem a Maraisa, pedindo-lhe que me esperasse na entrada na empresa à hora de almoço. Avisei o meu chefe que iria almoçar, ele assentiu
César: Pode ir, Maiara - falou simpático - tome um almoço reforçado, o nosso dia vai ser longo. Provavelmente teremos de sair tarde.
Maiara: volto logo, já providenciei o seu almoço e em breve entregarão no seu gabinete
César: Bom almoço, Maiara e obrigado - agradeci com a cabeça e retirei.
À saída, cruzei com Mendonça que passou apressada para o seu gabinete, no fundo do piso, uma zona mais resguardada do andar.
Maiara: bom almoço, senhorita Mendonça - falei educadamente, e ela limitou-se a assentir com a cabeça sem desviar o olhar ou desacelerar o passo - grossa - murmurei para que ninguém ouvisse.
Depois do almoço, voltei ao meu posto e, como prevemos, o dia foi muito agitado, ficando até bem depois da hora. Já passavam das 22 horas, quando César me dispensou, pedindo-me que chamasse um táxi e colocasse a despesa na empresa, não queria que andasse sozinha, nos transportes tão tarde. Assim fiz, mas não fui para casa, precisava de arejar a cabeça e respirar um pouco. Decidi ir até ao bar onde Maraisa trabalhava à noite.
Maraisa: Mai, por aqui? - deu a volta ao balcão e beijou-me a testa
Maiara: Sai agora do escritório, precisava de arejar a cabeça - sorri - trazes-me um cachorro quente? - Maraisa sorriu, voltou à parte de dentro do balcão e fez o pedido à cozinha.
Fiquei por ali, depois de comer, e tomei uma cerveja, que me soube como uma néctar dos deuses. Nada melhor para terminar um dia stressante. Senti o meu telemóvel apitar
Mensagem on
Fernando: precisamos de conversar. Não podemos terminar assim. Por favor.
Maiara: não temos nada para conversar, já te disse para me esqueceres, não te vou perdoar, nem te quero ver. Adeus, Fernando.
Mensagem off
Como o Fernando era insistente e não entendi que não o ia desculpar, nem queria falar com ele, depois das inúmeras traições dele.
Gustavo: posso oferecer-te uma bebida? - sorriu e falou perto do meu ouvido pela música alta
Maiara: já bebi de mais - sorri - amanhã trabalho, cedo. Não tens de trabalhar?
Gustavo: acabei de terminar o turno, mas vou esperar pela Mah, para a levar a casa, levo-te tambem. Enquanto isso, tomamos algo? - sorriu docemente e eu aceitei
Gustavo era um rapaz gentil, conheci-o através da Maraisa, eram amigos e colegas de trabalho, ele cuidava dela no bar, quando alguém ultrapassa a linha do aceitável era ele que a protegia sempre, que a deixava em casa todas as noites, para ela não regressar sozinha. Quem não os conhecesse, diria que era bem mais que amigos, mas na realidade, eles amavam-se como irmãos. E eu, ficava mais descansada por alguém cuidar da minha metade. Nunca achei boa ideia ela trabalhar à noite.
Esperamos algum tempo por Maraisa, que trataria de fechar o bar, nessa noite, por isso, ficamos até o último cliente sair.
Maraisa: então, bonitos, vamos embora? - falou enquanto desligava as luzes do balcão, deixando apenas as de presença, desligando também a música.
Gustavo: estávamos à tua espera - sorriu - vamos lá, princesas
Maiara: amanhã de manhã, vai custar tanto acordar - falei manhosa
Maraisa: devias ter ido para casa descansar, metade - abraçou-me - anda, o Gustavo deixa-nos em casa
Entramos no carro do Gustavo, e em 30 minutos estávamos à porta do nosso prédio. Despedimo-nos dele, agradecendo a boleia, ao entrar em casa, despedi-me de Maraisa e adormeci. Daqui a umas horas, teria de acordar novamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Intenção
FanficA poderosa Mendonça é arrancada do seu mundo de negócios, sem aviso, pela pessoa que vai virar a sua vida ao contrário, devolvendo-lhe o desejo de viver além da sua secretária. Uma história em português de Portugal.