sessenta e um.

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Maraisa POV

Eu não queria admitir, mas eu não queria ficar sozinha nessa noite. Sentia-me demasiado frágil para isso, convidei Marília para jantar comigo, apesar do meu orgulho, e de tudo o que tinha acontecido entre nós há, praticamente, 1 ano, a companhia dela era a que eu queria naquela hora.

Entramos no apartamento.

Maraisa: vou tomar um banho, para aquecer - sorri - queres tomar um banho?

Marília: não quero incomodar - falou de volta

Maraisa: não incomodas, podes usar o do quarto que era da Mai - sorri e apontei para a porta - eu já te levo algo quente para vestires

A loira concordou, e seguiu até ao quarto que foi de Maiara. Pouco depois, bati na porta, levava na mão toalhas e um camisola quente com leggings para ela vestir. Ela não respondeu e resolvi entrar, ouvi o barulho da água no box, deixei o pijama em cima da cama e entrei na porta da casa de banho entreaberta, e vi a sua silhueta, do outro lado do vidro embaciado, de costas.

Aquela mulher ainda conseguia mexer comigo, quase 1 ano depois de termos terminado. Afastei aqueles pensamentos, pousei as toalhas e segui para o meu quarto, onde tomei um banho quente e demorado. Coloquei um camisola quente e comprida, fui até à sala, onde Marília já estava sentada no sofá, distraída com o telemóvel.

Marília: desculpa, não te vi entrar - falou pondo o telemóvel de lado

Maraisa: não queria interromper - falei

Marília: imagina - sorriu - estava a avisar a Luísa que te tinha encontrado e que estás bem. Ela ficou preocupada

Maraisa: é uma boa amiga, ela - falei - obrigada

Marília: vamos pedir a nossa pizza? - sorriu e eu concordei

Depois de pedirmos a pizza, e enquanto esperávamos, escolhemos algo para ver na tv, e o eleito foi um filme de comédia. Eu precisava de rir.

Chegou a pizza e começamos a ver o filme, enquanto comíamos.

Vez ou outra, ouvia a risada de Marília e isso fazia-me sentir bem, ela tinha um dos risos mais bonitos do mundo, sem dúvida nenhuma.

Terminamos de ver aquilo e de comer, e eu fui casa de banho, quando voltei, a loira estava na cozinha a arrumar a loiça que tínhamos sujado.

Maraisa: eu podia ter feito isso - falei ao entrar na cozinha

Marília: não me custa nada - sorriu com aquele maldito sorriso - eu vou embora, está bem?

Maraisa: está bem - queria a companhia dela, por isso baixei o olhar quando ouvi isso

Marília: queres ver mais um filme? Desta vez escolhes tu - ela sabia

Maraisa: se precisas de ir tudo bem - tentei sorrir o mais sincera possível

Marília: se quiseres ficar sozinha eu respeito - sorriu - eu não tenho absolutamente nada para fazer - aproximou-se de mim o suficiente para eu sentir o seu cheiro bom

Fomos até à sala e escolhemos um novo filme, desta vez de animação, escolha minha.

Encostei-me no seu ombro, e recebi o seu abraço. Sem dar conta, adormeci encostada a ela, a sentir o seu cheiro, o toque da sua pele e o som dos seus batimentos cardíacos.

Senti-me, algum tempo depois, a ser pousada na cama, e um beijo depositado na minha testa.

Marília: eu ainda te amo, morena - senti-a afastar-se e quando ela estava a fechar a porta

Maraisa: Marília?

Marília: sim, Isa?

Maraisa: não quero dormir sozinha - falei manhosa

Marília: eu não quero ser expulsa amanhã, ao pontapé - senti o sorriso na sua voz

Maraisa: não vais - falei com os olhos entreabertos

Segundos depois, sentia-a deitar-se ao meu lado na cama, afastada de mim. Não sabia se estava virada para mim ou não, então não virei a cara para ela, mas recuei o meu corpo um pouco, na direção do meio da cama, até mais perto dela, e senti o seu braço envolver a minha cintura, por cima da coberta.

Em muitos meses, nessa noite, eu ia dormir bem.

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