Borboletas

A Sua Paixão Secreta

Conforme as duas pôneis desciam a escadaria velha, o odor pungente de mofo se aproximava delas. Isto incomodou Pinkie consideravelmente, mas ela decidiu não reclamar do cheiro, pois temia ferir os sentimento de Fluttershy. Todavia, antes que a mesma pudesse questioná-la acerca do aroma desagradável, elas perceberam que haviam alcançado um grande portão de madeira.

Fluttershy parou na frente dele, e se virou para Pinkie. "Quero lhe mostrar algo, Pinkie. Já que somos amigas por um bom tempo, acho que você me compreende o suficiente para apreciar o que vou te mostrar: trata-se da minha coleção mais premiada. Para ser sincera, não a mostraria para nenhum outro pônei, mas vou compartilhá-la com você, porque você é... especial", disse a pégaso amarelo, corando novamente, "e ficaria muito feliz se você gostasse dela tanto quanto eu gosto".

Pinkie deu um tapinha amigável na crina de Fluttershy. "Ah, Fluttershy, você sabe que vou!". 

Ela abriu a porta, permitindo que Pinkie entrasse. A pônei rosa não percebeu sua amiga a trancando por trás de suas costas, pois sua atenção estava direcionado para o túnel escuro e sinuoso diante dela. "Uau, Fluttershy... é meio escuro aqui embaixo".

Fluttershy caminhou ao lado de Pinkie, e sorriu para ela. "Ah, sim, é porque não quero perturbar todas as criaturinhas que crio aqui. Vamos!". Pinkie observou Fluttershy enquanto ela trotava. 

"Criaturinhas?". A pônei rosada começou a imaginar o que sua amiga queria dizer com aquilo. Talvez Fluttershy havia desenvolvido alguma espécie de fascínio pelos insetos que habitam os confins mais úmidos da Floresta da Liberdade? "Bem", pensou ela, "se este for o caso, não a julgarei por isso". Pinkie a seguiu, embora sua ansiedade habitual tenha sido um pouco abafada pelo ambiente mais tenso do que de costume.

Mais á frente, Fluttershy parou e se virou para Pinkie, olhando com expectativa para a pônei rosa. Pinkie trotou até ela e parou, seus olhos atraídos para as alcovas em ambos os lados. Enormes aglomerados de casulos pendiam das paredes e tetos dos recessos. Inicialmente inquietada por esta visão, a pônei rosa quase imediatamente se afastou dos conglomerados sedosos.

"Não tenha medo. Em breve eles irão se libertar de suas barreiras protetoras e saudar o dia como lindas borboletas. Não é maravilhoso?". Pinkie sorriu, agora sentindo menos receio em relação ao interesse secreto de Fluttershy. "É, eu gosto de borboletas!". 

Fluttershy sorriu, demonstrando estar agradada pela reação de sua amiga. "Eu sabia que você me entenderia! Vamos, ainda há mais para te mostrar". Fluttershy adentrou-se mais profundamente no túnel, e parou em frente a outro conjunto de alcovas, onde grandes aglomerações de larvas rastejavam umas sobre as outras. Algumas delas começaram a formar casulos. "Oh meu Deus! Eles estão quase terminando de se alimentar. Agora eles irão começar sua metamorfose lenta. É espetacular, não concorda?".

Pinkie mordeu o lábio e tentou ficar exatamente no meio do túnel, o mais longe possível das criaturas rastejantes. "A-alimentar?". Fluttershy a assentiu com entusiasmo. "Claro, todo ser vivo precisa se alimentar. Venha, vou te mostrar".

Pinkie se afastou um pouco. "Hum... tudo bem, mas que tal irmos lá fora comer cupcakes, e, uh... ver borboletas".

Fluttershy dirigiu sua atenção para Pinkie, aparentando estar magoada. "Vamos, Pinkie. Eu queria que isso fosse especial".

Pinkie foi repentinamente atingida pelo remorso mais avassalador de sua vida. Fluttershy desejava somente mostrar sua paixão secreta para sua melhor amiga, pois ela acreditava que Pinkie a entenderia e apreciasse seu passatempo tanto quanto ela. Talvez agir como se aquilo fosse algo repulsivo e deplorável genuinamente não fosse tão gentil da sua parte.

O elemento da alegria retomou o fôlego, sorriu, e disse: "Tudo bem, Fluttershy. Eu vou com você. Eu nunca gostei muito de insetos, mas acho o que você está fazendo bem interessante!!". Em resposta, Fluttershy riu. "Disse a pônei que tem um crocodilo de estimação! Vamos, ainda tem mais pela frente!".