capítulo 3

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— Tipo… dá para você ficar longe, por favor? — Eric falou pela terceira vez para o garoto que era mais alto que o próprio, olhando-o de lado.

— Nãooooo ♡! — Um sorriso apareceu em seus lábios, o de cabelos castanhos resmungou, colocando suas mãos nos bolsos e começando afastar-se novamente daquele sujeito.

Este garoto chamado, Hanma Shuji, tem seguido o jovem de dezessete anos para onde quer que ele fosse, no começo não chegou a o incomoda, mas depois de dois, três, quatros dias, agora realmente estava o deixando desconfortável e preocupado. Era assustador saber que tem sempre alguém —  que não conhece —  a alguns passos atrás de você, era deveras creepy.

— Vamos lá, senpai! aceite o meu pedido que irei o deixar em paz.

Vai procurar teus cigarros, calopsita fumante. — Eric disse em portugues, sabendo que o garoto não o entenderia.

O jovem de olhos verdes tentava a cada minuto despistar o sujeito que o seguia, mas sempre acabava por eles encontrando-se de novo ou ele o achando, e pensar que uns dias atrás Eric estava vivendo muito bem, antes dessa pessoa aparecer e quase o atropela com uma motocicleta. Ele jurava que hoje seria um dia tranquilo, onde poderia simplesmente caminhar por aí, ver a paisagem e talvez conversar com algumas pessoas, mas esse Shuji está estragando muito do seu tempo e sossego.

O moreno acabou descrevendo esse perseguido, como um irmãozinho mais novo que almeja por atenção e que não hesitaria em causar o caos para que seu irmão ou irmã mais velhos o nota-se. Tanto que o próprio descobriu onde o jovem mais velho agora reside e o perguntou se poderia o levar para universidade em sua moto, a qual uns dias atrás o quase atropelou, óbvio que a resposta foi não, mas mesmo assim ele o acompanha até onde estuda todos os dias.

— Você já ouviu a piada dos pintos? — Eric falou, decidindo que falaria o que queria com aquele garoto.

— Pintos?

O jovem de olhos verdes deu um sorriso.

— Qual é um som que um pinto faz? — Perguntou continuando a caminhar. — Piu! E o que dois pintos fazemos?

— Piu, Piu? — Respondeu a pergunta.

— Não, só um Piu. — Corrigiu, olhando o rosto de questionamento do mais alto. — O outro era mudo.

—  Era para eu rir?

— Você riu? — Pergunta Eric. — Então você já sabe a resposta.

Antes que Shuji pudesse falar alguma coisa, o mais velho acelerou seus passos, ignorando qualquer resposta que pudesse sair da boca do garoto.

Eric solta um bocejo, o rapaz estava cansado enquanto andava com a percepção de está sendo seguido.

— Senpai!

— Que foi? — Perguntou não virando-se.

O jovem sentiu um braço pousar em seu ombro direito, olhando um pouco para cima e dando de cara com o maior.

— Porque você não se junta a nós, afinal os boatos que estão andando por aí sobre você chamaram a atenção.

— Boatos?

— Você não sabe, senpai? — Hanma disse, fazendo uma feição forçada de choque. — Que um estrangeiro sozinho, segurou um soco de um rei celestial da Yokohama Tenjiku e ainda mais lutou com dezesseis membros da Tenjiku derrotando sete deles e colocando o resto para correr.

O jovem mais baixo parou em sua caminhada, sua mente cheia de pensamentos, não sabendo se sentia frustração, tristeza ou orgulho sobre esses boatos. Shuji apenas o observou, absorvendo com deleite a expressão do outro.

— Senpai, você realmente não sabia disso, não é? Cada delinquente que se considerar forte, está sabendo sobre você.

Um telefone começa a tocar. Eric não precisou verificar para saber que era o do Hanma, que imediatamente pegou do bolso.

— OHAYO! — Falou alegre. — Não. Ele não quer se juntar a nós. Ele é bem teimoso, diria até mais que você.

Eric ouviu atentamente, não precisando força sua mente para saber de qual pessoa eles estavam falando.

— Não estou desistindo tão fácil. Eu também quero ele na gangue. — Continuou a falar com a pessoa na ligação, Eric começou a caminhar, ignorando completamente o outro que ainda tinha o braço sem seu ombro. — Claro que posso ir aí.

O mais alto desligar o telefone, limpando sua garganta, enquanto acelerava seus passos ao mesmos do outro. Como seu braço estava no ombro do moreno, apenas o puxou para mais perto, fazendo o lado dos seus corpos se esbarrarem. Eric não fez uma única expressão para ele e apenas continuou andando.

— Já vou indo. Me liga quando mudar de ideia, estarei a esperar, senpai. — Hanma colocou a mão em cima da cabeça do moreno, bagunçado mais seus cabelos castanhos antes de fugir.

Eric contraiu os olhos, observando o caminho que alguns minutos o mais alto passou.

Espera, e o que ele quer dizer com ligar para ele se eu mudar de ideia? eu nem tenho o numero dele! Pensou voltando a andar, achando mais uma vez que aquele sujeito só era mais um maluco. Afinal, até onde sabia, esse Hanma pode o dopar e vender seus orgãos em algum tipo de mercado negro, e seria a ultima coisa que queria que acontecesse.

— Sorte dele que esses dias estou me sentindo muito humilde. — Falou com desdém, virando a esquerda. — E não quero humilhar ninguém de graça.

Olhando para o céu, o garoto percebeu que estava perto de um apartamento que a pouco tempo foi comprado. Um sorriso se mostrou em seu rosto e só crescia cada vez mais que passava pelas inúmeras portas e parava em uma de coloração verde escura, bateu três vezes na porta e esperou.

A porta esverdeada abre-se para o garoto, a pessoa que a abriu o encarando com certo ressentimento.

— O dia está lindo. Posso entrar? Nem fala, já entrei. — Eric passou pelo sujeito grande, entrando em seu apartamento, seus passos o levaram até a sala de estar que era bem organizada. — Caramba! Você deve ter passado o dia inteiro arrumando, não que eu esteja reclamando, faço a mesma coisa nas minhas horas vagas.

— Você não deveria estar na universidade?

— Sim, mas hoje eu fiquei com preguiça de lidar com os professores e os outros estudantes da sala. — Falou procurando a cozinha. — E também porque eu esqueci de fazer uma atividade e não quero que aquele professor de matemática vá me obrigar a resolver todos os cálculos que ele botar no quadro. Gostei da cozinha, se quiser você pode me chamar para te ajudar a fazer algumas comidas, eu sei cozinhar muito bem e sou um ótimo professor.

O jovem de olhos verdes agora procurava o quarto, sua curiosidade de verificar todo o apartamento foi maior do que o próprio imaginava.

— Como estão a Yuzuha e o Hakkai? Eu dei meu número de telefone aos dois, mas até agora nenhum me mandou uma mensagem ou me ligou. — o adolescente parou em seu caminho, olhando ao redor e depois para o seu primo que estava o seguindo até agora. — Que cara de cão chupando manga é essa, Taiju? Tá parecendo uma catita de carnaval.

O primo dos ShibaOnde histórias criam vida. Descubra agora