i feel...

...it is now

*pov Neymar*

Tudo pode mudar em um piscar de olhos, ou no meu caso, com apenas uma assinatura.

Desde que assinei o contrato com o Barcelona, minha vida tem andado como sempre, um caos, mas dessa vez por outros motivos.

Sei da minha capacidade, conheço meu talento, e sou grato por isso. Todo meu esforço foi importante, assim como as pessoas que estiveram do meu lado. Mas o fato de ter entrado para um time em que um dos jogadores é considerado o maior do mundo, só foi um motivo para começarem com a comparação.

Não me leve a mal, não estou me diminuindo. Mas não deixa de ser cansativo.

Eu amo o meu trabalho, amo como consegui transformar um passatempo em algo sério e profissional. Gosto de ter pessoas me apoiando e acreditando no meu potencial.

Só que nesse momento, onde estou reunido no vestiário, com meus novos companheiros de time me encarando desconfiados, eu me sinto apenas um inseto insignificante. Todos eles sabem o que estão dizendo, todos sabem da minha fama. A vontade de provar para todos que minha vida pessoal e profissional são diferentes só não é maior que meu nervosismo.

Odeio essa sensação, sei que enquanto eu não relaxar e esvaziar minha mente, eu não vou conseguir dar tudo de mim. E é pra isso que eu estou aqui.

- prontos rapazes? é hora de ir, façam bonito. - o treinador disse em francês, acho que foi isso que ele disse, ainda estou com dificuldade nesse idioma.

Respirei fundo mais uma vez, fechei os olhos e mentalizei tudo o que fiz para chegar onde estou, eu daria o meu melhor...

...

Talvez não tão melhor assim. Errei duas vezes, todas elas a bola bateu na trave e voltou, consigo sentir o sangue pulsando forte e o quanto todos estão desapontados, eu simplesmente não consigo focar, meus pés e minha mente parecem estar fora de sintonia, não sei o que pode acontecer agora.

O placar já marcava 5×0 para o Levante, eu simplesmente estava desesperado, não havia mais tempo.

7×0.

Já havia visto aquilo antes, mesmo assim aqui estava eu novamente, aguentando mais uma perda.

Esperei que todos saíssem do vestiários, observando todos resmungarem que esperavam mais não ajudou muito.
Sentei no chão e deixei que as lágrimas escorressem pelo meu rosto, nada mais fazia sentido na minha cabeça, eu sabia que o nervosismo poderia me prejudicar mas nunca imaginei que chegaria nesse nível. Queria ter feito mais.

O suor e as lágrimas se misturaram, chorei até que não houvesse mais nada, até meus olhos arderem, até não aguentar mais. Decidi tomar uma ducha e voltar pra casa, nem todos os dias serão de vitórias, sei disso.

...

Quando estava terminando de guardar as coisas na mochila que sempre levo, ouço passos se aproximando. Torço para que não seja o técnico, não aguento sermão agora.

Levanto a cabeça preocupado mas a cena que vejo sempre ficará marcada em minha mente.
Messi aparentava estar nervoso, seu lábio levemente inclinado para um sorriso tímido.

- fiquei esperando você sair, mas talvez você precisasse de um tempo para descansar. - ele disse calmamente para que eu entendesse, achei isso um ato extremamente gentil de sua parte.

Sorri, não sabia bem o motivo mas sua voz me acalmou instantaneamente.

- eu sinto muito. - disse com a voz cansada e o sotaque provando que eu não fazia parte daquele país.

- você não precisa dizer isso, não pra mim, será que podemos nos sentar? não quero ocupar muito do seu tempo, mas acho que o que eu tenho a dizer pode te ajudar.

Acenei positivamente e o segui até o banco mais próximo. Deixei uma perna esticada, apoiada no chão e a outra dobrada em cima do banco para que ficasse de lado, olhando para ele.
Messi por outro lado deixou as duas pernas esticadas ficando reto e olhando para as próprias mãos em coxa, mantendo-se de lado para mim.

- eu não quero ser seu rival, muito menos seu inimigo. quero que conte comigo, quero que confie em mim e que unamos nossas forças. eu sei o quanto você é bom nisso, todos sabemos, o time só precisa se adaptar e você também. não ache que estamos de lados opostos, tudo bem? - ele disse tudo, dessa vez, olhando nos meus olhos.

- é um pouco assustador ouvir isso de você. - disse soltando uma risada nasalada.

- eu sou uma pessoa comum, assim como você, assim como nossos fãs, assim como qualquer artista por aí. - ele dá uma pausa antes de continuar. - lembre-se que faz isso por amor, não por exigência, você sabe que consegue, então, relaxe.

Ele deu um tapinha carinhoso nas minhas costas, sorriu e saiu do vestiário, me deixando um pouco atônito.

De uma coisa eu tinha certeza, ele estava certo.