"Te amo, mi hija". Único

66 9 4
                                    

Bruno estava consideravelmente cansado. O casamento de sua irmã Pepa havia sido um desastre.. e ele era o culpado. Sem querer ele havia dito que poderia chover graças ao estresse da gêmea, mas o que inicialmente era pra ser apenas uma piada, em seguida se tornou uma triste e horrível realidade.


Se ele se culpava? Sim, muito! E pior, toda a vila estava lá quando Pepa quase acertou o irmão com um raio, quando aos choros exigiu com que o caçula se retirasse da cerimônia, e assim foi feito. Agora, com a o terno encharcado e os cabelos grudados na testa, Bruno sabia que voltar para casa tão cedo não era uma opção.. Pepa provavelmente criaria uma tempestade tão forte que criaria uma enchente dentro da própria casa, isso se não fizesse um furacão.


Todos da vila o olhavam torto, com desprezo. Ele tentou encobrir o rosto com as mãos - já que não estava com sua manta convencional para evitar todos os olhares mortais queimarem sua pele.


Quando ouviu uma voz adorável enquanto andava apressado pela vila.

- Papai, por que olham daquele jeito pra aquele homem?


- Aquele homem é um monstro, hija, ele estragou o casamento da própria irmã por inveja.


Inveja? An? Estava feliz por Pepa, por conseguir encontrar finalmente o amor de sua vida. Por mais que quisesse sim um dia encontrar uma mulher doce para amar e chamar de sua, queria que fosse na hora certa e nunca estragaria o dia de sua hermanita.. Bom, não propositalmente



Com esse comentário, Bruno apressou o passo e passou por todos da Vila, passou reto por sua casa indo em direção a uma pequena floresta que havia ali perto, onde além dela estaria o porto seguro de Bruno, o seu lugar, o seu cantinho.


Era uma espécie de campo à céu aberto, a luz do pôr do Sol se fazia presente e dava uma leve preocupação a Bruno, já que passar a noite num lugar como aquele não seria a melhor das ideias, mas esperava ansiosamente que ninguém além dele soubesse daquele lugar, o que sinceramente.. era bem difícil.


Ou era o que ele pensava.


- Moço? - a voz se fez ali presente causando um grande susto no vidente, a mesma garotinha da qual o pai havia dito que ele estragaria o casamento de Pepa de propósito, agora ali estava com os olhinhos curiosos e sua voz delicada perguntando sobre ele por alguma razão que desconhecia.


- O-o-o quê?? Por que você está aqui? Cadê seus pais? O que está fazendo sozinha aqui essa hora?? - gaguejava entre as palavras, Deus, o susto que havia levado fez um choque enorme percorrer pelo seu corpo. O choque que havia escapado de ter pelo trovão de Pepa, com certeza havia acabado de receber em dobro naquele momento.


- Mi papa disse que você era uma pessoa ruim.. e que você estragou o casamento da sua irmãzinha... Mas, se fosse verdade.. o moço não estaria chorando, não é? - aquele olhar até que era fofo, mas aqueles olhos grandes e arregalados olhando fixamente para os seus causavam um certo medo em Bruno, por mais que ela fosse apenas uma criança.



- B-bem... - ah, Deus, ela era apenas uma criança, não precisava pensar em uma resposta que faça sentido - Eu amo mi hermana, nunca estragaria o casamento dela.. foi um acidente, ok? Agora vá para os seus pais, sua mama já deve estar preocupada com você!


Então, ele viu a garotinha desviar o olhar, com uma expressão consideravelmente triste.


- Mi mamá está muerta..


Congelou. Tanto por ter relembrado uma coisa dessas a uma criança, quanto por justamente uma pobre criança ter passado por um evento traumático desses.


Não Falamos do Bruno... Mas podemos falar sobre sua filha?Onde histórias criam vida. Descubra agora