Chapter - Kim Tae

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As vezes me pergunto se teria sido capaz de esquecê-la se nós não fizéssemos aniversário no mesmo dia...me pergunto se isso ajudaria.

Pressiono minha cabeça contra meu travesseiro e olho para os padrões ondulantes no gesso do teto.
Honestamente...não tenho certeza se algo pode me ajudar.
Hoje me lembra que já se passaram dez anos desde a última vez que vi minha garota.
Minha garota...minha....Jennie Kim.

Dói só de pensar no nome dela. Dói lembrar como ela era.
Jennie Kim com seus longos cabelos aveludados, feições delicadas, olhos da cor do outono e pele de porcelana. Ela parecia uma boneca viva.

Ela era uma Deusa, seu corpo perfeito, feito para amar. Sua beleza por dentro e por fora sempre inebriante. Um bálsamo para minha alma.

Só ela poderia domar a besta em mim. A crueldade e a crueza que já estavam codificadas em meu DNA.
Dez anos.

Amanhã é o dia. O marcador de dez anos.

Há dez anos, permiti que outro homem a levasse para pagar a dívida de sua família.

Lutar por ela teria iniciado uma guerra de sangue. Todo mundo que conhecia teria morrido.

Meus pais, meus irmãos, família, amigos. Fui ameaçado por suas vidas.

É um motivo pelo qual deveria aceitar, mas não posso. Ainda não consigo.

A dor arranha dentro de mim. A dor ainda aperta meu peito e dá um nó na minha espinha. O luto percorre meu corpo. Isso me assombra e me
mantém congelado no tempo com a culpa.

Dez malditos anos se passaram e ainda estou uma bagunça.
Meu coração ainda está ferrado como estava quando ela foi levada embora e eu sabia...Sabia que nuncaa veria novamente.

Minha garota, que era tudo para mim... se foi.

A última vez que estivemos juntos, estávamos nesta mesma sala.

Nós fomos felizes. Bem aqui nesta sala no The Dark Odyssey, onde a fiz minha e a reivindiquei para mim. O clube é sobre viver suas fantasias
mais selvagens todos os dias, se você quiser. Sou hipócrita porque fiquei preso na repetição da última vez que a vi.

Não tenho certeza se ela sabia que eu a queria aqui porque ela era minha fantasia viva.

Comecei este clube com meus dois irmãos e meus dois primos.

O grupo selvagem.

Enquanto outros o rotulam como a porta de entrada para todos os tipos de libertinagem e tentação...e, provavelmente estão certos...
acreditamos que vendemos às pessoas suas fantasias e sonhos mais selvagens.

Ela era a minha.

Tento esquecê-la. Eu tento. Tento muito seguir em frente, mas não consigo. Sou um idiota porque caí na armadilha do amor e permiti que ele me pegasse.

Quando disse a ela que a amava, quis dizer isso.

Não disse essas palavras a ninguém.
Desde então, nunca mais senti isso por ninguém. Talvez seja porque estou sempre com prostitutas e vadias. Mulheres que te ajudam a esquecer momentaneamente.

Como as duas com quem estou na minha cama agora. Estou deitado aqui, e elas estão todas em cima de mim.

São as mesmas duas mulheres da noite passada. Sempre tem uma mulher na minha cama.

Cada noite uma diferente, às vezes duas. É uma merda fodida que deixaria de lado para ter a única mulher com quem queria ficar para sempre.

Para sempre...

Jennie deveria ser minha garota para sempre. Nada importava quando estava com ela. Dez anos se passaram e não consigo esquecer.

Ela teria tanta vergonha de mim agora. É nosso aniversário.

Tenho trinta e dois anos e ela vinte e oito. Deveria ser especial, mas estou em minha suíte no clube, completamente bêbado com duas mulheres na minha cama que não são ela.

Ninguém é ela. Ninguém...

Cora e sua amiga Brittany não eram Jennie na noite passada e com certeza não eram ela esta noite.

Ambas estão com as mãos em cima de mim e permito, como se estivesse no piloto automático fazendo o que sempre faço.

Mulheres bonitas como elas deveriam me satisfazer. Ambas são lindas com o tipo de corpo feito para o pecado e tenho pecado com elas a
noite toda desde que saí da minha festa de aniversário.

O cheiro acre de muito vinho perambulando por cima de nós e a bagunça do quarto com roupas e lençóis por toda parte é a confirmação da noite selvagem que tive com elas.

Eu deveria me sentir como uma espécie de Rei com elas, mas não sinto nada. Nada mesmo.
Apenas o vazio que fiquei quando perdi Jennie.
É o tipo que um bastardo implacável sente quando lhe dizem que não pode fazer nada e sabe que não pode fazer merda nenhuma.

Não sou o tipo de homem que se senta ou desiste e não faz nada quando um problema bate à porta. Pior se vier por alguém que amo.
Pertenço à família Labang Tan. Nosso nome nos precede e não somos conhecidos por tagarelar sobre merda ou ouvir o que fazer. Portanto, não
posso deixar de sentir um certo tipo de coisa quando sou obrigado a não fazer nada, não importa quanto tempo passe.

Fui feito para não fazer nada.
Forçado a não fazer nada. Como amarrar minhas malditas mãos atrás das minhas costas com correntes.

Cora passa a mão sobre meu pau e sinto o puxão de tensão em minhas bolas. Seus cachos escuros selvagens flutuam sobre meu estômago e seus olhos azuis brilhantes me dizem que ela quer mais.

Devo fazer algo, qualquer coisa... até mesmo ir embora.
Sair e me afastar das garras dessa sereia em mim, atraindo-me para esquecer essa merda. Sair e me encontrar. Sair e parar de tentar substituir
problema por problema. Sair e parar de tentar substituir minha Deusa por prostitutas e vadias.

Estou bêbado demais para me mover.
Deus sabe o quanto bebi esta noite.
Puta que pariu. Estou certo em deixar isso para Deus, porque só ele sabe o quanto tentei esquecer Jennie. Principalmente hoje e em todos
os aniversários dos últimos dez anos.
Este dia é sempre pior.

É um lembrete renovado de que não posso esquecê-la. Estou amaldiçoado com a memória dela, e por que ela não está comigo.
Uma rajada de vento abre as grandes portas francesas que dão para o terraço e olho para a noite.

As estrelas enchem o céu como diamantes
espirrados sobre o mármore preto. Lembro-me dela dizendo algo assim.
Ela amava poesia e me fez amá-la também. Ela costumava ler poemas para mim.

Na minha cabeça repete um verso familiar de algo que meu coração se lembra. Como uma velha canção tocando no fundo da minha mente.

Esteja perto de mim quando minha luz estiver fraca. Quando o sangue rasteja e os nervos picam E formigam; e o coração está doente...

In Memoriam... Tennyson... eu me lembro. Esse era o seu favorito. Sempre fui um mafioso fodão, mas tinha a maldita certeza de me lembrar do poema favorito da minha garota, especialmente no aniversário dela.

Gostaria de tê-la visto pela última vez. Nunca percebi que a última vez que estivemos juntos seria a última vez que a veria.

Não consigo esquecê-la.

É meu último pensamento e, em seguida, o nada.

Dark  (Taennie/Vnnie) LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora