Era inevitável sentir-se nervoso.
E isso não tinha nada a ver com a saia excessivamente curta que Delacour ostentava ao seu lado enquanto o observava com uma sobrancelha levantada e olhar questionador.
Seu nervosismo atual possuía mais ligação com a miniatura enfeitiçada que se contorcia em sua mão.
"Focinho-Curto Sueco, Senhor Potter." Comentou Bagman em um misto de preocupação e confiança. "Espero que possa lidar com isso."
Falou ele em seguida, mais como uma reflexão tardia.
Essa raça não era uma das que ele havia prestado mais atenção em sua pesquisa e isso era facilmente explicável pela raridade dos acidentes com essas criaturas. Não havia muita informação disponível sobre esse dragão.
Harry não conseguiu evitar olhar com inveja para a imitação de um Verde-Gâles-Comum segurada firmemente por Fleur, que parecia satisfeita, senão aliviada, com a fera atribuída a ela.
Assim que Bagman, acompanhado por sua pequena comitiva, retirou-se da sala, os campeões enfrentaram um silêncio tenso. Krum parecia concentrado, encarando o chão com afinco, enquanto Fleur andava em círculos e lançava, ocasionalmente, olhares preocupados para sua miniatura de dragão, para Harry, para a porta que levava até a arena ou, ainda, para todos os itens em sequência.
Não demorou para que o canhão que anunciava o início das festividades, leia-se: banho de sangue, soasse; indicando que já era a hora de Harry se dirigir até o seu provável encontro com a morte. A parte da estrutura onde estavam os campeões era de rocha sólida, então era impressionante que as paredes e o chão tremessem com a animação do público.
Em meio a um suspiro que não segurou ao dirigir-se para fora da sala segura, Harry pensou ter visto um breve brilho dos impressionantes olhos azuis gelados de sua colega campeã.
"Não faça nada estúpido!"
Imaginou ter ouvido ela murmurar.
No caminho até a parte exterior, o nervosismo voltou a se apossar de seu corpo e ele considerou desistir, mas sua hesitação foi cortada ao lembrar dos dois contratos, o firmado pelo cálice e o firmado com seu mestre, que o obrigavam a fazer isso.
"Inferno!"
Lamentou em voz alta ao finalmente ver a luz.
Parecia um delírio de algum tipo.
Haviam milhares de pessoas na arena, o jovem Potter arriscava pensar que mais da metade de toda população bruxa deste lado do canal havia comparecido ao evento. O fosso irregular parecia ainda maior nesta ocasião do que no dia em que se esgueirou até ali para fazer seus preparativos e isso sem falar nas arquibancadas, que pareciam não ter fim.
Foi uma péssima hora para notar que ele não estava pensando como ele mesmo neste dia, em particular. Os nervos estavam afetando seus pensamentos e ações de uma forma que ele não pensou ser possível e a visão que o aguardava no lado norte do fosso não melhorou a situação.
Ignorando os instintos mais básicos, os seus olhos focaram e ele finalmente agiu.
"Potter está fazendo algo!" Berrou Bagman, sua voz amplificada para todo o ambiente. "Por Merlin!" Exclamou. "O que é isso?"
O choque era compreensível.
O balançar da varinha de Harry, aparentemente displicente, fez o chão da arena rachar e enormes pedregulhos levantarem do chão. A rocha serviria de material para o que ele pretendia fazer, mas era também uma precaução a mais contra as chamas azuladas do Dragão à sua frente.
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A Breaking Song
AdventureQuando a história se repete, o tempo se torna escasso e borram as linhas entre o talento e a necessidade. No meio disso, Harry luta para lembrar que suas ações têm um propósito e não são apenas frutos de sua própria tentação. No fim, o interminável...