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- Chase Hudson

Era domingo. Sexto dia sem a Charli. Seis dias que respirar tinha se tornado difícil, levantar da cama então... mas eu estava tentando, e sabia que Charli estaria feliz com isso. Fui para a cozinha e peguei um cereal no armário, aos poucos, minha vontade de comer estava voltando.

Anthony estava dormindo na sala, seu corpo estava metade no sofá e metade no chão. Ele era um ótimo amigo, o melhor de todos. Deixei a caixa de cereal no balcão e coloquei as pernas dele junto com... o resto do corpo.

- O QUE? QUE FOI? - ele deu um pulo do sofá e olhou para os lados - tudo bem?? - ele colocou as mãos nos meus ombros.

- Tudo - sorri - foi mal, só queria evitar que você acordasse com dor - dei um tapinha no braço dele e voltei para a cozinha.

- Valeu - ele coçou os olhos - ah, Heidi te ligou ontem, mas você dormiu cedo por causa do remédio.

Ah, é. Minha vontade de comer estava voltando, mas eu simplesmente não conseguia dormir, era horrível. As noites eram a pior parte do meu dia, quando eu me sentia completamente sozinho. Cris me receitou remédios que me ajudavam a dormir, não era tão ruim quando parece, eu garanto.

- Hoje tem a missa de sétimo dia da Charli - ele colocou as mãos na cintura e sua expresão ficou triste - falei para ela que não sabia se você iria.

- Não vou para missas - sentei no balcão.

[...]

- Iniciamos essa celebração em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Correção, eu não ia para missas. O Chase depois da Charli estava com as mãos no bolso sentado no banco da frente de uma paróquia.

Meus pais estavam ao meu lado, minha mãe guiava meus movimentos já que eu não fazia ideia do que fazer. Eu não estava ali, eu estava com a cabeça em outro lugar, como sempre. No fundo, eu estava aliviado, o padre não tinha citado o nome da minha namorada, fiquei sem entender o porquê daquilo tudo.

- E para encerrar nosso momento juntos, eu gostaria de citar uma mensagem para os entes aqui presentes da nossa querida Charli D'amelio.

Fechei os olhos com força. A vontade de chorar voltou, e Charli estava ao meu lado segurando minha mão.

- Escute, talvez dê alívio ao seu coração - ela sussurrou no meu ouvido e colocou a mão no meu peito.

Abri os olhos, levantei a cabeça e sentei direto no banco. Era para ficar de pé, todos estavam de pé, mas era impossível para mim ficar de pé.

"Para tudo há uma ocasião certa;
há um tempo certo para cada propósito
debaixo do céu: Tempo de nascer e tempo de morrer,
tempo de plantar
e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar,
tempo de derrubar e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir,
tempo de prantear e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras
e tempo de ajuntá-las,
tempo de abraçar e tempo de se conter, tempo de procurar e tempo de desistir,
tempo de guardar
e tempo de jogar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar,
tempo de calar e tempo de falar, tempo de amar e tempo de odiar,
tempo de lutar e tempo de viver em paz."

Fazia sentido, muito sentido, na verdade. Sempre acreditei que tudo tem seu tempo certo, me confortava de algum jeito, mesmo que eu acreditasse que meus pensamentos podiam estar errados ou malucos. Deus pensava o mesmo que eu. Eu pensava o mesmo que Deus. Enfim, eu não era um maluco.

Continuei sentado, a missa tinha acabado, mas minha cabeça continuava a mil. Minha mãe sentou de novo ao meu lado, minha irmã fez o mesmo no outro lado. Lena encostou sua testa na minha bochecha, acariciou meu cabelo e beijou meu ombro.

𝗛𝗮𝗽𝗽𝗶𝗲𝗿, chacha ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora