Intenção

doze.

Marília POV

Mais um dia na sede da empresa, comecei a manhã a conversar com César Menotti, informando-o da situação delicada de Maiara, e que lhe tinha dado dispensa naquele dia, mas no dia seguinte ela estaria de volta.

Tive uma reunião com Murilo, online, e colocamos em marcha o plano de recuperação da filial inglesa e dos danos causados a toda a empresa. Tudo parecia estar a correr bem e isso deixava-me motivada.

Nesse dia, sai mais cedo do que o habitual, do escritório, e decidi ligar a Maiara no caminho para casa.

Chamada on

Maiara: estou?

Marília: Maiara, é a Marília que fala

Maiara: doutora Mendonça?

Marília: sim, eu mesmo - consegui evitar um sorriso pela estupefação dela

Maiara: olá, doutora. Em que posso ajudar?

Marília: em nada Maiara, está tudo bem, só quero saber como está desde ontem, e se falou com a Luísa

Maiara: estou melhor doutora, obrigada pela sua atenção. Encontrei-me hoje com Luísa, e ela iniciou o processo na polícia. Terei de faltar ao trabalho para prestar algumas declarações

Marília: não há qualquer problema sobre isso. Tive de avisar o César sobre a situação, e ele compreenderá

Maiara: doutora, não sei como agradec...

Marília: fique em segurança, e se precisar de alguma coisa ligue-me, ficarei chateada se não me pedir ajuda quando precisar

Maiara: obrigada, doutora

Marília: vemo-nos amanhã no escritório. Bom descanso Maiara

Maiara: obrigada pela preocupação. Até amanhã doutora

Chamada off

Estava genuinamente preocupada com Maiara, o ex namorado dela era realmente violento e agressivo. Odeio cobardes que se aproveitam da força que têm para agredir e ofender mulher com menos capacidade física.

Liguei então para Luísa

Chamada on

Luísa: vejam só se não é a empresária mais sexy da capital

Marília: olá senhorita - sorri - hoje sou eu que a convido para jantar, aceita?

Luísa: aceito, claro - deu uma risada - onde?

Marília: que tal no mesmo restaurante de ontem? Gostei do lugar

Luísa: encontro-te lá, ainda vou tratar de uns documentos. Até já minha linda

Marília: até já ali

Chamada off

Ao chegar a casa, equipei-me e fui até ao ginásio do prédio, precisava de fazer desporto para aliviar todo o stress. Depois de 2 horas de exercício, subi até ao apartamento onde tomei um banho de hidro, para relaxar. Vesti um vestido colado, branco, uns ténis pretos, prendi o cabelo num rabo de cavalo perfeito, no cimo da cabeça, e fiz uma maquilhagem que realçava os olhos, com um batom leve. Gostava do que via ao espelho e isso deixava-me feliz.

Conduzi até ao restaurante, ouvindo música que passava na rádio e batendo com os dedos no volante, gostava imenso de conduzir. Ao chegar ao restaurante, o meu telemóvel tocou.

Chamada on

Marília: Murilo?

Murilo: Oi Marília, desculpa a hora mas precisava de falar contigo sobre algo da empresa

Marília: a tua chefe sabe que trabalhas até tarde? - ouvi-o rir do outro lado

Murilo: ela vai gostar do motivo

Marília: então?

Murilo: apanharam o John, acabei de falar com o chefe da polícia, vão trazê-lo amanhã para Londres para ser julgado

Marília: perfeito, Murilo, perfeito

Murilo: e há mais, conseguiram reaver grande parte do que ele roubou à empresa

Marília: isso é incrível, perfeito, estou contente por essa notícia

Murilo: sabia que ias gostar

Marília: mantém-me informada, agora vai descansar, já é tarde

Murilo: assim farei, chefe

Marilia: até amanhã

Murilo: até amanhã Marília

Chamada off

Luísa: não consegues mesmo largar o homem? - falou aparecendo por trás de mim

Marília: encontrar o sacana que roubou a empresa, Lu - decidi ignorar a piada dela sobre o Murilo - vamos, quero celebrar

Seguimos em direção à mesa que estava reservada em nosso nome, e jantamos, estava genuinamente feliz por terem prendido a pessoa que roubou milhões à MendonçaArch, tanto que convidei Luísa para beber algo, depois do jantar, foi ela que escolheu, e adivinhem só? Escolheu o bar onde temos ido, já parecia rotina. Enquanto íamos no carro até lá, Luísa foi falando por chamada com Day, a morena que a estava a amarrar.

Deixei-a no carro a terminar a sua conversa e entrei no barzinho, sentando-me no fundo, zona habitual onde costumávamos ficar.

Gustavo: boa noite senhorita

Marília: boa noite Gustavo - cumprimentei - como estão esses golpes?

Gustavo: a sarar senhora - sorriu

Marília: e a Maiara?

Gustavo: vai ficar bem, a doutora Luísa vai ajudá-la...

Luísa: eu vou fazer aquele vagabundo pagar por tudo, palavra de Sonza

Gustavo: boa noite doutora - sorriu ao ver Luísa - eu só posso agradecer o que estão a fazer pela Mai, ela é uma pessoa muito especial, e ajuda que as senhoras lhes estão a dar vai ser muito boa, obrigado

Luísa: eu não quero agradecimento - falou séria - quero uma cerveja - sorriu e o rapaz começou a afastar-se - Gustavo - voltou a aproximar-se - lute por ela, você parece-me um bom moço

O rapaz nada disse, apenas sorriu e acenou com a cabeça, voltando pouco depois com as canecas, deixando-nos sozinhas.

Luísa: eu vou ter de voltar a França dentro de dias, mas volto para cuidar do processo da Maiara

Marília: obrigada, Lu. Eu posso pagar os teus honorários

Luísa: nem penses nisso, Mendonça. Há coisas que valem mais que o dinheiro, e ajudar alguém a viver em segurança é um bom honorário, para o trabalho que farei

Marília: és uma boa menina - sorriu apertando-lhe as bochechas - que comentário foi aquele sobre ele lutar?

Luísa: vais-me dizer que não reparaste na maneira como ele olha a Maiara? Ou como saltou para cima do canalha ontem, para a ajudar? E pelos vistos, não foi a primeira vez. Está na cara que ele gosta dela, e ela dele - sorriu

Não respondi, mas pensei o quanto é bom ter um amor correspondido.

A música estava alta e animada, e apesar de não estar cheio, o ambiente estava animado, até que algumas pessoas começaram a dançar animadas pela pista de dança, e em cima do balcão. Gustavo e a irmã de Maiara, de quem eu não sabia o nome, estavam animados, servindo os clientes dando passos de dança.

A vida fora do trabalho era boa, e simples.