Consequências

Capítulo 01 - Despertar

...

- O q...o que foi isso?

Foi a primeira coisa que disse ao me levantar naquela manhã onde minha vida mudou. Meu pai sempre me disse que "o mundo não dá voltas, ele capota" e só fui entender o significado dessa frase naquele dia.

Era uma manhã comum em Celestic, uma pequena cidade na região de Sinnoh, eu estava escovando meus dentes quando ouvi meu pai me chamar.

- Hikashi, o café está pronto.

- Estou descendo! - Disse com a boca cheia de pasta, duvido que ele tenha entendido meia palavra.

Meu pai era um cientista pokémon, ele tinha como objetivo encontrar pequenas variações em cada pokémon em diferentes regiões, isso fez com que viajássemos bastante. Mas sempre consegui manter uma vida escolar decente, tirava boas notas, me dava bem com as pessoas...bem eu achava que sim, mas na verdade, eu sou o típico garoto quieto, e isso não mudou até hoje, com 15 anos, ainda não sei muito bem como me relacionar com as pessoas e...

- HIKASHI, VENHA ATÉ AQUI, DEPRESSA!

Com um susto do caralho, eu desci o mais rápido que pude e então, um choque com o noticiário matinal.

- ...Não se sabe como e porque, mas pokémon lendários tem desaparecido por todo o mundo e isso tem causado grandes consequências no ecossistema, sem Kyogre para comandar os mares e oceanos, as águas estão mais revoltas do que nunca, causando acidentes e destruição de embarcações. Um cardume de Remoraid foi encontrado as margens das praias de Mosdeep, infelizmente todos sem vida. Cientistas dizem que foi graças a ferocidade das águas que esse cardume foi arremessado na areia. Terremotos e deslizamentos próximos as montanhas de Hoenn, e acredita-se que está ligado ao desaparecimento de Groudon. Não se sabe como desapareceram e onde foram, mas as consequências estão nítidas. Eu sou Robin Scherbatsky e você está no Metro News One.

- Caralho...o que...argh! Minha cabeça!

- Filho? Está tudo bem? – disse meu pai preocupado.

- Está sim pai, acho que não dormi direito e minha cabeça está ameaçando doer. – falei sem jeito em meio a preocupação dele.

Desde que minha mãe morreu, meu pai tem se esforçado pra me dar todo amor possível. Quando eu disse que não queria sair em uma jornada aos 10 anos ele ficou surpreso, mas entendeu que era minha escolha e apenas me apoiou no que fosse possível. 5 anos após eu estou começando minha própria carreira em pesquisa pokémon, estou ajudando o Professor Rowan em seu trabalho e por 3 dias fico em Sandgem o auxiliando. Era ótimo porque o trabalho dele sobre evolução era muito interessante e era uma ótima fonte de informações.

Estava me aprontando para partir mais uma vez, quando um brilho me chama a atenção na sala. Era o ovo que encontrei à algumas semanas, estava finalmente eclodindo, quando senti uma grande energia emanando daquele ovo. Era como se o pokémon estivesse se comunicando diretamente com minha alma, e tinha um grande espírito de luta.

- Pai, acho que está nascendo!

- Vou preparar algumas coisas para quando ele nascer, você cuide dele por enquanto.

O brilho foi aumentando e por um momento eu senti que o tempo parou, e foi como um choque que tudo voltou num instante!

- Hikashi! – ouvi um chamado, mas não era uma voz conhecida – Hikashi, preste atenção, o mundo pokémon está em perigo. O tempo, o espaço, a vida, a morte e a ordem estão ameaçados – foi então que tive visões de pokémon sendo capturados e tudo estremecendo no local de captura. Ouvi gritos desesperados daqueles pokémon, mas não consegui identifica-los. Foi como se minha visão estivesse turva e então a voz regressou. – Lembre-se Hikashi, todo o mundo precisa de você!
O tempo correu novamente, e eu quase desmaiei com aquilo.

- Merda, o que foi isso? De novo esse sonho?!

Meu pai me olhou confuso enquanto entrava na sala, mas logo voltamos ao ovo que estava finalmente tomando forma.

- Ora ora, veja só que coisa mais intrigante. – disse meu pai em tom de excitação.

Fui chegando mais perto daquele pequeno ser amarelo que deu um grande bocejo e finalmente abriu os olhos e emitiu um ganido (que de certa forma foi muito fofo), e quando estava bem próximo, o segurei com um olhar doce e disse:

- Seja bem vindo ao mundo, Riolu. – e ele retribuiu com um grande sorriso.
Aquela foi a manhã mais louca e emocionante que vivi. Riolu mau tinha nascido e já demonstrava grandes habilidades. Corria pela casa e quintal como se sua vida dependesse daquilo, e eu o acompanhava para que não se machucasse. Então chegou a hora de colocá-lo em sua pokébola para que fosse comigo a Sandgem.

- Venha Riolu, temos que sair ou irei me atrasar. – mas ele claramente estava se divertindo mais do lado de fora, e era de se esperar já que era apenas um bebê. – Acho que não consigo te convencer a ficar na sua pokébola ainda, vamos esperar mais um pouco então.

Terminei de arrumar minhas coisas e peguei algumas frutas para que ele me acompanhasse. Já do lado de fora me despedi do meu pai.

- Boa viagem meu filho. – disse ele me dando um abraço e também um em Riolu – e você tome conta dele ok? Conto com você Riolu!

Com um grande sorriso ele assentiu com firmeza.

- Iterasshai! (Algo como vá e volte, estarei esperando) .

- Ittekimasu! (Algo como vou e volto) .

Enquanto caminhava até a rodoviária, aquele sonho ainda estava em minha cabeça, e eu não parava de pensar no que aquela voz me disse... – o que ele quer dizer com o tempo, o espaço, a vida, a morte estão em ameaça e dependem de mim? Porque eu? – estava pensando e Riolu pareceu preocupado.

- Não se preocupe Riolu, estou apenas com a cabeça cheia, mas vamos ter que fazer um desvio. – disse enquanto pegava meu celular para falar com o professor Rowan.

- Essa coisa está funcionando? Mas que caralhos! – o professor não se dava bem com tecnologias – alô? Hikashi?

- Oi  professor – disse segurando o riso – acho que vou me atrasar hoje, minha manhã foi agitada e talvez eu precise ir até a caverna de Celestic para uma pesquisa.

- Oh. E o que aconteceu?

Contei a ele sobre Riolu e o sonho que tive. Ele pareceu intrigado e disse:
- Bem, não é algo que acontece sempre, talvez seja melhor você pesquisar a fundo o que está acontecendo, certamente deve estar ligado as notícias dessa manhã.

Fazia sentido, afinal, não é comum que um cardume de Remoraids seja encontrado morto na praia ou que hajam deslizamentos por toda Hoenn.

- Hikashi, talvez seja melhor você vir voando, mesmo que demore mais, parece ser mais seguro, o Monte Coronet não parece estar seguro, ouvi dizer que os deslizamentos estão acontecendo por aqui também. E tome cuidado naquela caverna, me ligue caso precise de algo mais.

Desliguei o telefone e tomei o caminho normal para aquela caverna, precisava entender melhor aquilo, e se não encontrasse nada, precisaria me dirigir a biblioteca de Canalave, o que só faria em 3 dias pois tinha trabalho no laboratório, embora o professor Rowan tenha acesso a muita informação em seu laboratório, a biblioteca ainda é o melhor lugar para pesquisas grandes.
Chegando a caverna, me deparo com a avó de Cinthya, a ex-campeã de Sinnoh, admirando as pinturas dos lendários dos lagos de Sinnoh, Uxie, Mesprit e Azelf. Dou bom dia a ela e começo a observar atentamente aquela pintura. Tirei uma foto para me lembrar melhor quando precisasse de referência novamente.

Estava deixando a caverna quando senti uma forte energia me tomando. Riolu parecia gostar da energia e se sentiu confortável, mas eu ainda não entendia. Meus sentidos estavam atordoados, minha mente estava funcionando de uma forma anormal e minhas emoções pareciam aflorar de uma vez só. Foi quando me virei e vi três figuras em forma de aura na minha frente levitando no ar. Como num estalo, entendi quem eram aquelas 3 entidades, o tempo parou, minha visão escureceu, e eu fui transportado a um plano que diferia da realidade.