Complexo eterno de euforia.

Geralmente quando somos crianças, tudo e todas às coisas para nós são coloridas, bonitas e extasiantes como todas às cores do arco-íris. Afinal isso tudo era novo, era tão chamativo, era como se fosse um convite para um complexo de euforia eterna, como se todos os nossos sonhos e desejos pudessem se tornar realidade.
E a única coisa que não sabíamos, é que tudo isso poderia vir à cair por terra. A terra onde futuramente nós iríamos parar, sem sonhos, ou expectativa de algo bom, e muito menos algum sentimento ali existente. Só a carne sem vida, a vida que um dia nos foi dada, o livre árbitro que nos foi concedido pelo ser mais sagrado e poderoso existente, que um dia irá julgar às nossas almas, aquelas que com o passar dos anos se corromperam, com a inexistência da pureza da infância, que um dia foram crianças sem maldade, e que hoje profanam a criação de Deus.
Quando crescemos estamos deixando à coisa que nos fazia ser indefesos, a dependência é uma coisa que também é deixada no processo. O processo do crescimento é onde toda a ilusão que nos é aplicada, é removida de nós, por quê será que fazem isso conosco? Nos enchem de esperança para depois jogar tudo isso fora, para o nosso desenvolvimento talvez? É aquele tipo de coisa que nunca iremos entender.
Mas isso talvez seja importante. Afinal toda a majestosa inocência, compensa a profanidade dos corações sofridos, vazios e envelhecidos com a armagura do longo dos anos. Porque nesse mundo a única coisa que sabemos é que, como a vida nos foi dada, a mesma seria tirada. "Somos feitos do pó, e para o mesmo pó iríamos voltar. A certeza de que um dia tudo para nós irá acabar, é desesperador, mas é a única coisa que sabemos, e que no dia que vamos morrer, o qual é desconhecido para nós, nem o mais rico homem da terra pode escapar, porque neste momento nem o mais caro ouro pode pagar pela dádiva da vida, ou nem o mais puro e forte ferro, pode pagar pelo os pecados de sua alma.
Crescer é o momento da sua vida em que todas às suas escolhas haverão consequências. As consequências serão o algo que será a sua responsabilidade de lidar, seja ela boa, ou má. E o mais engraçado, é que não temos escolha, ou melhor, não temos poder para mudar o que foi predestinado pelo ser sagrado. A única coisa que podemos fazer, é aproveitar os únicos momentos que temos do nosso complexo eterno de euforia, tentar tornar as coisas mais fáceis, aproveitar o espírito jovem, talvez construir algo que possa ser lembrado por alguém, chegar a uma certa idade onde as forças se atrofiam, quando todas as coisas boas serão só lembranças e histórias, o momento em que a única coisa a se fazer é esperar a sentença de todo o ser que vive, a morte.