take one.

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Jisung era um adolescente rebelde que vivia em encrencas e tinha problemas em casa, seus pais sempre brigavam e isso fazia com que ele fugisse e andasse sem rumo frequentemente. E nisso acabava encontrando lugares onde pudesse relaxar e outros que não queria voltar tão cedo. Em uma de suas fugas, ele encontrou um parque repleto de árvores e flores, juntamente de um lago e se surpreendeu ao perceber que aquele lugar era praticamente deserto, mal havia pessoas nele.

Exceto por um garoto de cabelos cor de mel que sempre estava sentado embaixo de uma árvore específica perto do lago, lendo algum livro. Não que o Han tenha prestado muita atenção nele, mas já que desde que descobriu o local ia lá com frequência, era impossível não notar o mesmo garoto no mesmo lugar, fazendo a mesma coisa.

E isso o deixou intrigado, de repente sentiu vontade de conhecer aquele garoto, perguntar qual era o livro que estava lendo e por que era tão interessante já que o lia todos os dias.

Minho era o completo oposto de Jisung, ele era estudioso e amava literatura, ainda por cima era presidente de classe mas isso não era uma coisa que o Lee gostava tanto e se gabava, pois com esse título ele era comentado na escola e precisava constantemente interagir com pessoas, que era uma coisa que realmente não era fã. O garoto sempre fora tímido e nunca teve amigos, — até tentou algumas vezes mas sofreu em todas as tentativas e resolveu desistir — mas ele não achava ruim não ter amigos, ele gostava de ficar sozinho e nunca se sentia vazio pois tinha a companhia de seus livros. No mundo literário ninguém poderia o machucar e lá ele encontrou um conforto, poderia viajar em quantas épocas e histórias quisesse, era seu paraíso.

Sua mãe era superprotetora e isso sufocava o Lee de vez em quando, por isso fugia para aquele parque para ter o seu momento de paz e tranquilidade, e principalmente por ser um local público não muito frequentado, ninguém iria o perturbar, então era perfeito. Era seu lugar favorito.

Até que em um dia onde o sol estava se pondo e Minho estava tranquilo com a mesma programação de sempre, percebeu um garoto se sentar próximo de si. E mesmo não olhando em seu rosto, viu que o desconhecido aparentava ter a mesma idade que a sua, mas não entendeu o motivo de ele estar ali.

Minho era muito inteligente e conseguia ler a linguagem corporal das pessoas, mas assim que aquele menino sentou-se ao seu lado e encostou na árvore, ele virou uma incógnita para o Lee, era impossível saber o que ele queria ou estava sentindo.

— Por que você lê esse livro todos os dias?

Essa foi a primeira frase que ele proferiu ao loiro, e um ponto de interrogação se formou em sua mente, como ele sabia disso?

— Não sabia que eu tinha um stalker. — respondeu ainda com os olhos no livro, e escutou uma risada soprada vindo do outro.

— Você não respondeu minha pergunta.

— Porque eu não quero responder. Nem te conheço. — suas palavras eram rudes, mas seu tom era calmo.

— Ouch. — o Han brincou colocando a mão no peito e fazendo uma careta, sendo ignorado pelo leitor.

— O que quer aqui? — foi seco e direto.

— Sei lá.

— Isso não responde o meu questionamento.

— Nem você respondeu a minha pergunta, carrancudinho. — encarou ele.

Minho levantou a cabeça e olhou Jisung nos olhos pela primeira vez, fazendo o último citado se perder naquela escura e intensa imensidão brilhante, e por um momento sentiu paz, por um segundo sua mente parou de pensar e se permitiu esquecer de seus problemas. Sentiu conforto no olhar de um estranho.

— É meu livro favorito. — mostrou a capa para o garoto e desviou o olhar outra vez.

— O pequeno príncipe? É um bom livro, e o único que eu li em toda a minha vida. — deu uma risada fraca pela última frase dita enquanto encarava o lago a sua frente.

E Minho imediatamente virou a cabeça o olhando novamente, porém dessa vez surpreso.

— Você tá brincando né? — o garoto fez que não, e o Lee arregalou mais os olhos. — Você é muito sem cultura, como você vive?

O Han riu novamente, até que o loiro não era tão chato.

— Nem sabe meu nome e já tá me xingando? Que intimidade é essa? — falou brincando mas isso só serviu para que o outro se fechasse e mantivesse sua atenção no livro novamente.

— Perdão, falei demais. — proferiu baixo e sem expressão.

— Ei relaxa, eu tava brincando. — se apressou em dizer, não sabia o motivo mas não queria que ele se fechasse de novo, queria continuar conversando com ele. — A propósito, meu nome é Jisung, e o seu?

— Não vou dizer meu nome para um estranho.

— Mas eu não sou mais tão um estranho assim, você já sabe meu nome.

— Saber seu nome não significa que seja um conhecido pra mim.

Tinham voltado a estaca zero.

— Prefere que eu continue te chamando de carrancudinho então? — o olhou com um sorriso de canto, e o ouviu suspirar, fechando o livro.

— Se eu te disser meu nome você me deixa em paz? — encarou o Han, estava ficando impaciente, mas mesmo assim mantinha seu tom calmo.

— Talvez. — deu de ombros.

— É sério, Jisung.

Aquela foi a primeira vez que ele disse seu nome e Jisung pensou que ficava mais bonito na voz dele, desejou ouvir mais vezes. Mas é claro que nunca deixaria ele saber disso.

— Tá bom, chato. — revirou os olhos, se rendendo.

— Meu nome é Minho, Lee Minho.

— É um belo nome. — ponderou. — mas ainda prefiro te chamar de carrancudinho, combina mais com você.

— Agora já pode ir embora, sem noção. — cruzou os braços o encarando seriamente, e Jisung sorriu.

— Amanhã eu volto, tente não sentir muito a minha falta. — disse já de pé e piscou um olho pra ele, o vendo fazer uma cara de nojo em resposta.

— Que bom que você me disse isso, vou lembrar de não vir amanhã.

— Nesse caso eu vou vir todos os dias, em algum deles você com certeza estará aqui. — foi a última coisa que disse antes de finalmente se virar e ir embora.

E Minho bufou, em seus pensamentos aquele garoto era um abusado, além de tirar sua concentração ele iria o tirar de seu lugar favorito também? Pois não mesmo, ele iria ver nos próximos dias.

blue sky ☁️ | minsung Onde histórias criam vida. Descubra agora