Unico

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A neve caia tranquilamente na Espinha do Dragão, era uma paisagem magnífica para um lugar cuja a neve que caía pesada com fortes ventanias, verdadeiras nevascas, deslizamentos de neve da montanhas, eu tinha uma mania de dizer ao Albedo que aquela terra era esquecida por Barbatos, e ele sempre concordava depois de alguns minutos silenciosos. Segui meu caminho até seu laboratório de pesquisa, e me abraçando, mesmo com as roupas quentes que visto o frio teimava em me incomodar.

Haviamos consertado a ponte - Graças - e com isso, adentrei o laboratório. Albedo não estava ali, devia ter saído para coletar algo para sua pesquisa, então eu me sentei em uma cadeira assim que consegui acender a fogueira, observei que o lugar estava um caos, havia um monte de papéis espalhados pela mesa, um frasco de tinta no chão quebrado, cogitei até em começar a arrumar, mas nos anos que trabalhei ao lado de artistas e cientistas, me fizeram entender aquilo era uma bagunça organizada - pelo menos os papéis devem ser - e não se deve mexer na bagunça organizada de alguém, mesmo que pra mim nada faça sentido, Albedo com certeza sabia onde cada papel que ele precisava naquela bagunça estava.

Falando no mesmo, o rapaz de cabelos loiros como areia apareceu na entrada do laboratório.

— Albedo! Boa tarde — Disse, me levantando da cadeira e indo em sua direção lhe abraçando. Talvez seja falta de costume com contato físico, mas ele sempre demorava um pouco para retribuir os abraços e poucas vezes era quem iniciava alguma troca de afeto.

— Boa Tarde, S/N — Disse Albedo se afastando do abraço e adentrando mais a caverna, indo em direção a sua mesa

— Precisa de ajuda para organizar as coisas? — Pergunte e observei ele dizer quase num sussuro a distância que "Não, obrigado"

Ficamos em silêncio, me sentei no tapete perto da fogueira encarando as chamas, os únicos barulhos naquele lugar eram os dos papéis que o alquimista. Mesmo que Albedo não fosse a pessoa mais comunicativa do mundo, havia algo errado hoje, ele só havia trocado algumas palavras comigo quando entrou e agora estava nos papéis, sei que ele é uma pessoa ocupada, mas antes que eu pudesse o questionar sobre isso, ele se adiantou.

— Nosso relacionamento, S/N — Albedo começou a falar, me virei para o encarar — Eu não sou humano como você, não tenho a certeza que posso corresponder as suas expectativas sobre mim, nem ao menos tenho certeza que posso sentir emoções como você, não seria correto a prender em um relacionamento com um criação não humana

Fiquei em silêncio por alguns segundos, ele havia pensado aquilo fazia um tempo. Suspirei, porque não humanos são assim? Ainda consigo me lembrar do jeito arrogante que um dos Adpetus de Liyue havia falado comigo sobre sentimentos humanos, bem breve mas né.

— Só porque você é uma criação da Gold, não significa que você não tenha emoções — Disse suspirando em seguida — Sentimentos são universais, você não fica feliz quando encontra algo novo em suas pesquisas? Mesmo que você não transpareça esse sentimento, não quer dizer que você não sinta, você sentiu medo pela Lumine e os outros por conta do protótipo que anda por essas montanhas com receio que ele assuma sua vida? São sentimentos bem humanos, sentimentos que até mesmo um deus possa ter.. Albedo você é extremamente inteligente, não consigo entender como você não enxerga que você é tão humano quanto qualquer outro, uma marca no pescoço que o separa da humanidade não existe é só sua insegurança falando mais alto

O silencio permaneceu por alguns minutos, antes que eu retomasse a falar

— Eu não sinto aquelas borboletas no estômago daqueles livros que lemos, eu me sinto em paz com você e sei que o amo, você não sabe se realmente me ama mesmo de todas as nossas conversas? Todas as vezes que conversamos sobre isso? — O único defeito que o Albedo possui, é sua falta de confiança no que ele é capaz de sentir, mesmo que sorria quando está feliz, mesmo que franza o cenho quando algo não sai como esperado dos seus discípulos, ou quando seu rosto fica levemente rosado quando eu o beijo, ele ainda é incapaz de se considerar humano o bastante para ter sentimentos

Artificial - Imagine AlbedoOnde histórias criam vida. Descubra agora