Eu quero usar você

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ALEC

Esse garoto porra! Num minuto está tagarelando, se recusando a fazer qualquer coisa que eu digo a ele, e no próximo ele está seguindo o programa sem reclamar.

Esfregando minha testa em uma tentativa ridícula de aliviar minha dor de cabeça, desci as escadas e corri pela rua até a pizzaria.

Enquanto esperava nossa comida, Valentim ligou.

— O que você quer que eu faça? – Eu perguntei, caminhando para fora e encostado na lateral do prédio.

Olhando para o motel decadente do outro lado da rua, acendi um cigarro. Só de olhar para ele, minha pele se arrepiou.

Eu já tinha vivido em lugares piores, mas era perto o suficiente para ressuscitar memórias de picadas de pulgas e frio congelante... todas as merdas que decidi esquecer de propósito.

— Tem certeza de que pegou o garoto certo? – ele perguntou.

Tirei o cigarro da boca e soltei uma fumaça forte.

— Você está brincando comigo? Eu nunca falhei com você.

— O pai dele não respondeu às nossas demandas.

— O pai dele é um idiota do caralho. – eu murmurei.

— Bem, vou esperar até o final da semana. Então veremos. – disse ele antes de desligar.

Eu sufoquei meu gemido ao sugar mais nicotina em meus pulmões, antes de jogar o cigarro no estacionamento com o resto do lixo.

Empurrando o telefone de volta no bolso, entrei para pegar meu pedido.

Com a comida na mão, voltei para o motel em passo de caracol.

Só mais alguns dias. Sem problemas. Além de para comer, eu manteria a boca de Magnus fechada com fita crepe e ficaríamos bem.

Quando a porta se abriu, Magnus parecia que estava dormindo. Sua cabeça estava inclinada para trás contra a cabeceira da cama, expondo a brancura suave de sua garganta. Consegui dar três passos na sala antes que ele se mexesse, piscando contra a luz repentina.

Assim que a porta foi fechada, joguei uma garrafa de água em seu colo e coloquei a pizza na cama ao lado dele antes de abrir uma das algemas.

Abrindo a caixa, peguei uma fatia para mim e enganchei a segunda cadeira da mesa. A arrastei para longe da janela e atravessei a sala, onde poderia vê-lo, a porta e a janela ao mesmo tempo.

Magnus pegou a fita em sua boca e a puxou lentamente, questionadoramente, observando enquanto eu me acomodava em minha cadeira.

Tirando a arma da parte inferior das minhas costas, não pude evitar o suspiro que escapou quando a pressão diminuiu da minha espinha.

Equilibrando a arma na minha coxa, eu dei uma mordida na pizza, perfeitamente ciente de que Magnus ainda estava me observando.

— Você pode comer. – eu disse, mastigando.

O merdinha sorriu, pegando sua própria fatia. Ele largou a comida de repente e girou a caixa, apertando os olhos para algo na tampa.

— Alec? – Sem nem mesmo pensar, levantei os olhos ao som do meu nome. Ele piscou para mim, um sorriso se espalhando por seu rosto quando ele juntou dois mais dois. – Seu nome é Alec?

Puta que pariu.

Por que aquela garota perguntou qual era o meu nome? E por que diabos eu respondi com o verdadeiro? Porque eu estava no telefone com Valentim, prestando mais atenção em sua conversa do que na adolescente batendo os cílios para mim atrás do balcão.

De Joelhos (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora