15. Sou Katherine!

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- Como você está crescida! - ele se aproxima dela - Está bonita e...

- Você não tem o direito de chegar perto de mim! Não foi pai o suficiente pra isso - ele se retrai e Lydia dá um passo pra trás.

- Me desculpe por não ter falado com você Lydia, eu queria!

- Não, não queria. Mandou eu nunca mais ver ou falar com a minha própria irmã e você tem a idiotice de falar que queria ter falado comigo?

Eu vou me afastando aos poucos enquanto ele tenta se desculpar com a Lydia. Vou até a garagem e entro num quartinho que tem lá.

Meu pai ficava me apresentando pra uns amigos dele depois que minha mãe e Lydia se mudaram. Ele me ensinou uma brincadeira que ele nomeou de "pombo-correio". Eu levava e trazia coisas pra ele e se eu fizesse tudo certo e o pacote estivesse intacto, eu ganhava uma nota de cinco reais. Foi quando ele começou a me mimar.

Quando eu fiz 12 anos, comecei a descobrir o que ele realmente me pedia pra fazer. Me pedia pra levar e trazer plantas e saquinhos com algum tipo de pó dentro. Eu nunca vi ele trabalhar, mas sempre tinha um maço de dinheiro no bolso, contas pagas e ainda sobrava para as noites em viagens ao México.

Uma vez eu tentei contar pra polícia, mas ele descobriu e me espancou. O estranho é que ele não costumava ser agressivo. Nunca mais tentei fazer isso de novo. Eu comecei a aprender defesa pessoal com aquela amiga minha (a mesma que me fazia companhia quando eu estava irritada) que tinha feito aula. Não aprendi muito, só como parar alguém e torcer a mão. Quando ele tentou me bater pela segunda vez, eu quebrei dois dedos dele, e o mais engraçado é que foi sem querer. Desde então ele não toca em mim mais, porém continuava me dando presentes aqui e ali, mas dessa vez, como uma forma de perdão.

Apesar de ficarmos razoavelmente bem - ele tentou trabalhar de verdade e largou o "pombo-correio" - eu odeio a presença dele. Me lembra a pior parte da minha vida. É meu pai, eu amo que ele tenha mudado, mas ele continuava me vigiando, querendo saber meus passos. Não gosto do jeito que ele olha pra mim, como se pensasse num jeito de me trancar num cômodo e me fazer obedecer a ele sem revidar. Ele me isola do mundo e não gosta que eu saia de casa, como se eu fosse quebrar só de andar.

- S/n? - ouço Lydia gritando enquanto caminha em minha direção.

- Aqui! - abro a porta.

- Ele não vai te tirar daqui, eu dei um jeito, mas eu acho que você não vai gostar.

- Lydia!!

- Que foi? É um pequeno acordo!

- Ah claro. Ele não me leva embora se eu for SOZINHA dar um passeio com ele, que magnífico! Eu não quero passear com ele. É capaz de eu ser sequestrada!

- Eu ouço vocês... - meu pai diz, desconfortável.

- Credo, relaxa! Além do mais, se ele tentar fazer alguma coisa você desloca o braço dele ou sei lá. Leva uma arma! - meu pai arregala os olhos, me encarando, surpreso. Eu reviro os olhos e vou pro meu quarto pegar uma faca. Levar uma arma é meio dramático, uma faquinha resolve. Meu pai não é sobrenatural, então tá tudo certo!

- Ok, eu vou! - digo a ele.

- Que bom que aceitou! - meu pai sorri e sai de casa comigo.

Não estamos muito longe de casa. Lydia me fez prometer que o Liam ficaria com ela e não me seguiria. A noite está calma e não tem quase ninguém nas ruas.

- Eu preciso de você S/n!

- Não, não precisa. Nunca precisou!

- Preciso sim! - ele para de andar - Te prometi que seria um homem melhor, mas não posso ser um sem você por perto.

- Então que seja. Eu só não quero que me envolva nos seus problemas! - me viro pra ele e vejo alguém andando pelos jardins, se escondendo - É sério isso?

- O que? - ele se vira e vê o Liam saindo das sombras com a Lydia.

- Foi mal! Eu não consigo segurar o Liam lembra? Então vim com ele - ouvimos passos vindos do meio da rua em direção a nós.

- Quem tá aí? - pergunto.

- Ora S/n, achei que eu seria mais memorável! - a mulher vem para a luz e Lydia e Liam ficam assustados.

- Vocês se conhecem? - Liam pergunta.

- É, quando vim pra cidade eu vi a Katherine andando por aí e perguntei onde você morava.

- Katherine?? - os dois dizem.

- Nunca gostei muito desse nome. É muito grande, chega a ser chato de pronunciar, prefiro Kate! - eu congelo. ELA É A KATE? Que merda que eu fiz hein, logo no primeiro dia na cidade eu já esbarrei com a principal inimiga das pessoas que eu conheço e eu também disse que sou irmã de Lydia Martin. Ela foi a primeira pessoa com quem conversei na cidade, literalmente.

Memórias

Onde será que é a casa da Lydia? Pode ser qualquer uma, vou ver se alguém a conhece.

Vejo uma mulher andando no sentido contrário ao meu. Ela é muito bonita! Parece saber das coisas.

- Ei, com licença, como você se chama? - ela parece pensar no próprio nome, como quando você acaba de fazer aniversário e perguntam sua idade, ou quando passa de ano na escola e não lembra em que série está.

- Porque quer saber meu nome? - ela me encara desconfiada.

- Eu sou nova na cidade, quero alguém que me ajude a me localizar - ela me olha como se eu fosse uma possível ameaça. Eu até relevaria a atitude dela, mas eu sou uma adolescente de 16 anos, o que eu poderia fazer?

- Sou Katherine!

- Katherine, ok, eu tô precisando achar umas pessoas, você sabe onde mora Natalie e Lydia Martin?

- Você parou a pessoa certa, eu sei exatamente onde Lydia Martin mora! - ela me guia até uma casa grande e branca. Digna de uma Martin, eu diria - Aqui estamos! Posso saber por que queria saber onde Lydia Martin mora?

- É que eu vim visitar ela. Sou S/n Martin, irmã da Lydia! - estendo a mão para Katherine e ela me cumprimenta. Agora o olhar dela muda. Ela me olha como se eu fosse o tesouro escondido no X de um mapa, como se eu fosse a resposta que ela procurava.

- É um grande prazer S/n! Espero que nos vejamos novamente!!

- Também espero Katherine! - dou um sorriso ela vai embora. Eu decido subir a pequena escada na frente da casa, ficando cada vez mais perto de rever minha mãe e minha irmã depois de longos 8 anos.

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Quando eu pesquisei o nome da Kate e vi que na verdade era Katherine eu tive que colocar aqui!!

Para os fãs de TVD, não teve uma parte desse capítulo que eu escrevi sem pensar na rainha Katerina Petrova. O título então...

"Sou Katherine Pierce, uma sobrevivente!"

Espero que estejam gostandooo ksks

Mais que um Rostinho Bonito (S/n)Onde histórias criam vida. Descubra agora