César em: "O que está havendo?"

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A cena era caótica, mas a ideia genial de Alex fez com que os mortais se evadissem do prédio. Sendo assim, não precisavam se preocupar em serem alvejados por balas perdidas dos policiais federais, podiam se preocupar "apenas" com as garras e espadas dos monstros e semideuses inimigos. Que, aliás, no primeiro andar eram bem menos do que imaginavam.

Quando implodiram a entrada do prédio com van e logo após baixar a poeira, César pensou rapidamente em duas ações: espalhar seu poder pelo local para confundir os inimigos e descobrir quem eram as três semideusas que já estavam combatendo os daemones antes mesmo que eles chegassem. Betina e Thiago foram até as combatentes e o restante começou a eliminar vorazmente os centauros mutantes e lâmias que vestiam fardas pretas e protegiam o acesso ao primeiro andar. Eram cerca de quinze inimigos espalhados ao longo de um hall com vinte metros de comprimento e dez de largura. Os móveis jaziam espalhados pelo chão e para chegar às escadas e ao elevador precisavam passar pelos monstros.

Quando uma leve neblina roxa e adocicada tomou conta do ambiente, Thiago e Betina se aproximaram seguidos de perto pelas três garotas trajadas em vistosas armaduras de ouro, prata e bronze. Antes mesmo que elas se declarassem, César pôde notar que elas tinham parentesco com Dionísio. Seus cheiros eram frutados como as videiras ao longo das estações, suas vestimentas eram entalhadas com ramos de parreiras e elas, mesmo que cada uma de uma forma diferente, emanava uma presença caótica.

-Pelo jeito, o papai gostava mesmo de se divertir por essas terras! - A garota de cabelos pretos cacheados, óculos e armadura de ouro foi a primeira a falar. Ela tinha um cheiro intenso de vinho malbec, espesso, intenso e marcante. Sua lança dourada toda revestida por videiras era intimidadora, assim como sua língua - Filho de Dionísio, certo?! Dá pra sentir seu cheiro de longe, irmãozinho. Sou Maia, filha de Baco e líder da sede brasileira das Amazonas.

-E eu sou conselheiro e líder dos filhos de Dionísio ou Baco no Acampamento Perdido. -Respondeu César estufando o peito - Fico feliz de encontrar mais irmãs, mesmo que o momento não seja tão favorável.

-Ou vocês vão se dar muito bem ou muito mal - Disse a menina ruiva, que usava uma armadura de prata e um lindo arco todo decorado do mesmo material. Tinha um perfume mais suave e convidativo, assim como um delicado rosé de Pinot Noir - Eu me chamo Sara, neta de Baco, ou seja, um legado.

-Está muito lindo o papo de vocês, mas a gente precisa abrir caminho, se esqueceram?! - A terceira garota tinha uma armadura de bronze mais flexível, curta e recortada, passou correndo por eles com duas adagas em punho e um refrescante cheiro de uvas brancas - Aliás, sou Cintia, filha de Poseidon.

-Poseidon? Não faz sentido... - César pensou alto.

-Besteira! Ela é filha de Dionísio mas queria ser de Poseidon. Longa história, que aliás não faz sentido algum - Explicou Maia.

-E o que ela quis dizer com abrir caminho? - Questionou o garoto.

-Três das suas amiguinhas desaforadas estão no telhado tentando invadir o prédio! - Cintia falava enquanto esfaqueava um pequeno demônio com roupas de recepcionista - Isso aqui é só uma distração... - ela rolou pelo chão e não viu um outro adversário que furtivamente avançou contra ela. Uma vinha prendeu-o e o esmagou antes que o ataque se concretizasse.

As duas amazonas olharam para ela com cara de deboche e Cíntia gritou:

-NÃO SOU FILHA DE DIONÍSIO!

-Maldita - reclamou Maia - as ramas a defendem naturalmente mesmo involuntariamente, e ela ainda tem a audácia de reclamar! Se soubesse o quanto é difícil conseguir controlá-las...

-Isso significa que se não nos apressarmos elas irão encontrar Alastor sozinhas?! - Concluiu César.

-Gênio! - Ironizou Cintia.

O Conto das Parcas: As Três Maldições - Vol IIOnde histórias criam vida. Descubra agora