Capítulo 25

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Então é amanhã...

Tento não pensar muito sobre as coisas, mas me sinto fraco, talvez eu seja. Yven desce as escadas e para perto de minha cela.

- Decidiram já. - assinto.

- Como foi a reunião? - Yven sorri levemente.

- Tentamos de tudo para fazer Ada e Faruk repensarem, mas sabe que eles são inflexíveis e regras só são quebradas desse lado quando é feito pedidos de quem tem muito poder, mas como  era Adeline que foi encoberta, para eles reverterem a ordem de Decapitação, seria em um caso extremo. - ele diz. - Aigon implorou de joelhos, mas não adiantou. - ele diz e assinto.

- Não deveriam implorar pela minha vida, eu errei. - digo e Yven me olha com olhos amarelos.

- Queria poder ajudar, mas estamos todos impotentes. - ele diz e fecha as mãos em punho. - Perdão meu amigo. - sinto um nó na garganta.

- Vocês fizeram o que podiam. - digo e ele se afasta. Suspiro e olho para a cela onde Adeline e os outros estão. Eles parecem famintos e vez ou outra, um deles se joga contra a grade. É de dar pena.

Alguns querem tanto poder e são tão ambiciosos que terminam em situações de dar pena.

Ver eles com tanta sede e parecendo tão irracionais é uma visão perturbadora é triste. A própria ambição deles acabou com a vida deles.

Pandora corre e para perto da minha cela. Ela chora.

- Lion... - ela parece chateada. - Venha até aqui! - ela exclama e me levanto do chão, me aproximo da grade e me curvo, ela toca minha testa e colhe informações, a dor é tamanha que cerro os dentes e tensiono. Pandora se distancia. - Vou tentar convence-los, nem que eu tenha que sugerir morrer em seu lugar. - ela diz.

- Não pense nisso. - digo. - Enfrentarei qualquer consequência. - afirmo.

- Vou tentar reverter a última ordem. - ela diz e sai apressada.

Me pergunto o que decidiram na reunião. Me sento perto da grade e finalmente Aigon aparece. Me levanto e me curvo.

- Que horas será a execução? - pergunto e Aigon me olha com pesar, seus olhos estão negros.

- Meio-dia. - ele diz, assinto.

- De hoje? - ele nega.

- Amanhã. - ele diz e assinto.

- Obrigado senhor, foi um prazer te servir... - digo e ele enfia a mão entre as grades e me puxa contra elas, bato com o peitoral na grade e arfo. Ele me encara.

- Não ouse se despedir. - ele diz e seus olhos marejam. - Por que não me ouviu quando te pedi que sempre reportasse intrusos, mesmo não sendo do batalhão de Drake? - sorrio levemente.

- Às vezes, o silêncio é a pior resposta, apenas escolhi a hora errada de ficar em silêncio. - ele assente e solta minha camiseta. - Continuarei te servindo até o dia de minha dispensa senhor. - digo e Reverencio Aigon. Ele se retira e suspiro.

O dia passa lentamente e adormeço cedo.

***

Acordo com Axe me trazendo o café da manhã, tomo o café da manhã e Axe busca novamente os talheres sujos. Ele me olha com pesar.

- Pandora pediu para avisar que não conseguiu. - assinto.

- Eu imaginei, Faruk já sabia que eu não tive intenção de esconder Adeline por mal, ele conhece meu coração. - digo.

- E agora? - penso um pouco.

- Farei meus últimos momentos serem bem lembrados. - olho para a cela de Adeline.

As horas seguem e guardas reais descem ao calabouço, eles algemam todos os que serão decapitados e colocam coleiras de ferro em todos eles. Eles acabam com os pés algemados de forma que limita os movimentos completamente. Aigon desce com Yven e eles abrem minha cela e apenas colocam algemas em minhas mãos e o colar de ferro.

Saio da cela depois que os outros são levandos, Aigon caminha na minha frente e atrás dos humanos e Yven caminha atrás de mim. Movo as asas e relaxo elas, deixando que toquem o chão.

Subimos as escadas do calabouço e seguimos para a rampa que leva a cozinha, caminhamos por ela e a única coisa que penso é "Eu já fiz esse caminho diversas vezes, como alado de um batalhão". Passamos pela cozinha e depois pelo jardim de flores. Olho para elas e penso qual será meu destino depois que eu morrer. O que será feito com meu corpo, para onde irei?

Serei uma rosa por conta de meus bons atos e coração puro?

Serei um mártir e traidor que estará condenado ao lago de almas perturbadas?

Caminhamos pelo jardim e é como se tudo passasse em câmera lenta, olho para o céu e vejo nuvens escuras se formando. "Gostaria de morrer em um dia ensolarado..." Talvez seja pedir demais, já que sou um alado e Faruk é Guardião e decidiu me decapitar.

Ele não parece feliz pela decisão de me matar, se estivesse feliz, teríamos sol e eu morreria em um dia ensolarado. Faruk está aflito.

Olho para a grande muralha que leva ao vilarejo e vejo a quantidade de seres místicos. Os humanos corrompidos estão agitados e vez ou outra tentam avançar em algum ser místico que observa. "Fome."

Antes de matar, ela te consome.

Passo pelos seres místicos aos quais eu deveria proteger, mas meu silêncio acabou fazendo alguns sofrer.
Alguns seres místicos me reverenciam e sei que em algum momento da vida deles, eu ajudei. Devo ter salvado alguns, brigado com alguém por conta de outros, dito o que penso e sido penalizado por causa deles.

E por conta de uma humana, estou indo para meu final.

Aliás, o que é ser feliz? Me pergunto se Realmente fui feliz um dia...

Meus olhos marejam.

Automaticamente, Maiana vem a minha cabeça. Em todos os momentos que ela esteve presente, meu coração estava calmo, satisfeito e feliz.

A felicidade é isso? Mesmo brigando com quem ama, sente saudades quando se afasta...

Nascemos para viver em grupos, mesmo que neguemos essa predisposição.

Cruzamos a muralha e piso nas ruas do vilarejo. Meu destino? A praça.

Lá serei decapitado, mas tenho meu último pedido e ele foi atendido, já que irei morrer por conta de uma víbora que me envenenou, também vou me vingar, então antes de morrer por causa dela.

Vou matar Adeline.

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LION - Saga Pearl - Livro XIIOnde histórias criam vida. Descubra agora