📜 5- O Encontro

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A casa de Nonô ficava na outra extremidade da vila. A mulher acordou cedo e feliz. Finalmente poderia ficar tranquila sobre o futuro do filho, pois ele estaria sob os cuidados da Mãe de todos. Agradeceu perante o altar simples que fizera. E não pôde impedir lágrimas de alegria banharem seu rosto, mesmo sabendo que sua doença no pulmão não permitiria que ela vivesse mais que um mês.

O pequeno acordara junto com ela e ajudou fazer o desjejum e arrumar a mesa.

- Meu filho, precisamos conversar - disse ela quando acabaram - É uma coisa importante que preciso te dizer.

Desde muito cedo, Kabuto mostrou-se extremamente inteligente. E isso o fez amadurecer muito para os seus cinco anos. Era uma criança calada e, quando falava, parecia ser bem mais velho. Dificilmente brincava com crianças da sua idade. Preferia ficar observando insetos e folhas, os quais desenhava com carvão nos papéis de arroz que conseguia pôr as mãozinhas. E era muito bom desenhista. .

- Vem cá - disse ela abrindo os braços - Apertou-o forte por longos minutos, não conseguindo conter o choro.

- Mamãe! Está me sufocando! - protestou o pequeno. Quando ela o soltou, ele viu as lágrimas e perguntou - Por que está chorando?

- É tristeza e alegria, Kabuto. Mas sente-se. Vou te contar tudo

O menino sentou-se sobre os joelhos e esperou. Ela secou as lágrimas e disse:

- A mamãe está doente. E vou morrer logo. Vou me encontrar com o seu pai.

- Mas mamãe - interrompeu o menino - Não quero que você morra.

- Eu também não quero morrer, mas a doença da mamãe não tem cura. Não existe remédio que possa me fazer ficar boa. Por isso, fiz um pedido pra deusa Amaterasu e ela me ouviu. Você terá um lar e um irmãozinho para brincar.

- Mas eu quero ficar com você! - choramingou o pequeno.

- Veja bem, eu também queria, mas não poderei. Você precisa entender que não escolhi isso. Dói muito saber que não vou te ver crescer e se tornar um homem bonito e honrado. Mas foram os deuses que escolheram assim, entende? Pedi à deusa que não te deixasse desamparado. E ela me atendeu. Por isso você vai ficar com outra pessoa que vai te ajudar, ensinar e cuidar de você. Promete pra mamãe que vai ser um bom menino e obedecer? Vai ser uma criança educada e comportada? Eu e o papai estaremos te olhando do céu.

Kabuto voltou pro colo da mãe e choraram abraçados por um tempo. Então ela olhou nos olhos dele e disse:

- Eles vão chegar para nos conhecer a qualquer momento. Vamos secar nossas lágrimas e recebê-los, esta bem?

Ambos secaram as lágrimas. A mãe foi cuidar dos afazeres domésticos e Kabuto ficou na janela esperando. Sua cabecinha estava doendo! Ia perder sua mamãe e ainda morar com um estranho?!

Mais ou menos meia hora depois, um homem e um menino se aproximando do portão. Kabuto não sabia explicar, mas sentiu uma coisa diferente, quando olhou nos olhos do pequeno. Foi como se seu coração ficasse quente. Também sentiu uma felicidade sem motivo.

- Mamãe, acho que já chegaram. - disse, indo ao encontro da progenitora.

Nonô secou as mãos e foi em direção à porta, acompanhada pelo filho. Ao abrir, viu um homem de meia idade, com os cabelos já grisalhos e um menino muito bonito, de olhos grandes amarelos, que exprimiam curiosidade e um pouco de medo. O homem se inclinou respeitosamente dizendo:

- Ohayō gozaimasu! - seguido pelo menino, que se inclinou, fazendo seus cabelos tocarem o chão de tão compridos - Meu nome é Sarutobi, Hiruzen e esse - apontou para o menino - é Hebi no Ô, Orochimaru. Akai Yoru-sama nos enviou.

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