Chegou em casa e a primeira coisa que viu ao entrar foi seus pais na sala de estar. Um lendo um livro em uma poltrona e o outro mexendo em um tablet enquanto olhava a vista da janela comprida.
Ambos tinham acabado de chegar do trabalho e também tomavam chá. Uma xícara de porcelana na escrivaninha ao lado da poltrona e outra na mão do que estava perto da janela. Nenhum dos dois conversava. Não que não se gostassem, na verdade, se amavam, porém gostavam apenas de apreciar o silêncio e a presença um do outro em alguns momentos.
Obito fechou a porta atrás de si e colocou as mãos nos bolsos para esconder os machucados. Antes, ele tinha usado luvas durante boa parte do tempo, muito mais na escola do que em casa, já que em casa quase nunca seus pais estavam presentes. Até não estava mais usando luvas porque já estavam mais curadas, mas agora tinham sido renovadas as suas feridas e teria que ter cuidado de novo.
Seus pais escutaram a batida da porta fechando.
— Obito, você chegou. Que bom — O pai passa a página de leitura e olha para o filho por um momento antes de voltar a ler.
— Ah, oi, pai, oi, mãe — Obito soltou um sorriso angelical. — Como foi hoje no trabalho? Alguma novidade daquela revista?
A mãe mexia no tablet e olhou para Obito, dizendo:
— Estão em processo de seleção de quais marcas utilizarão esse mês para a revista. Irão nos avisar daqui uma semana ou duas. Essa revista é bem exigente, hum... — Ela observa o filho e colocou o tablet na mesinha de centro. — E que sorriso é esse? Sabemos muito bem que esse sorriso de anjo é só usado por você quando faz alguma coisa.
"Puta merda..." Obito congela por um tempo.
O pai olhou de relance para ele.
— Tem razão, mas antes disso: como foi seu passeio com os seus amigos? — Ele pergunta.
Obito parou um momento e respondeu:
— Foi até bom. Nos dividimos para ver as lojas e iríamos nos reencontrar agora, mas acabei ficando entediado e vim mais cedo. Inclusive, preciso mandar mensagem para eles dizendo que já vim sozinho — Ele riu e fez menção de subir as escadas para ir para o quarto, apenas para que não perguntassem novamente sobre nada mais ou ele estaria fodido. Sua mãe era bem observadora em relação a ele.
— Já está querendo se safar. Ele fez alguma coisa... — Dessa vez foi o pai que falou enquanto olhava para a mãe que olhava para o filho com os olhos cerrados de desconfiança.
Obito parou de andar para as escadas depois daquilo, seu pé estava apenas no primeiro degrau. "Merda..." Ele se volta para os pais:
— Fiz o quê, exatamente...? — Perguntou com um ar de riso.
A mãe ainda olhava desconfiada e se aproximou dele, começou a cheirá-lo e a observá-lo.
— Não bebeu, bebeu? Ou fumou? — Ela perguntava.
— O quê? Mãe, você sabe que eu não faria isso — "Me fudi, me fudi, me fudi! Não sinta o cheiro de ninguém, muito menos o do ômega! Por favor!" Obito fingia um sorriso, mas estava desesperado pra cacete por dentro. Se ela sentisse o cheiro de algum possível feromônio de ômega, ele não saberia o que aconteceria.
— Hum... — Ela observou mais um pouco — Espera, que cheiro de feromônio é esse? — Franziu as sobrancelhas e andava ao redor de Obito.
"PUTA QUE...-"
— Que... feromônio? — Até começou a suar frio e seu coração batia muito rápido.
— Esse de alfas. Não é um cheiro agradável, o que foi que aconteceu? Também não é dos feromônios dos seus amigos — Ela cruza os braços e encara ele.
"Mas oi? Alfas?... Ah, aqueles alfas? E agora? Tenho que responder. Alguém me ajuda." Ele desviou o olhar da mãe.
— Eh... Esmurrei uns caras — Disse sem rodeios. — Deve ser os feromônios deles que ficaram em mim. Desculpa...
— O quê?! Você... — A mãe estava chocada. Tinha escutado direito? — Você entrou em uma briga de rua?! Obito, o que você tem na cabeça?! Se machucou?! — Ela estirou a mão, pedindo que mostrasse as mãos que estavam nos bolsos para ela ver e assim ele o fez. Logo observou as mãos arranhadas dele.
— Desculpa... Eu bati neles porque me irritaram. Não me machuquei nem nada, já eles... — Obito finge arrependimento.
— Nunca mais faça isso de novo. E se tivesse se machucado? E se uma pessoa visse você batendo em alguém no meio da rua? Seria horrível se do nada aparecesse "um dos herdeiros da família Uchiha em brigas de rua" em alguma manchete de jornal, revista ou seja lá o que for. Nunca mais faça isso, entendeu? — Ela falou seriamente. Estava brava mesmo.
Obito assentiu ao ser encarado por aqueles olhos negros e tão repreensivos da mãe.
— Foi só essa vez, eu prometo — Ele disse e demonstrou arrependimento, afinal agora estava mesmo arrependido por ter recebido bronca da mãe.
— Nossa, você foi bem dura com ele agora. Ele é adolescente, você sabe. Coisas assim acontecem toda hora — O pai de Obito não retirou os olhos do livro e falou isso enquanto tomava o chá.
— Me impressiona você estar tão calmo depois disso tudo. Você sabe o quão terrível seria se as pessoas soubessem — Ela repreendeu o marido também. — Olha só, o Obito entrando em brigas agora. É culpa sua, ele puxou à você.
— À mim? — O pai riu enquanto tomava o chá e olhava para a esposa. Estava brincando com ela agora, Obito parecia bastante com ele. — Bom, quando eu tinha a idade dele, eu costumava entrar em algumas brigas contra outros alfas, mas você não fica para trás também, viu, senhora Uchiha? — Ele riu novamente e disse aquilo sobre a esposa. Ela ficou vermelha de constrangimento e vergonha depois disso.
"Espera, o quê? Isso eu não sabia. Pai já entrou em brigas assim e minha mãe também? Minha mãe? Que sempre é tão centrada e rígida com tudo isso?" Obito estava mais chocado que qualquer um.
— Isso não vem ao caso. Não misture as coisas — Ela falou para o marido.
— Mas é a verdade — Ele respondeu rindo.
Ela ficou meio envergonhada depois de ter tido seu passado revelado assim e se voltou para Obito:
— Vá para o quarto tomar banho. Depois eu continuo com o sermão — Disse e balançou a mão no ar, dizendo para ele ir. As joias nos seus dedos e as pulseiras tilintavam em um ritmo calmo.
— Sim, mãe — Obito assentiu e subiu as escadas para ir ao seu quarto.
A mãe continuou em pé no lugar com a mão na cintura e balançou a cabeça de um lado para o outro. Seus cabelos negros em estilo Chanel balançaram suavemente com isso. Ela andou até o marido e deu um tapa no braço dele por ele ter revelado o seu segredo, fazendo-o rir da cara dela.
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Deidara e Obito (ABO) - You Never Know The True Destiny - OBIDEI [EM HIATUS]
Fanfiction━─━───────── ༺༻ Obito é descendente de uma família de alfas, mais especificamente de alfas puro sangue. Como consequência, acabou por ser um alfa puro. No entanto, esse Uchiha, no auge dos seus 18 anos, não é muito fiel ao modo de pensar e ver o mun...