vinte e nove.

1K 96 13
                                    

Maraisa POV

Maraisa: o que tem em mente, doutora? - disse bem perto da sua boca, fixando os seus olhos

Marília nada disse e beijou-me, um beijo dominador, intenso, com urgência e saudades. Colocou as suas mãos na minha cintura e sentia as suas unhas cravarem na minha pele, enquanto os meus braços envolviam o seu pescoço, e as minhas unhas massajavam a sua nuca. Uma das suas mãos deslizou até à minha bunda e apertou-a, o que me fez soltar um gemido baixo, que deixou Marília a sorrir. Sentia-me quente, o meu corpo pedia mais, o meu corpo queria o dela.

Marília: vou tomar um banho, senhorita - falou sorrindo e parando o beijo - esperas por mim?

Maraisa: sempre - dei vários selinhos nos lábios dela

Marília foi até ao seu quarto e eu fiquei na sua enorme sala, com uma grande janela, de onde se via perfeitamente o mar, de um lado, e a cidade do outro. Uma vista de cortar a respiração. Sentei-me numa das poltronas que estava ali, e fiquei a admirar a paisagem, depois de terminar a minha maquilhagem e prender os cabelos perfeitamente atrás da cabeça.

Marília: vamos? - falou ao meu ouvido enquanto as suas mãos abraçavam o meu pescoço por trás

Maraisa: vamos, sim - quando me virei, a minha respiração falhou - estás linda, Marília

Marília: tudo para ti - falou baixo, perto da minha boca.

Ela usava um vestido branco, com duas aberturas na cintura, colado, que deixava as suas curvas bem definidas.

Maraisa: é melhor irmos jantar - levantei, passando por Marília que ria alto

Marília: espero - puxou-me pelo braço e encostou-me ao seu corpo - quero o meu beijo - beija-mão-nos com urgência, com saudade e com desejo.

Descemos novamente até ao carro, e Marília conduziu até ao restaurante onde íamos jantar. Ao entrarmos, o funcionário cumprimentou Marília, incrível como esta mulher nem precisava de dar o nome. O homem levou-nos até uma mesa no fundo do restaurante, numa área reservada e isolada.

Maraisa: Marília, eu não tenho condições de comer num sítio assim - falei preocupada

Marília: calma - fez carinho na minha mão sobre a mesa - eu convidei, eu pago, o jantar hoje é por minha conta, e não aceito que refiles - sorriu - eu apresento-te o meu mundo, tu apresentas-me o teu, que te parece?

Maraisa: parece-me bem, apesar do meu mundo ser 1000 vezes mais barato que este sítio - o meu comentário fez Marília soltar uma risada que me hipnotizou

Fizemos o nosso pedido, e depois de nos servirem com um vinho escolhido por Marília, é pouco depois chegou a comida. Estava deliciosa, na verdade.

Marília: como foi a tua semana?

Maraisa: normal, sempre entre papéis e arquivos

Marília: não estamos aqui para falar da empresa, pergunto como foi a tua semana, fora da empresa - deu o seu sorriso que me derrete

Maraisa: ah - deu uma risada - fora da empresa, trabalhei no bar, todas as noites, e não me resta grande tempo livre, mas acabo sempre por ler um pouco

Marília: não é esgotante? Ter os dois trabalhos

Maraisa: um pouco, sim - sorri - mas já estou habituada, além disso, o importante é eu manter os dois trabalhos, para conseguir voltar a estudar

Marilia: és uma lutadora, sabias?

Maraisa: faço o que qualquer pessoa faria no meu lugar - sorri - e a tua semana? Fora da empresa

Marilia: não tive - sorriu de canto - tirei só algumas horas para dormir, mas passei a semana toda em reuniões, de dia e de noite

Maraisa: mas os meus empregos é que são esgotantes, não é doutora? - brinquei

Marilia: é o preço a pagar, por ter filiais em fusos horários tão diferentes - sorriu - no fundo, eu gosto do que faço. Mas sim, devia descansar mais - sorriu - mas por regra, fico sozinha em casa, então na empresa sempre me mantenho ocupada

Maraisa: entendo - falei pensativa, e Marília olhou-me interrogativa - acho-te uma lutadora, sabias? Não é qualquer pessoa que, aos 22 anos, assume uma empresa multinacional, consegue fazê-la crescer, e ao mesmo tempo impor-se num mundo machista como o dos negócios, e além disso, impõe respeito a todos os funcionários - sorri - só mesmo a doutora Marília Mendonça

Marília: fiz o que qualquer um faria no meu lugar - sorriu ironizando a minha frase

Maraisa: nem todos, muitos afundariam a empresa - sorri

Paramos de falar na empresa e perguntei a Marília sobre a sua vida antes de assumir a empresa, ela contou-me sobre a amizade com Luísa, da mãe, do irmão e do pai. Percebi que a morte dele era uma ferida ainda aberta, e que precisava de ser cicatrizada. Entendi o motivo da muralha que ela tinha construído ao longo do tempo, da forma como se protegia, porque, no fundo, ela só contava com ela para se proteger, além de Luísa, da mãe e do irmão, e todos eles tinham a sua vida, e viviam longe dela.

IntençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora