"Estou brava com você
Por ser tão fofo
E por mudar meu humor
E alterar minha grosseria"
-Alessia Cara•••
Era a quinta vez. A quinta vez que Lumine chamava Arataki Itto para uma conversa importante e a quinta vez que, quando estava pronta para pôr o tópico em pauta, Itto repentinamente se lembrava que havia algo que precisava fazer, sendo que das últimas quatro vezes que ele a informou disso, ela o encontrou mais tarde brincando com as crianças das redondezas.
Sinceramente, Lumine estava exausta daquela situação e da humilhação que a cercou como consequência. Ela certamente não escolheu nutrir sentimentos amorosos por ele e certamente não esperava ter um relacionamento com o mesmo. Ele fugia tanto dela que já poderia presumir que ele não a via como nada além de uma amiga ou integrante de sua gangue.
Após ter sido deixada falando sozinha na Praia Nazuchi, Lumine bufou e invocou o Bule de Relachá para se encontrar com Paimon no Paraíso Mágico. Não iria mais fazer isso consigo mesma. Não iria mais permitir que o gosto amargo do desprezo escorregasse da língua até a garganta e fizesse seu peito afundar. Arataki Itto estava ignorando-a propositalmente e ela não conseguia entender o porquê. Tinha certeza de que não fez nada de errado e que em todos esses meses que passaram juntos participando de apostas envolvendo Onikabutos, missões da guilda e duelos bobos somente por diversão, foi uma ótima amiga e companheira, então, por que ele estava fugindo da viajante todas as vezes?
Lumine não queria nada além de poder declarar seus sentimentos, ser honesta com o Oni para que assim, seguisse em frente sem ficar se questionando o que teria acontecido se tivesse dito a verdade para ele, mas aparentemente, ele não estava disposto a ouvi-la, e isso a machucava mais do que ela gostaria. Não parecia justo, muito menos certo, mas Lumine não estava com ânimo para discutir ou continuar correndo atrás dele como uma idiota. Se Itto pretendia ignorá-la, então ela faria o mesmo. Não mais o procuraria, não mais perguntaria sobre seu dia ou participaria das suas competições. O grande apreço que sentia por ele não valia a dor que suas ações estavam lhe causando.
Lumine merecia mais, muito mais.
Dando uma última olhada para a paisagem ao seu redor, ela notou que o Oni já havia sumido do seu campo de visão. Não houve uma despedida entre eles e provavelmente acabaria assim, sem algo que estabelecesse o rompimento dos seus laços de amizade.
Com um olhar ferido, Lumine voltou sua atenção para o bule e abriu a tampa esperando o objeto se transformar em um portal espiral, caminhando para dentro em seguida.
O cenário do Paraíso Mágico se mostrou logo antes do portal atrás de si se fechar.
— Seja bem-vinda de volta, viajante. — Tubby se pronunciou com a mesma feição solidária de sempre.
— Olá, Tubby! — Lumine sorriu. — Sabe onde está Paimon?
— Um dos seus convidados apareceu e Paimon o levou para a região mais elevada daqui. Se não me engano, ele se chama Kazuha.
— Kazuha está aqui? — Lumine olhou na direção onde Tubby indicou que eles estavam, mas além de ser muito distante para sequer enxergar o esboço de alguém, haviam nuvens passando por ali, quase a impedindo de ver a última ilha flutuante. — Eu vou até lá. Obrigada por me informar sobre eles.
— Estarei à disposição para o que precisar. Até depois, viajante. — Tubby disse educadamente e se ajeitou dentro do próprio bule, encolhendo-se para que a tampa deste fechasse.
Passo após passo, Lumine seguiu o caminho até Paimon e Kazuha, passando por algumas trilhas de árvores, casas, lagoas e decorações que davam vida e harmonia ao ambiente. A viajante havia feito um ótimo trabalho naquele lugar e se orgulhava muito disso, afinal, Teyvat era extremamente diferente de seu mundo, então precisava que o Paraíso Mágico se assemelhasse ao lugar onde nasceu, assim, em dias difíceis nos quais a incerteza sobre o fim da sua jornada a dominava, sentia-se menos perdida e insegura.
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Such a Cute Gangster
Romance"O Oni ficou hipnotizado com as curvas da viajante, com a pele que parecia ser tão macia, com a cor rubra que não abandonou suas bochechas desde que se beijaram no chão arenoso. A palavra 'arte' veio em sua cabeça, e ele pensou que combinava com ela...