— Hey, Kento, eu te amo. — Sua voz arrepiou a pele do feiticeiro, um tom tão fantasmagórico no pé do ouvido, que por um instante, Nanami achou que não era você ao lado dele, e sim uma maldição que queria tirar uma com a sua cara, ele virou a cabeça tão rápido que o pescoço estalou, dando de cara com seu sorriso provocativo, zombando da reação dele sem um pingo de vergonha. — Nunca se esqueça disso.
Nanami sentiu, como uma predestinação nada bem-vinda, que a declaração viria uma hora ou outra, ele portava consciência de seus sentimentos, mas nunca deu um passo em sua direção, temendo alguma coisa sem nome que o incomodava, o alfinetando sempre que possível, ocasionalmente, fazendo murchar as tentativas de ser um pouco mais brando e dar voz ao coração de pedra, mas você chegou primeiro no final dessa história mal escrita, e o resultado não foi bom.
Se ele soubesse que você iria deixá-lo, tinha ignorado e te dado as costas no exato momento em que as primeiras palavras deixaram a sua boca, saído de perto de você e tomando mais distância do que o normal, pois a dor arrastada da perda não era saudável de sentir e cada vez que sua voz ecoava na cabeça dele, Kento sabia estar destruindo tudo o que aos poucos lutou para colocar no lugar.
Parecia uma maldição sua de presente a ele, grudada na alma e sugando todas as forças.
A missão de exorcismo que foi designada aos primeiranistas se transformou numa armadilha fatal, trazendo uma maldita maldição forte demais para o nível deles, e na hora que aquela coisa monstruosa desceu de forma feroz na busca de transformá-los em banquete, antecipou a derrota certa, e não só a derrota, como a perda de dois grandes companheiros, Haibara e... você. A maldição não foi eliminada, seus ataques nem sequer arranharam a crosta grossa do peito dela, e na fuga desenfreada para fora da instalação em ruínas, pareceu que o monstro curvado alargou a boca num sorriso vitorioso de dentes pontiagudos, feliz por ter arrancado a vida de feiticeiros intrometidos.
Nesse dia, Nanami nunca nutriu tanto ódio para com o mundo Jujutsu, odiou a magia, odiou ser fraco, odiou ter aceitado a missão e odiou as suas calmas palavras ditas no dia anterior, tamanha raiva, dor, frustração, escorreu nas gotas transparentes que abriam caminho nas bochechas.
Você não tinha culpa alguma, ele sabia, você apenas expôs seus sentimentos, verdadeira e sincera como nunca, mas Kento não conseguia se desfazer da corrosão que era ter ouvido sua declaração, e no outro dia ter que carregar seu corpo sem vida, o frio da sua pele sendo sentido através do pano sujo do uniforme.
Ele preferia não ter ouvido, preferia nunca ter nutrido nada, sabendo que ser um feiticeiro e se permitir amar, era correr o risco de ter a pessoa amada arrancada sem misericórdia e esse sentimento sempre foi aquele que o impedia de se abrir por completo, o sentimento que deveria ter vencido a batalha, cortado o inclinar de cabeça em sua direção, e destruído a existência de um beijo singelo.
Se ele seguiria em frente? Claro, tinha que seguir, ser forte para honrar sua memória e a de Haibara, na intensa e dolorosa espera do dia em que as suas palavras virassem uma brisa suave de boas lembranças, e não mais um tormento tempestuoso que o fazia sofrer sem descanso.
Você não tinha culpa, você foi inocente com todo seu afeto, e mesmo assim, uma coisa ruim acabou se formando de todo um carinho sincero, até porque, o amor é a maldição mais distorcida de todas, e Kento sofreria os danos de se permitir amar.
[Essa história foi escrita em parceria com o projeto @_Imaginesland_,que é um projeto criado com o intuito de trazer mais imagines (personagens x leitores)]
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Retalhos
FanfictionSe Nanami soubesse que você iria deixá-lo, tinha ignorado e te dado as costas no exato momento em que as primeiras palavras deixaram sua boca. [Projeto @ImaginesLand, Tema: Declaração - Ciclo 7]