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EMY

Acordo antes do despertador tocar. Hoje, segunda-feira, não é um dia bom. Não é por causa do dia da semana ou algo assim, e sim, por causa da data.

Fico enrolando na cama, pensando em tudo o que passei até agora e em tudo que provavelmente ainda irei passar para descobrir tudo.

O despertador finalmente soa. Levanto da cama, arrumo ela e vou para o banheiro. Faço minhas higienes e depois visto uma roupa preta para a academia. Saio do quarto e tomo um café da manhã na cozinha. Não vi Jannet nem Peter o caminho todo. Não sei se estou tão perdida em meus pensamentos que não os vi ou ouvi, ou se realmente não estavam lá.

Volto para o quarto e fecho a porta. Pego meu celular que estava no móvel ao lado da cama e desbloqueio o celular. Abro a agenda telefônica e procuro pelo nome. Quando acho, respiro fundo e clico no botão "ligar".

A ligação começa a chamar. Minha perna começa a balançar por causa da ansiedade. Quando acho que ela não me atenderia, ouço um barulho e logo a sua fala:

Bom dia, querida. — Sua voz soa do outro lado da linha. O tom de voz é calmo, mas ao mesmo tempo sonolento. O que é estranho, pois ela costuma acordar muito cedo.

Bom dia. — Falei sem saber o que falar mais.

Imaginei que fosse me ligar hoje. — Ela diz e dá uma leve risada irônica. — Depois de tanto tempo finalmente lembrou que tem avó? — Ela fala e solta uma risada de desdém.

Tenho meus motivos para ter me afastado. — Ela murmura algo que não entendo. — Você vai ao cemitério hoje? — Pergunto quebrando o silêncio que tinha se formado.

Vou, pode ficar tranquila. Ontem mesmo comprei as rosas brancas que você sempre levava quando ia. Já separei as coisas para limpar o túmulo também. — Ela diz e meus olhos marejam. 

Tudo o que eu mais queria era estar lá, com ela. Minha avó tentou entender a minha dor todos esses anos, mas é algo inexplicável. O vazio que eu sinto desde os 7 anos, a angústia de querer que o culpado pague, a raiva e tristeza misturada quando chega essa data e a dor que eu sinto em todas as datas em que "famílias normais" se juntam é algo inexplicável.

Obrigada. — Minha voz sai mais baixo que o comum.

Você sabe que eu estou fazendo isso por você e não por ela, não sabe? — Ela pergunta e eu assinto com a cabeça, mesmo sabendo que ela não pode ver.

É, eu sei. — Respondo e o silêncio prevalece novamente.

Ambas parecem desconhecidas uma para outra. Sei que ela quer me perguntar sobre Peter, mas seu orgulho faz ela repensar isso várias e várias vezes na sua mente. O orgulho é definitivamente de família. Quando abro a boca para me despedir ela finalmente pergunta:

Como ele está? — Sua voz é apreensiva. Ela sabe que é uma pergunta arriscada, caso ele esteja por perto ou eu conte a ele que ela ainda se importa com ele.

Está bem. — Respondo e ela suspira do outro lado da ligação. — Ele... perguntou sobre você um tempo atrás. — Não consigo vê-la, mas posso imaginar um sorriso se abrindo em seu rosto.

Sério? O que ele perguntou? — Sua animação é nítida.

Queria saber como você estava. — Falei e ela concordou. — Bom, tenho que ir treinar agora. Nos falamos outro dia. — Digo me despedindo antes que ela falasse sobre um assunto do qual eu não quero tocar, ao menos não hoje.

Opposites but equalsOnde histórias criam vida. Descubra agora