Conexão

90 10 29
                                    

Isaac

Após aquela viagem as coisas haviam entrado nos eixos. Eu e Lia nos acertamos, Mari e Bel estão a um fio de se assumir, Helena abaixou a guarda e o caos parecia ter dado uma trégua.

- O que você está fazendo, irmãozinho?- quando mari me chamava assim sabia que lá vinha coisa- Nossa, você quem fez?- ela se referia a uns dois quadros que estavam em um canto no chão
- Sim, ótima irmã você né? Não reconhece meus talentos e habilidades
- Aposto que você estava escondendo essas belezinhas, nunca vi
- por ai, mas não vem ao caso, o que você quer?
- Nossa- ela dá uma enrolada para depois soltar- Você aceitaria chamar a Lia para cá? Para ter a desculpa dela trazer a Bel e tudo mais?
- Por quê você não para de remediar a conversa que você quer ter com o papai? Acho que isso iria resolver muita coisa, nunca vi você tão insegura na vida
- Para, você aceita?
- Aceito, né?
Ela sorri cheia de malícia
- está indo bem as coisas com a Lia, né?
- Muito bem- dou uma risada sem sal- E não, não transamos ainda
- Eita, eu nem perguntei nada- ela começa a mexer na minha coleção de carrinhos
- Mas ia perguntar- dou uma tapa em sua mão- largar isso, se quebrar eu te quebro
- Você é insuportável. Vai chama a lia ai
Pego o celular e resolvo ligar para ser mais rápido, mas tenho a chamada recusada como resposta.
- Nossa, mas que filha da puta- reclamo

Gatinha

Gatinha: que foi?

Vem para cá, com a Bel? A Mariana que tá pedindo

Gatinha: Vocês acham que eu não tenho o que fazer nunca, né?

Gatinha: Estão certos, tô indo

😺

- Que nome é esse, ein?- ela pega meu celular para enxergar melhor- Eu ia zoar, mas eu sou assim dando apelidinhos
- Estamos na mesma- me sento na cama ao seu lado
- Tirando o fato de que você é mil vezes mais privilegiado, sim
- Ah sim
- O que você faria no meu lugar, zac?
- me matava- falo sério mas arranco uma risada dela
- Você não vale nada
- Não é que eu queira que você se mate, mas não aguentaria, nossa, muita pressão e problema só por você querer assumir alguém, ou gostar, nossa
- Sim. Mas mudando de assunto, você conseguiu ouvir música?
- Tô no caminho, acho que a qualidade tá melhorando, ou eu me acostumei, não sei- dou uma pausa meio dramática e ficamos nos olhando desconfiados- Por quê você tá sendo tão legal ultimamente?- pergunto do nada
- Íamos ficar em pé de guerra para sempre?
- É, né, foi uma boa evolução, e rápida, não sei se confio em você- falo irônico
- Então trate de confiar, por quê você só tem eu
- Vish, quem te disse isso?
- Seus amigos te abandonaram oras, não tem ninguém
- Te odeio- falei meio chateado ao lembrar- mas fodase, tenho a Lia
- Parece pala de dependente emocional, trata de arranjar amigos novos
- Vamos começar trabalhar esse ano, acabou a farra, impossível fazer vida social
- Acabou de começar, isso sim
- Confia
- Cheguei- a porta foi aberta e bel entrou, sozinha
- Ué? Cadê a lia?- pergunto
- Ela não veio comigo, eu vim sozinha
- Quem abriu para você?- Mari falou apreensiva
- Seu pai, ele tá de férias né?, Mandou eu subir e foi bem educado- ela deu um sorrisinho simpático. Eu adorava essas comemorações pequenas e indiscretas das duas, qualquer sinal de aceitação ou equilíbrio parecia bastante para elas, era bonito de se ver, mas só elas sabiam o quão difícil era.
- Que estranho, ou que bom, né?- ela se levantam- Vamos para o meu quarto então, que o Zac não tá afim de segurar vela
- Não mesmo- dou um risinho

fiquei preocupada com a Lia e resolvo falar com ela novamente. Ligo e dessa vez ela atende.

- Odeio ligações- ela fala com uma voz preguiçosa
- Já está vindo, mocinha?
- Já sim, vou falar com a Bel
- Bel já está aqui
- Sério?- ela suspira- Tô com preguiça, posso ir amanhã?
- E se.. eu fosse?
- Você nunca veio aqui em casa
- Verdade, posso ir?
- Vem, e me trás chocolates- ela desliga antes que eu possa responder
Pulei da cama e caminhei até a porta, mas antes busquei os chocolates que a patroa havia ordenado que eu levasse.

Em poucos minutos chego lá, por sorte morávamos bem perto, mas por desinteresse nunca tinha ido em sua casa, e se já fui, foi na infância, ou seja, não me lembro direito.

- Boa tarde, meu docinho- estendo um buquê pequeno de flores roubadas de jardim alheios
Eu podia ver seus olhinhos brilharem quando viram as flores
- Eu adoro essas florzinhas- ela me surpreende com um abração- Te adoro, Zac
- Ficou feliz assim pelas florzinhas?
- Eu já estava com saudades- ela me deu espaço para entrar
Quando eu entro me deparo com seu pai saindo de algum cômodo
- Boa tarde, pequeno Seixas
Boa tarde- Sorrio com a forma que ele chamou mas nervoso
- Se quiser pode voltar para a cozinha viu, pai- Notei que Lia tentava o expulsar
- Ah então tá bem, juízo- ele falou e sumiu do meu campo de visão
- Ele é meio esquisito mas é gente boa
- Não vejo a hora de poder chamar ele de sogrão
Ela paralisou
- Lia, tá tudo bem?
- Você quer me namorar?- ela me perguntou como se fosse absurdo
- Sim?
- Isso é um pedido?
- Não, calma mulher respira
- Ah sim- ela flui de tensa e nervosa para leve e tranquila, foi engraçado mas fiquei nervoso, a Lia era meio complexa, será que se eu pedisse ela negaria?
Observo ela colocando as florzinhas na água por um segundo, mas depois começo a observar a casa, a decoração era simples mais bonita, e havia muitas fotos da Lia, ela sempre foi bonita, suas fotos eram sempre distraídas ou fugindo da câmera, mas ainda sim bonita. Uma pena não me lembrar de nossa infância
- Por quê tá olhando minhas fotos se pode olhar para mim atualmente?
- Boa pergunta. Você era uma criança adorável
- Ainda sou adorável
- Ih, que ego inflado
- Gostou?
- Lia, não há fotos da sua mãe?- fiquei meio apreensivo de perguntar
Ela abriu uma gavetinha e tirou um pequeno álbum de lá.
- Essa é a minha mãe- ela me mostrou uma foto- Meu pai me falou que ela foi embora para procurar emprego, mas não voltou mais
- Será que um dia ela volta?- falei esperançoso
- Meu pai está mentindo- ela sorriu com um ar decepcionante- Ela me abandonou por quê não gostava de mim
- Lia, não fala isso
- Eu tô falando sério, descobri isso depois, ela não queria viver uma maternidade atípica
- Entendi, ela parece com você
- Eu sou mais bonita
- Concordo
- E a sua mãe?
- Está morta- falei no seco e a assustei
- Nossa, você tá bem?
- Tô sim- dei um risinho de sua reação- já faz tempo, não dá para sentir falta do que não se tem, né?
- Eu acho que eu entendo
- Claro que entende, somos iguais
- É- ela estava olhando para baixo e eu acompanho seu olhar
- É você?- aponto para foto
- Somos nós dois, você não se reconhece?- ela riu

Analiso a foto com um sorriso bobo no rosto, eu realmente não lembrava daquele dia, ou sequer do contexto da foto. Estávamos sentados lado á lado em algum lugar que eu não sabia identificar, eu estava olhando para Lia que estava com um baita sorrisão no rosto enquanto segurava um sorvete enorme.

- Tem mais?- pergunto
- Talvez- ela folheia o álbum e não havia mais nenhuma- é, não tem
- Engraçado que desde criança te olho com afeição
- A afeição se perdeu na escola
- Ah, para, eu só não era próximo de você
- E deixava sua namorada me zoar
- Como você é rancorosa- cruzo os braços
- É
- Eu vi a Ana no shopping há umas semanas atrás- ela me olhou com insegurança escancarada no rosto- ela também me deu uma zoada, ela não presta
- O que ela falou?
- Me chamou de homem de lata
- Homem de lata mais gato que eu já conheci
- É mesmo?- aproximei meu rosto do dela
- Sim- ela me deu um beijo que deixou um gostinho de prossiga e foi exatamente o que eu fiz, prossegui o beijo e mesmo que perigoso por estarmos na sala e seu pai na cozinha ativei minha mão boba, sua respiração estava ofegante então ela parou o beijo por um segundo e me fez uma pergunta súbita
- Quando vamos transar?
- Se você quiser, agora
- Mas eu não sei fazer nada
- Você aprende fazendo
- Mas é que eu queria mandar em você- aquilo me paralisou, eu mal ouvi de tão baixo que ela falou
- Você já manda em mim
Ela estava com uma carinha de quem estava curiosa para tentar, e eu me sentia nervoso, como se fosse a minha primeira vez.

Seus olhos correram pelo meu corpo de baixo para cima, parecia que ela estava me despindo com os olhos, me sentia cada vez mais quente

- Vamos para o meu quarto- ela levantou e me estendeu a mão

Modo SilenciosoOnde histórias criam vida. Descubra agora