cinquenta e um.

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Marília POV

Ruth: Não imaginava que a minha filha se abrisse o suficiente para criar amizade com funcionários da empresa - sorriu enquanto Maiara estava com Luísa num canto em conversa

Marília: elas são boas pessoas mãe - sorri de canto

Ruth: são, sim. Estás bem filha? Estás em baixo e triste - deu um carinho no cabelo da filha

Marília: sim, está tudo bem - sorri tentando mostrar isso

Luísa: bom, nós vamos embora - falou levantando-se do sofá

Ruth: já? - sorriu - nem parece teu Luísa

Luísa: é, sabe tia, eu agora sou uma pessoa que trabalha e tem responsabilidades - deu uma gargalhada - amanhã trabalho cedo, e estas duas meninas também

Maiara: não quero que a minha patroa se aborreça comigo por dormir em pé - deu uma risada

Ruth: não vai aborrecer - deu uma risada - mas fazem bem em descansar. Conduz com cuidado, está a chover

Luísa: não se preocupe tia - sorriu e beijou o rosto da mais velha

Despediram-se todos e Luísa, Lauana e Maiara saíram em disseram à garagem, mas antes da porta do elevador fechar alcancei-as.

Marília: Mai? - impedi a porta de fechar - a Maraisa está bem?

Luísa: não deixes a mulher fugir, Marília - sorriu não deixando a ruiva responder

Maiara: ela chegou bem a casa, quando eu chegar, aviso-te e confirmo que ela está bem, pode ser? - falou calmamente para mim

Marília: obrigada - sorri para as três e deixei as portas do elevador fecharem

Voltei para dentro de casa, e só João estava na sala. Fiquei a conversar um pouco com ele e fui para o quarto, deixei-o a falar com a namorada que estava no Brasil.

Nessa noite, não consegui dormir, mesmo depois de Maiara me confirmar que Maraisa estava bem e em casa. Nós não estávamos bem e eu sabia o motivo, sabia de quem era a culpa. Minha!

Maraisa andava a fugir de mim, e da nossa conversa, sabia que era porque isso a magoava demais. Mas eu tinha de conseguir falar com ela, não sabia como nem quando, porque João ia estar comigo estes dias na empresa. Mas eu daria um jeito.

Maraisa POV

No dia seguinte, acordei e segui direta para a casa de banho, onde fiz a minha higiene, tomei banho e me preparei para ir trabalhar. Quando sai do quarto, dei com Luísa e Lauana na cozinha com Maiara.

Maraisa: bom dia - sorri cumprimentando todas - dormiram cá?

Luísa: a Mai insistiu, estava a chover muito quando chegamos - sorriu - espero que não te importes

Maraisa: claro que não, dormiram bem?

Lauana: sim - sorriu simpática - já as tuas olheiras não dizem o mesmo

Eu ainda não tinha entendido a relação de Luísa e Lauana, mas Luísa parecia muito feliz com a morena e era o mais importante.

Luísa: venham comigo, eu deixo-vos na empresa e depois sigo - sorriu

Aceitamos e descemos até ao carro de Luísa que depois de alguns minutos estava preso no trânsito da cidade, que era mais intenso pelo tempo chuvoso que se fazia sentir.

Depois de algum tempo, chegamos à frente do grande edifício, Luísa prometeu passar no bar essa noite com Lauana, e convenceu Maiara a aparecer por lá, com Gustavo, que estava de folga nessa noite.

Entramos na empresa e pude ver Marília ao longe, tentei ficar para trás, para não me cruzar com ela no elevador,mas Maiara entregou-me.

Maiara: não queres nada com ela, tudo bem, mas não podes fugir dela para sempre - puxou-me até à entrada do elevador - bom dia, doutora Mendonça

Marília: bom dia, senhorita Pereira - olhou para Maiara - bom dia, senhorita - falou para mim e pude ver as suas olheiras

Marília, claramente, não tinha dormido nada nessa noite. Subimos no elevador em silêncio, com silêncio pesado. Cumpri o que faço sempre com Maiara, e olhei Marília de canto e desejei um bom dia, a sua resposta soou numa voz rouca e frágil. Doía-me demais, vê-la assim, só queria puxá-la para o meu colo, e dizer-lhe que tudo vai ficar bem.

Marília POV

Marília: ela não me desculpa, pois não? - perguntei à Maiara quando ficamos sozinhas no elevador

Maiara: ela está magoada - sorriu de canto

Marília: e a culpa é minha - falei baixando o olhar

Maiara: eu tenho a certeza que vocês se vão resolver - senti a mão da mulher no meu ombro - quando a tua família for embora, vocês precisam de conversar

Quando chegamos ao último andar, Maiara seguiu para a sua mesa e eu para a minha sala. Pedi a Bárbara que me trouxesse um grande café, e tentei concentrar-me no trabalho. Maraisa não tinha visto as mensagens que lhe enviei na noite anterior e isso só me deixava ainda mais triste.

Ouvi batidas na porta.

Marília: sim?

Ruth: posso filha? - sorriu ao entrar - que cara, parece que não dormiste nada

Marília: dormi pouco, mas agora é hora de trabalhar- sorri de canto

Ruth: eu já percebi que se passa algo que está a mexer muito contigo - sorriu - problemas de coração?

Marília: mãe...

Ruth: está tudo bem filha - sorriu - sabes que, às vezes, temos de escolher se queremos abrir mão de quem gostamos, ou não. Não podemos magoar demais a pessoa que gostamos, se a estamos a magoar, então não estamos no caminho certo

Marília: e se magoarmos essa pessoa por cobardia nossa?

Ruth: aí não há desculpa minha filha, temos de ser firmes e se gostamos mesmo de alguém, temos de lutar por essa pessoa - sorriu enquanto me secava uma lágrima que me caia no rosto - eu tenho a certeza que tudo se vai resolver - beijou-me a testa - o olhar não mente, minha filha, está tudo no olhar

Marília: mãe, eu...

Ruth: não digas nada - sorriu - está tudo bem. Vou tomar um café, importaste que leve a Maiara?

Marília: acho que o César não se vai importar, podes levá-la sim

Ruth: ótimo, ela é uma boa menina - sorriu - e a Maraisa também - senti alguma provocação nas suas palavras

Seria possível que ela tivesse entendido o que se passava entre mim e a Maraisa? Não era o meu foco agora, eu precisava de falar com Maraisa, e a melhor forma seria nessa noite ir ao bar onde ela trabalhava.

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