Capítulo 1

12 1 0
                                    



Ter dezessete anos não é fácil! E não adianta dizer do contrário, nenhum argumento pode ser capaz de mudar a minha opinião. E se algum "adulto" acha que é frescura os dramas de adolescentes, é porque já esqueceu do que fazia na sua adolescência. Quinze, dezesseis e dezessete são a idade em que você está propício a fazer todas as merdas possíveis, falo de garotos, piercings e tatuagens. 


Fecho o livro que estou lendo sobre como lidar com garotos que não gostam de mim, e decido atender a décima sétima ligação de Maria Júlia, ela odeia que eu deixe meu celular no silencioso. Como eu poderia deixar de usar a melhor invenção da humanidade?

-Oii Majuh!


-Já disse pra tirar a merda desse celular do silencioso, se acontece algo urgente e você não atender vai ser pior!


-Tava lendo, não podia me desconcentrar, achei um livro de auto ajuda maravilhoso pra me ajudar a esquecer de Marlon.


-Faz bem, mas não entendendo porque tá tentando esquecer algo que nem existiu, se liga Bia! Vocês nem se beijaram!


-Certo, mas ele olhou no fundo dos meus olhos e disse que eu era diferente- Falo virando de lado na cama, fazendo aquela pose de adolescente de filme clichê quando fala com a melhor amiga pra contar alguma fofoca. – Não foi justo o que ele fez comigo, ele beijou a Thamires na minha frente! Ele não teve nem a consideração de beijar ela escondido!


-Ho céus, o que fiz pra merecer isso! – Fala ela resmungando do outro lado da linha- Ele é SOLTEIRO! Preciso soletrar?


-Não sei o que aconteceu com os homens de hoje em dia! Acabou o caráter.


-O caráter deles pode ter acabado mas a tua carência não né?- Reviro os olhos, mas tenho que admitir que ela está certa, sou a famosa emocionada da era moderna, a expressão "Gada" tá escrita na minha testa e destacada com marca texto néon.


-Mas eu não liguei pra lhe dar lição de moral sobre macho que não está nem aí pra você! Vamo sair hoje? – Não hesito, amo uma boa noitada. Mas ouvir Majuh me chamando pra sair consegue ser um verdadeiro milagre, ela ama ficar em casa vendo friends e comendo pipoca.


-Tá doente? Me ligou pra chamar o samu? Só pode! Que milagre é esse?


-Vamo!!! Vai ter um jantar de formatura de Larissa e não quero ir sozinha.


-Larissa tua prima?


-Exatamente, você sabe como odeio esses eventos familiares que tenho que ficar sentada e socializando- E de fato ela odiava, a expressão de "Não queria estar aqui!" Era nítida no rosto dela em qualquer evento.


-Tá bem, eu vou! Espero que não sirvam só comida de rico, odeio aqueles canapés que são servidos em evento de gente da alta sociedade.


-Olha não sei te dizer, acho que a tia Ma preparou um super jantar, os avós de Lari estão aqui então eles não medem esforços.


-Vendo por esse lado acho melhor jantar antes de ir!


-Mas é besta! Xau Bia, vou desligar agora, passo na sua casa às sete.


-Byyee


Desligo o celular e pulo da cama de imediato, a família de Majuh é a ovelha negra, a única que não tem o sobre nome Pires. Eles carregam o Fernandes, mas não muda o fato deles serem parentes, o sangue é o mesmo, a única diferença é a conta bancária. A família Pires construiu um grande império desde de que se mudaram pro Pará, então pensando nisso preciso escolher o meu melhor vestido. Não posso em hipótese alguma chegar nessa formatura como se parecesse alguém que passou o dia deitada lendo livros de auto ajuda.


Vestido azul marinho, cabelo com um leve topete e com dois cachos do meu cabelo soltos sobre o rosto, decido colocar uma presilha dourada, o destaque é imediato, o contraste com o meu cabelo preto e com minhas sobrancelhas grossas faz com que eu me olhe no espelho tendo a certeza que acertei no look. 

Eu me acho bonita, e especialmente hoje que estou bem vestida, o meu verdadeiro problema é que muitas das vezes não me sinto suficiente. Como se os padrões fossem altos demais pra mim alcançar, porém esses pensamentos nunca me impediram de colocar um salto alto e dançar até o chão.

Meu celular vibra em cima da penteadeira.


"Desce! Tô aqui na frente."


Rapidamente pego uma bolsa preta que está pendurada perto da porta e saio ao encontro de Majuh.


Como de costume, Majuh está de cabelo completamente solto, claro! Com um cabelo hidratado igual ao dela eu jamais iria amarrar.


-Olha eu acho que vamos nos atrasar um pouco, o GPS tá dizendo que o transito tá horrível!


É incrível vê Majuh dirigindo, ela odiava pegar no volante, tinha um trauma incontrolável. Mas hoje é diferente ela dirige bem, e controla o medo ao menos que alguma situação a faça se sentir pressionada. E sinto orgulho dela por isso, ela tem superado muitas coisas, e superar o medo de dirigir foi um passo muito importante.


-Então se a viagem vai ser longa vamos precisar de música! – Tomo a liberdade de ativar o som do carro e a primeira música que toca é Vegas de Lucah. Não seria novidade, visto que metade da playlist de Majuh é composta por músicas deles.

O primo da minha melhor amiga!Onde histórias criam vida. Descubra agora