O Pequeno pedaço do céu

Caminhando pelo inferno

Oii leitoresObrigada por todo mundo que comentou e/ou leu o capítulo anterior. Vocês me incentivaram a me esforçar para finalizar essa história para vocês!Aqui está mais um capítulo que escrevi há bastante tempo e acabei nunca postando. Quando fui reler, percebi que hoje em dia escrevia um pouco diferente algumas cenas (o que é natural, já que escrevi esse capítulo há mais de um ano), mas decidi postar da maneira que imaginei na época em que esteja mais animada com minhas fics. Espero que vocês gostem!Boa leitura

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Raiva.

Amor.

Tristeza.

Alegria.

Pavor.

Sentimentos e sensações conflitantes se embolavam, se debatiam e se fundiam em uma única emoção profunda e nublada, impossível de ser descrita. O corpo de Noah entrava em combustão, sem suportar toda aquela intensidade. Havia muito o que sentir, muito o que pensar, o que perguntar, o que fazer... tantas coisas e nenhum tempo. Não podia desperdiçar um segundo sequer. Seus olhos choravam, as mãos tremiam e a mente estava presa em um limbo entre a escuridão e a luz, se encontrava em um vale rodeado pela mais pura alegria e a mais esmagadora tristeza.

As contradições que encontravam abrigo em seu peito eram fontes de vida que se remexiam em silêncio, escorrendo pelos membros e acendendo tudo o que tocava. A consciência antes coberta por torpor, foi liberta. Aos poucos e ainda assim, em uma velocidade impressionante, a vida foi soprada em Noah. Depois de tantos anos se arrastando como um cadáver, encontrou bem na sua frente um motivo para viver. Preso naquele momento de horror, sua esperança melancólica se transformou em uma realidade impossível que se alastrava como chamas por seus tendões.

No segundo em que finalmente foi capaz de reconhecer Stiles, Noah soube que todo o sofrimento pelo qual passou valeu a pena. Toda a dor, a solidão, a insônia, o abuso de bebidas, o luto, os medicamentos, a raiva... todo aquele vazio esmagador que precisou enfrentar, fez com que chegasse àquele momento. Ele precisou caminhar pelo inferno para ter a chance de ver o filho e se fosse preciso, suportaria tudo de novo para ter a chance de rever o rosto de Stiles, nem que fosse uma única vez, por um mero segundo.

O xerife lutou para manter o corpo firme, a arma ainda apontada para a frente. Não podia hesitar, nem ser levado pela imensidão de sentimentos. Stiles dependia dele. Não permitiria que nada o afastasse mais uma vez de seu filho. Por isso, ignorou as lágrimas que insistiam em se formar e cair pelo rosto. Fingiu que não se importava com o próprio choro e engoliu o furacão raivoso que destroçava seu organismo.

Lá estava o seu filho, tão perto, mas não podia tocá-lo. Lá estava o seu filho, vivo, com uma arma enfiada na boca. Lá estava o seu filho, alto e com os traços tão maduros, magro de maneira doentia e chorando. Os olhos castanhos espelhavam um horror profundo, uma tristeza inimaginável. Noah nunca tinha visto alguém tão triste, nem mesmo quando encarava o reflexo no espelho.

— Alex, acabou! Largue a arma e solte o garoto, não tem como fugir. — Parrish quebrou o silêncio, a voz controlada com muito esforço. Estava concentrado no perigo, apesar da vontade de olhar para Noah e tentar discernir seus pensamentos.

Alex riu. Um som seco, amargo e ao mesmo tempo seguro. Stiles arqueou em seus braços, lutando para respirar com a arma na boca, incapaz de ver ou entender o que se desenrolava ao seu redor. De uma só vez, o homem de cicatriz puxou a pistola, tirando-a de entre os lábios do menino que choramingou de dor e surpresa. O metal agora melado de saliva voltou a tocar no garoto, dessa vez sendo pressionado contra seu pescoço. As pernas de Stiles fraquejaram, fazendo-o quase cair para trás, sendo aparado somente pelo corpo de Alex. Um tapa forte foi desferido em seu rosto e o garoto não reclamou, apenas piscou os olhos repetidas vezes, desorientado, enjoado.