os dias que passam (?)

um DOS dias pt.1

- Como ela é?

   Perguntava Bia para Edu. Estavam conversando sobre o novo amor dele. Mais um... Eduardo era um grande apaixonado: "Edu is the new Charlie Brown Jr" dizia ela; ele ria e dizia, em tom de crítica divertida, "Charlie Brown Jr é a banda, idiota, o compositor é o Chorão"; ela revirava os olhos, e ele também o fazia, em automático e em resposta ao revirar dela. Eles tinham muita química.

- Um dia eu te digo, Bia. - ele tava louco esperando ela perguntar de novo, insistir na resposta.

- Aff... - ela bufou e murchou a postura. Estavam no lugar de sempre: aquele chão sujo com pegadas de sapatos da loja de azulejos era melhor que qualquer sofá pra eles. Um santuário, apesar de ser a cama de mendigos em horas matutinas... Naquela hora estava vazio, em pleno 19h da noite. Foi ali onde eles deram seu primeiro beijo. O beijo amigo, o beijo confidente, o beijo selinho, mas ainda sim ardente. No fundo, eles queriam mais daquilo, mesmo que se forçando a acreditarem que era um beijo de brother... Eles queriam qualquer coisa um do outro.

- Egrilo, fala logo. - <Deus, eu amo o fato dela ser insistente>, pensa ele. No fim das contas, Eduardo só estava se fazendo de difícil 'o que não combinava muito com ele' sempre achou ela.

- O que você quer saber, exatamente?

   Ela olhou para a sua esquerda onde ele estava, e entortou os lábios pensando.

- Qual a primeira letra do nome dela?

   Ele sorriu.

- A - Ele disse, olhando nos olhos dela.

- A? De... Andréia? - Ela ri, nada intimidada pelo fato dele encará-la quase sem piscar. Ela costumava falar olhando nos olhos das pessoas, e ele "pegou" essa mania dela e fez de sua também.

   Ele dá de ombros. Não facilitaria as coisas pra ela com dicas bobas, afinal a resposta estava diante de si.

- Porra, cara. - Ela exaspera. <Boca suja>, ele pensa. - Você também não facilita, né? 'Fofoca pela metade mata fofoqueira, veja mais!' - Ele ri com a garganta.

- Talvez, Ana Júlia? - ele a olha, e pisca com os dois olhos em completa atenção. - Não? Tá, você me olhou estranho, então tem Ana, né? - Ela não o espera responder, e continua com seu raciocínio - Ana Luuuuiiizzzza? - ele levanta as sobrancelhas, entorta o pescoço e a olha com puro tédio - Mala, ok, Talvez Ana... Ana... - ela pensa pensa e pensa - Ela é Ana Beatriz também?

Opa

Ele levanta os ombros, fingindo descaso - Quem sabe.

- Ok, é Ana Beatriz, ok, ahn... Ela é de onde? Da sua escola? - ele nega e ela pensa - De onde caralhos ela é, então?

- Ela é do meu grupo de amigos. - Ele fala em tom óbvio, porque de certo modo era mesmo.

Com as sobrancelhas levantadas, ela respira fundo em compreendimento e o olha - De onde ela é?

Ele franze o cenho - você já perguntou isso

Ela levanta o cenho - é verdade, né

≠

   Bia tinha os cabelos mais interessantes que ele havia visto, porque de certo modo ele era degradê. Era castanho na raiz e em seu decorrer era um ruivo amarelado (ou loiro alaranjado), e nas pontas amarelo blonde. Ele adorava o cabelo dela. Adorava tudo nela, do seu piercing no septo e estilo musical quase idêntico ao seu até seu jeito esperto e ingênuo de lidar com a vida e com as pessoas. Era uma criança madura, como ele gostava de dizer.

   Ela o conheceu jogando Roblox com seu melhor amigo, que também era o dele: Luan. Era um cara legal e engraçado, mas também bem raso e levianamente medíocre. Mas ela o amava muito, e acreditava num futuro onde os três existiam e eram o quarteto bombástico pra sempre. Sim, quarteto, também tinha o João, João Gabriel. O mais recluso e introvertido (será o mais?), com o espírito mais velho (Eduardo também) e reclamão deles. Era "o leonino sem charme" como Bia gostava de chamá-lo. Eduardo era o mais autêntico geminiano que existia, tirando a parte sociável; Nathan era o virginiano mais bagunceiro e desesperançoso do planeta, tendo só as características cruas do elemento de terra, e Bia era a canceriana que dizia parecer mais com seu ascendente aquário, mas que não era tão convincente e iconoclasta assim pra convencer os outros disso. Ela gostava de dizer que cada um era de um dos elemento de signos, pois cada um fazia em meses sequência, um atrás do outro e que eram quase totalmente balanceados (Edu e Nathan faziam em dias pares, e Bia e João faziam em dias ímpares)... Mas isso é assunto pra outra hora, os dois ainda estão a procura de um denominador comum.